EFEITO TERAPÊUTICO DA DIETA RICA EM LEUCINA SOBRE A MICROBIOTA INTESTINAL DE RATAS WISTAR PRENHES PORTADORAS DO TUMOR DE WALKER-256
Maria Fernanda Cortez Ottani, Beatriz Cassaniga Talassi, Fernanda Aparecida Marqueto, Geisiéllen Moreira da Cunha, Beatrice Candido Alves, Bianca de Fatima Pereira de Sousa, Sofia Serrano Millan da Silva, Rogério Willians dos Santos, Carla de Moraes Salgado, Leisa Lopes Aguiar, Maria Cristina Cintra Gomes Marcondes.
Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas – SP, Brasil
O câncer, isoladamente, e a gravidez, por si só, já provocam profundas alterações metabólicas e fisiológicas no organismo. Entretanto, quando coexistem, seus efeitos tornam-se ainda mais complexos, causando importantes modificações hormonais e metabólicas que podem comprometer a saúde materna e o desenvolvimento do feto. Entre os muitos sistemas afetados, a microbiota intestinal destaca-se por seu papel crucial na modulação do sistema imunológico, no metabolismo energético e na manutenção da integridade intestinal. Evidências crescentes mostram que tanto a gestação quanto o câncer promovem disbiose intestinal, agravando o quadro geral da paciente. Além disso, estudos recentes apontam que a leucina, um aminoácido essencial de cadeia ramificada, pode influenciar positivamente a composição da microbiota, promovendo a proliferação de bactérias benéficas e contribuindo para o aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta, moléculas importantes para a homeostase intestinal. Diante desse contexto, o presente estudo tem como objetivo principal investigar se a suplementação com leucina é capaz de modular favoravelmente a microbiota intestinal de ratas prenhes portadoras do tumor de Walker-256, minimizando os efeitos deletérios da associação entre gestação e câncer. Para tanto, esta sendo desenvolvido um estudo pré-clínico utilizando ratas Wistar prenhes, distribuídas em quatro grupos experimentais: controle (C), leucina (L), Walker-256 (W) e leucina + Walker-256 (WL). O tumor foi implantado por via subcutânea no flanco direito das fêmeas dos grupos W e WL no segundo dia de prenhez, utilizando-se 3x10? células viáveis em solução de 0,3 a 0,4 mL. Durante os 20 a 21 dias de gestação, foram monitorados o peso corporal, o consumo alimentar e o crescimento tumoral. Ao final do período gestacional, os animais foram eutanasiados e procederam-se as coletas dos intestinos, em porções e divididos em intestino delgado: duodeneo, jejuno e íleo, intestino grosso e fezes. As amostras serão destinadas às análises histológicas, bioquímicas e moleculares. Na histologia intestinal será realizada a avaliação de alterações morfológicas nos enterócitos e células caliciformes, com colorações de hematoxilina-eosina, ácido periódico de Schiff e nitrato de prata. A permeabilidade intestinal será avaliada pela quantificação de albumina nas fezes por ensaio colorimétrico. Para a análise do microbioma intestinal realizaremos RT-qPCR a partir do DNA extraído das fezes, utilizando primers específicos para as bactérias Lactobacillus acidophilus, Anaerostipes rhamnosivorans, Bifidobacterium longum, Enterococcus faecalis, Clostridium leptum e Coprobacillus cateniformis. Os dados serão analisados por ANOVA de dois fatores, seguidos de pós-teste de Tukey, com significância considerada para p < 0,05. Embora os resultados finais ainda estejam sendo processados, espera-se que a suplementação com leucina atue como moduladora da microbiota intestinal em ratas prenhes com tumor, promovendo equilíbrio microbiano, redução da permeabilidade intestinal e manutenção da integridade epitelial. Acredita-se que os efeitos benéficos da leucina sobre a microbiota possam ser especialmente relevantes em situações de alto estresse metabólico, como a gravidez associada ao câncer. Este estudo visa contribuir com dados relevantes para a compreensão da interação entre dieta, microbiota e câncer na gestação.
Palavras-chaves: microbiota intestinal, leucina, cancêr durante a gestação.
Financiamento: FAPESP n° 2024/20267-6 e 23/09611-4
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