Introdução: O câncer de tireoide é a neoplasia endócrina mais frequente, afetando uma população com idade média de 51 anos, principalmente do gênero feminino, a qual apresenta uma média de 3:1 mulheres para homens. Embora a maioria dos carcinomas tireoidianos sejam tratados cirurgicamente, uma fração dos casos evolui para tumores agressivos e refratários ao tratamento. Nas últimas décadas, a produção e secreção de Vesículas Extracelulares (VEs) por células normais e tumorais ganhou destaque na literatura. VEs participam de diversos processos importantes para a progressão tumoral, possibilitando a comunicação entre tumor e estroma. Além disso, constituem uma alternativa promissora no tratamento do câncer, uma vez que têm sido descritas como ferramentas de transporte para diferentes moléculas, incluindo microRNAs (miRNAs) supressores tumorais. Objetivo: Isolar e caracterizar VEs oriundas de células normais e tumorais tireoidianas e avaliar sua captação por células receptoras in vitro. Métodos: VEs foram isoladas a partir de linhagens foliculares não tumorais tireoidianas modificadas geneticamente para super-expressar individualmente miRNAs supressores tumorais miR-495-3p ou miR-485-5p, e a partir de linhagens tumorais tireoidianas TPC-1, BCPAP e KTC-2. As VEs foram isoladas por ultracentrifugação diferencial e visualizadas por microscopia eletrônica de transmissão. A concentração e distribuição de tamanho das VEs isoladas foi obtida utilizando o NTA (Nanoparticle Tracking Analysis). Western Blott foi realizado para a detecção de marcadores clássicos para VEs. A captação de miRNAs para as células tumorais e a expressão dos fatores de transcrição indutores de transição epitélio-para-mesênquima (EMT-TFs), ZEB1, ZEB2, SNAIL1, SNAIL2 e TWIST1 foram avaliadas por RT-qPCR. A migração celular foi realizada por meio de ensaio de lesão em monocamada. A proliferação foi quantificada in vitro por meio de curva de crescimento. Resultados: O isolamento permitiu bom rendimento de VEs de todas as condições experimentais. A análise de expressão confirmou o enriquecimento das VEs de células não tumorais com miRNAs supressores tumorais. Ensaios funcionais preliminares não evidenciaram alterações no padrão de migração e proliferação das linhagens normais tratadas por 72h com VEs de origem tumoral, quando comparadas à linhagem normal sem tratamento (controle) e na expressão dos genes associados a transcrição epitélio-mesenquimal. Discussão/conclusão: Os resultados obtidos mostram isolamento de VEs derivadas das células normais e tumorais, em tamanho e concentração adequadas aos próximos ensaios a serem realizados. Os resultados também mostram que VEs derivadas das linhagens modificadas apresentam uma maiores níveis de miRNAs miR-495-3p ou miR-485-5p quando comparadas as VEs da linhagem controle. Esta VEs contribuirão significativamente para o estudo do potencial de VEs como sistema de delivery de miRNAs supressores tumorais no CT. Além disso, os primeiros ensaios funcionais com VEs tumorais evidenciam que estas não exerceram influência na migração, proliferação e expressão gênica na linhagem normal tiroideana. Estes resultados contribuirão para entender a comunicação entre tumor e estroma tiroideano.
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Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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