Gabriel Gonçalves da Silva*¹, Millke Jasmine Arminini Morales², Lucas de Oliveira Mello¹, Vera Nisaka Solferini¹
¹: Departamento de Genética, Evolução, Microbiologia e Imunologia, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP; Rua Monteiro Lobato, 255, CEP 13083-862, Campinas, São Paulo, Brasil
²: Departamento de Biodiversidade, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP; Avenida 24 A, 1515, 13506-900, Rio Claro, São Paulo, Brasil
*: g249321@dac.unicamp.br
A região Neotropical, do sul do México ao norte da Argentina, é reconhecida por sua grande riqueza de espécies e por duas florestas úmidas, a Amazônia e a Mata Atlântica. Entre elas encontra-se a diagonal de formações abertas (DFA), uma extensa região que apresenta grande heterogeneidade ambiental. Ao longo da DFA brasileira, são descritos três biomas: Caatinga, Cerrado e Pantanal. Dentre muitos estudos, especialmente filogeográficos, realizados na região Neotropical, alguns táxons são mais estudados do que outros, sendo plantas e vertebrados os mais pesquisados em comparação à invertebrados. Nos invertebrados, aranhas têm poucos estudos acerca dos padrões da diversificação intra e interespecíficas. Ischnothele annulata (Araneae:Mygalomorphae) é uma espécie de tarântula amplamente distribuída nos biomas da DFA Brasileira e análises filogeográficas nesta espécie indicaram grupos genéticos geograficamente estruturados, com indicações de um processo de dispersão do Sudoeste para o Nordeste da diagonal. Neste estudo, utilizamos dados genômicos, obtidos através de Sequenciamento de Nova Geração (NGS – Next-Generation Sequencing), com uso de uma matriz de SNP (Single Nucleotide Polymorphism) identificados através da técnica Genotyping-By-Sequencing (GBS). Com esses dados, testamos a hipótese de que características ambientais influenciam a estrutura genética das populações de I. annulata usando métodos de Genética da Paisagem, que integra padrões genéticos espaciais a dados ambientais. Para isso, implementamos a modelagem de dissimilaridade generalizada (GDM), que permite analisar padrões de rotatividade na composição biológica, para testar a influência do isolamento por distância (IBD) e do isolamento por ambiente (IBE) na estruturação genética das populações de I. annulata. Ajustamos o GDM associando variáveis bioclimáticas e de altitude aos dados genéticos e geográficos da espécie e testamos três modelos: modelo completo com IBD e IBE, apenas IBD e apenas IBE. A hipótese de isolamento por ambiente (IBE) foi a mais plausível, com destaque para a variável de precipitação no trimestre mais quente (BIO18). A precipitação nos biomas da DFA brasileira inicia-se em períodos diferentes, formando um gradiente temporal e espacial de precipitação, sendo o período chuvoso importante para reprodução de I. annulata e um possível fator subjacente à estruturação genética da espécie. Esses resultados contribuem para o estudo dos processos de diversificação na DFA brasileira, permitindo também novas inferências sobre o papel das características ambientais no fluxo gênico dos organismos.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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