Inventariamento e avaliação do processo de colonização de insetos (Diptera e Coleoptera) em corpos em decomposição expostos e ocluídos

  • Autor
  • Flora Mortari Ramos Fonseca Mariotti
  • Co-autores
  • Julia Everlyn Monteiro , Hiraeth Caldiron dos Santos , José Marcos Dias Ferreira Júnior , Patrícia Jacqueline Thyssen
  • Resumo
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    Por conta do hábito saprófago, muitas espécies de insetos desempenham um papel fundamental na ciclagem de nutrientes na natureza. No campo forense, informações biológicas e ecológicas daqueles pertencentes às Ordens Diptera e Coleoptera, também podem ser úteis para ajudar a estimar o intervalo pós-morte (IPM) ou evidenciar circunstâncias de negligência, maus tratos e abuso sexual. A estimativa do IPM, através dos vestígios entomológicos, tem sido baseada frequentemente no tempo de vida das espécies necrófagas. Essa metodologia denominada período de atividades dos insetos (PAI)) só pode ser aplicada para intervalos de morte em que os primeiros colonizadores estejam presentes no corpo. Após o abandono dos primeiros necrófagos, em geral as moscas para pupariar, recomenda-se obter o IPM a partir da análise da sucessão ecológica. Segundo a literatura, a sucessão da entomofauna cadavérica segue padrões esperados dentro de variações conhecidas, especialmente as climáticas. Assim, muitos estudos avaliam os padrões de sucessão para criação de banco de dados, porém e sobretudo em corpos expostos. Por essa razão, neste estudo objetivou-se inventariar a entomofauna cadavérica, ao longo do processo de decomposição, em carcaças de ratos expostas e ocluídas por tecido sintético. Carcaças de Rattus norvegicus foram acondicionadas em gaiola de metal sob as condições completamente exposta (N= 2) ou ocluída por tecido sintético (N= 2) em uma área urbana do município de Campinas, SP. Coletas ativas de adultos e imaturos de insetos, registros meteorológicos (temperatura ambiente mínima e máxima, umidade relativa do ar e precipitação acumulada) e fotográficos (para identificação dos estágios de decomposição do corpo) foram realizados diariamente. Em laboratório, os espécimes coletados foram triados e identificados até o menor nível taxonômico possível. As médias de temperatura registradas ao longo do experimento variaram de 23 a 29,1ºC, de umidade relativa do ar de 45 a 77%, com ausência de precipitação. Foram observados três estágios de decomposição nas carcaças ocluídas (fresco, gasoso e coliquativo) e apenas dois nas expostas (fresco e gasoso). Favorecido pela baixa umidade, ambas carcaças atingiram o estágio de mumificação após quatro (expostas) e seis (ocluídas) dias de exposição. Espécimes adultos foram coletados desde o primeiro dia nas carcaças expostas, e apenas após o quarto dia nas ocluídas. Foram coletados dípteros pertencentes às famílias Calliphoridae (N= 145), Sarcophagidae (N= 23), Fanniidae (N= 19), Muscidae (N= 3) e Piophilidae (N= 2); e besouros das famílias Dermestidae (N= 3) e Histeridae (N= 2). Lucilia eximia (Diptera, Calliphoridae), Peckia (Pattonella) intermutans (Diptera, Sarcophagidae) e Dermestes maculatus (Coleoptera, Dermestidae) foram as únicas espécies que se criaram nos corpos. A composição faunística não diferiu levando em conta o tipo de exposição dos corpos, embora a abundância tenha sido maior em corpos expostos. Diferindo do que tem sido reportado na literatura, alguns taxa foram atraídos ou colonizaram os corpos precocemente. Larvas de Dermestes sp., por exemplo, conhecidas por se alimentarem de cartilagem e ossos, normalmente são vistas a partir do décimo quinto dia de decomposição. Neste estudo, larvas de dermestídeos foram coletadas a partir do sétimo dia, provavelmente devido à mumificação das carcaças. O mesmo padrão pode ser visto para dípteros de Piophilidae, frequentemente, associados aos estágios mais tardios, mas no presente estudo registrados após quatro dias de decomposição. Lucilia eximia foi a espécie dominante entre a fauna colonizadora. Há cerca de duas décadas, pesquisas com carcaças não reportavam a espécie endêmica L. eximia como dominante diante da ocorrência de outros califorídeos invasores como os pertencentes ao gênero Chrysomya. Primeiramente, este estudo contribuiu para fomentar o banco de dados sobre a entomofauna cadavérica de corpos mumificados e ocluídos. Adicionalmente, chama a atenção para o fato de que em um cenário de mudanças climáticas, caracterizado por temperaturas elevadas e escassez hídrica, padrões diferenciados de colonização de insetos podem ocorrer, ocasionalmente alterando as estimativas do IPM. 

  • Palavras-chave
  • Entomologia forense, moscas, besouros, intervalo pós-morte
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