Biodiversidade de Fauna na Serapilheira de Diferentes Fitofisionomias na Serra do Japi

  • Autor
  • Pedro Gianine de Souza
  • Co-autores
  • Karina Teixeira da Silva , Horácio Lins Ganem , Beatriz Vitória Brito , Letícia Vitória Junqueira , Isabella Barbosa Cipriano da Silva , Julia Costa Ortigosa , Maria Luiza Bable Bunemer , Ariele Pereira Santos , Maria Julia Bellodi Furlan , Julia Ellen Briotto Lima , Nicolly da Vanzo , Julia Scienza Amaral
  • Resumo
  • Título: Biodiversidade de Fauna na Serapilheira de Diferentes Fitofisionomias na Serra do Japi

    Palavras-chave: Serapilheira; Espécies Invasoras; Biodiversidade; Serra do Japi; Pinus; Bambu; Nativa.

    A Serra do Japi, situada no município de Jundiaí, estado de São Paulo, representa um dos remanescentes mais significativos da Mata Atlântica, caracterizando-se por uma alta diversidade de flora e fauna. Essa heterogeneidade biológica resulta, em grande parte, do mosaico de formações vegetais presentes, que variam desde áreas mais densas, até regiões abertas com vegetação rasteira, influenciadas historicamente por atividades antrópicas como desmatamentos, queimadas e práticas agrícolas. Além disso, a diversidade de regimes climáticos que incidem sobre essa região favorece a coexistência de diferentes tipos de floresta, como as formações de Mata Atlântica e as florestas estacionais semideciduais, predominantes no Planalto Paulista. Essas últimas são sazonais e apresentam queda foliar acentuada nos períodos de frio e seca, coincidindo com o pico da produção de serapilheira, material vegetal acumulado no solo que desempenha papel crucial na ciclagem de nutrientes e manutenção da biodiversidade edáfica. Entretanto, a biodiversidade da Serra do Japi enfrenta ameaças importantes, especialmente decorrentes da introdução de espécies exóticas invasoras. Dentre essas, destacam-se o bambu e o Pinus, plantas que, ao se estabelecerem, promovem alterações significativas na estrutura e composição florística da vegetação nativa, modificam processos hidrológicos, afetam a dinâmica do solo e impactam negativamente a fauna associada. O bambu tem se proliferado de maneira descontrolada, especialmente em fragmentos florestais, substituindo a vegetação nativa e interferindo na regeneração natural. Além disso, altera a estrutura do solo e prejudica processos ecológicos importantes. De modo semelhante, o gênero Pinus, amplamente utilizado em silvicultura, possui alto potencial invasor, principalmente em ambientes tropicais e subtropicais. Seus produtos metabólicos secundários possuem efeitos que inibem o desenvolvimento de plantas vizinhas e comprometem a diversidade do ecossistema. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo mensurar e comparar a biodiversidade faunística de invertebrados presente na serapilheira de três diferentes fitofisionomias: vegetação nativa, bambuzal e Pinus; localizadas em um fragmento da Floresta Atlântica, na Base Ecológica da Serra do Japi. A hipótese proposta foi de que a serapilheira sob vegetação nativa apresentaria maior riqueza, abundância e diversidade faunística em comparação às áreas invadidas, sendo que o ambiente de Pinus, devido aos efeitos tóxicos de suas substâncias alelopáticas, apresentaria a menor biodiversidade. Para a realização do estudo, foram coletadas seis amostras de serapilheira em cada fitofisionomia, utilizando um método padronizado: após a seleção de uma primeira parcela, foram dados quinze passos para estabelecer o ponto da segunda coleta, repetindo-se o procedimento até completar as amostras. A extração foi feita manualmente, delimitando uma área padrão com auxílio de um metro de carpinteiro, sempre utilizando luvas para evitar contaminações. As amostras coletadas foram devidamente armazenadas e transportadas para o laboratório, onde se procedeu à separação, pesagem e triagem, e identificação dos organismos encontrados, organizando-os em morfoespécies para análise. P, divididas pelos pesos das amostras. Adicionalmente, foram identificadas as espécies únicas ou “singleton” de cada área, aquelas morfoespécies que ocorreram exclusivamente em uma determinada fitofisionomia (nativa: 19; Pinus: 11; Bambu: 12). Os grupos das morfoespécies observadas foram: Isopoda, Lepidoptera, Diptera, Gastropoda, Blattodea, Hymenoptera, Aranae, Entognatha, Annelida, Acari, Diplopoda, Coleoptera, Platyhelminthe, Symphyla, Opiliones, Neuroptera, Orthoptera, Chilopoda, Pseudoescorpiones.  Os resultados indicaram diferenças significativas entre as fitofisionomias analisadas. Em algumas análises, o bambuzal apresentou maior riqueza e abundância de espécies. A riqueza  de cada fisionomia respectivamente foi: Nativa: 22; Pinus: 7; Bambu: 33. Em se tratando da abundância (número de indivíduos), os dados obtidos foram: Nativa: 115; Pinus: 34 e Bambu: 193. Para esses resultados, fizemos um teste ANOVA (f= ; p=) e um teste de Tukey (não houve diferença significativa apenas entre bambuzal e mata nativa). Isso evidencia uma maior quantidade de indivíduos e morfoespécies distintas, superando a vegetação nativa nesses quesitos. A vegetação nativa revelou-se o ambiente com maior diversidade faunística. Diversidade: Nativa: 3.36 Pinus: 2.35 Bambu: 2.83. Esse resultado sugere que, embora o bambuzal apresente uma elevada abundância, a distribuição das espécies é menos equilibrada, podendo indicar uma dominância de poucas espécies adaptadas a esse ambiente alterado. Por outro lado, a área dominada por Pinus apresentou, de maneira consistente, os menores valores de riqueza, abundância e diversidade, confirmando os efeitos negativos desta espécie sobre a fauna do solo. A presença de substâncias alelopáticas nos resíduos vegetais de Pinus provavelmente explica essa redução na biodiversidade, ao criar um ambiente menos favorável ao desenvolvimento de uma fauna diversificada. As análises também mostraram que a vegetação nativa abriga a maior quantidade de morfoespécies exclusivas, ou seja, espécies que ocorrem apenas nesse ambiente, reforçando sua importância para a conservação da biodiversidade local. No conjunto das coletas realizadas (6 amostras para cada fitofisionomia), identificamos aproximadamente 82 morfoespécies, das quais a maioria foi encontrada exclusivamente ou preferencialmente na vegetação nativa. Diante desses resultados, conclui-se que a hipótese foi corroborada: a serapilheira da vegetação nativa apresenta maior diversidade faunística em comparação às áreas de vegetação exótica. Além disso, os dados ressaltam os impactos negativos que espécies invasoras, como o bambu e especialmente o Pinus, exercem sobre a biodiversidade do solo, comprometendo processos ecológicos essenciais. Por fim, os resultados destacam a necessidade de estratégias eficazes de conservação e manejo na Serra do Japi, visando conter a propagação de espécies exóticas e preservar a biodiversidade e funcionalidade dos ecossistemas nativos.

  • Palavras-chave
  • Serapilheira, Espécies Invasoras, Biodiversidade, Serra do Japi, Pinus, Bambu, Nativa.
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