Plantas engenheiras: efeito da diversidade de Velloziaceae na riqueza de comunidades de plantas não rupícolas

  • Autor
  • Gabriel Vedovello
  • Co-autores
  • Vinícius Cardozo-Martins , Larissa Verona , Alessandra Bassani , Osmar Macedo Neto , Yngrid Nascimento , Rafael S. Oliveira , Natashi Pilon
  • Resumo
  •  

    Interações de facilitação têm um papel importante na montagem das comunidades biológicas, particularmente em ecossistemas extremos. Um tipo especial de facilitação se dá através de espécies que, pelas suas atividades no sistema, são capazes de alterar a composição dos substratos. Recentemente, foi demonstrado que espécies de plantas da família Velloziaceae, importante grupo representativo do Cerrado, possuem raízes especializadas que permitem a colonização e aquisição de nutrientes em substratos rochosos, podendo ocasionar alterações na rocha. No entanto, o efeito dessas raízes na montagem de comunidades de ecossistemas abertos rupestres continua desconhecida. Neste estudo, o objetivo foi investigar o papel das espécies de Velloziaceae na facilitação do estabelecimento de plantas não adaptadas (não rupícolas) a substratos rochosos nos Campos Rupestres. Hipotetizamos que o aumento da riqueza e abundância de Velloziaceae determinaria a maior riqueza de espécies não rupícolas. Para testar nossa hipótese, analisamos 33 manchas de vegetação no substrato rochoso, em um lajedo quartzítico, no Parque Estadual do Rio Preto, MG, Brasil. As diferentes manchas foram amostradas a partir da instalação aleatória de parcelas de 1 m² em áreas amostrais em três diferentes extratos de altura ao longo do lajedo. Em cada mancha, realizamos um levantamento rápido de espécies presentes para obter a riqueza. Para analisar o possível efeito de outras espécies rupícolas na comunidade, amostramos grupos de Cactaceae, Bromeliaceae, Euphorbiaceae e Bryophyta, que cresciam diretamente sobre a rocha nua. Todas as espécies foram classificadas em rupícolas ou não rupícolas; cespitosas ou de crescimento horizontal. Também classificamos as áreas em relação ao grau de intemperismo da rocha, estimando visualmente a cobertura de substrato exposto e classificando-no como areia, brita, serapilheira ou rocha. Para analisar os dados, utilizamos um modelo linear, considerando riqueza de não rupícolas como variável dependente e a riqueza e abundância de Velloziaceae e outras espécies rupícolas como independente. Na amostragem, identificamos até 12 espécies por m², encontrando no total 6 de Velloziaceae, 29 de não rupícolas e 9 de rupícolas não Velloziaceae. As Velloziaceae compreenderam as espécies dominantes, responsáveis por 80% da cobertura de plantas das parcelas. Além disso, não identificamos nenhuma espécie não rupícola na ausência de Velloziaceae. A riqueza de Velloziaceae influenciou positivamente a riqueza de espécies não rupícolas (p=0,02). Em contrapartida, a abundância não teve efeito sobre a riqueza de não rupícolas (p=0,22). Quando consideramos as estratégias de crescimento de Velloziaceae, observamos uma relação significativa entre estratégia e abundância (p=0,03), sendo que a cobertura de espécies de hábito cespitoso levaram ao aumento de uma espécie de não rupícola a cada 0,03 m² de cobertura de Velloziaceae, em comparação com Velloziaceae de crescimento horizontal (p=0,96), que não tiveram efeito sobre a riqueza de espécies não rupícolas. Não encontramos efeitos significativos do intemperismo, analisado a partir do substrato dominante (p=0,47) e do teor de areia (p=0,71), da altitude (p=0,74) ou da riqueza (p=0,28) ou abundância (p=0,52) de outros grupos rupícolas na riqueza e abundância de espécies não rupícolas. Nossos resultados destacaram o importante papel da riqueza e da arquitetura de Velloziaceae na montagem das comunidades deste ecossistema. O efeito facilitador das espécies de Velloziaceae na riqueza e abundância de espécies demonstra a necessidade e importância da conservação deste grupo, uma vez que atuam na manutenção da biodiversidade e na facilitação direta do estabelecimento e persistência de outras espécies, especialmente não adaptadas diretamente ao substrato rochoso. O entendimento de ecossistemas de campos rupestres são de especial importância, por conta de seu alto endemismo e diversidade, mas também pelas constantes ameaças, como avanço da mineração em áreas do estado de Minas Gerais. Ao esclarecer possíveis mecanismos determinantes para a estruturação de comunidades em ambientes extremos, nossa pesquisa contribui para a melhor compreensão da diversidade desses campos rupestres. Por fim, nossas descobertas fornecem uma base sólida para a compreensão mais profunda das estratégias de facilitação e montagem de comunidade em substratos rochosos, contribuindo para o conhecimento da ecologia de comunidades de campos rupestres.

  • Palavras-chave
  • Interações, Ecologia de comunidades, Cerrado
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • AMBIENTAL
Voltar
  • MOLECULAR
  • SAÚDE
  • EDUCAÇÃO
  • AMBIENTAL
  • EXTENSÃO

Comissão Organizadora

Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas. 

 

 

Em caso de dúvida, envie um email para contato@caeb.com.br