Filiação: Laboratório de Entomologia Integrativa, DBA-IB, UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil Agradecimentos: CAPES, CNPq, FAPESP (processos nº 2022/09029-0; 2023/11610-6), PPG-BA-UNICAMP
Cochliomyia hominivorax (Coquerel) (Diptera, Calliphoridae), popularmente conhecida como mosca-da-bicheira, é um parasita obrigatório de vertebrados. Sua importância médica e econômica é amplamente reconhecida, sobretudo nas regiões tropicais e subtropicais, uma vez que grandes infestações ocasionam queda na produtividade de animais de criação e levam a altos custos com tratamentos, inclusive de animais domésticos. Em casos mais severos, pode levar ao óbito tanto de animais quanto de seres humanos. Assim como para os demais insetos, fatores ambientais como temperatura e umidade têm implicações diretas sobre seu desenvolvimento, podendo modular sua taxa de sobrevivência, dinâmicas populacionais, sua distribuição e impacto epidemiológico. Portanto, a intensificação das alterações climáticas na última década, evidenciadas principalmente pelo aumento das temperaturas médias globais, podem modificar os padrões observados atualmente para a espécie. Pesquisas na literatura têm indicado que temperaturas extremamente elevadas, acima dos limites fisiológicos conhecidos para os insetos em geral, afetam significativamente o tempo de desenvolvimento intrapuparial, fertilidade e fecundação em adultos de C. hominivorax. No entanto, pouco tem sido investigado em relação aos processos fisiológicos de suas formas imaturas. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar a taxa de desenvolvimento e sobrevivência de C. hominivorax sob temperaturas elevadas de 35 a 45ºC. Ovos foram obtidos de criações previamente estabelecidas em laboratório e mantidas sob condições controladas (30±1ºC, 70±10% UR, 12 h de fotoperíodo). Testes em triplicata foram realizados colocando os ovos (N= 500/recipiente) sobre uma dieta composta de carne bovina moída fresca acrescida de sangue diluído em água filtrada (1:6). Câmaras climáticas foram ajustadas para as temperaturas de 35, 37,5, 40, 42,5 e 45±2ºC, umidade relativa de 40±10% UR e 12h de fotoperíodo. Cada temperatura representou um grupo experimental. As triplicatas foram acondicionadas em seus respectivos equipamentos. Foram avaliados o tempo de incubação e a taxa de sobrevivência de larvas recém-eclodidas. Para avaliar o desenvolvimento pós-eclosão, larvas foram coletadas a cada 12h até o estágio de pupa tendo sido aferidos, posteriormente, o comprimento e massa corporal individuais. A taxa de sobrevivência foi calculada com base no número de adultos emergidos. Os intervalos de incubação e de larva recém-eclodida a pupa foram de, respectivamente: 12h e 168h a 35ºC; 11h e 120h a 37,52ºC; 10,5h e 144h a 40ºC. A 42,5ºC o tempo de incubação foi de 9,5h e embora aproximadamente 10% das larvas tenham alcançado 120h de desenvolvimento, nenhuma empupou. A 45ºC nenhuma larva eclodiu. Adultos (83,3%) emergiram apenas a 35ºC. Nas demais temperaturas, como 37,5 e 40ºC, 75% e 7% das larvas empuparam, porém não foram registradas emergências. Quanto à massa e comprimento larval, mais de 80% atingiram 60 mg e 12 mm, respectivamente, considerados os índices mínimos para que as larvas passem para a fase de pupa. Visando compreender as exigências térmicas do estágio de pupa, estudos na literatura indicam que as temperaturas ótimas de desenvolvimento e sobrevivência de C. hominivorax se encontram entre 20 e 30ºC, condições térmicas que são registradas frequentemente no solo onde dípteros muscóides normalmente empupam. A partir dos resultados obtidos neste estudo foi possível verificar que a faixa de 35ºC poderia ser incluída dentro dos limites ótimos de desenvolvimento. Quanto às demais temperaturas, comprovou-se o efeito deletério das temperaturas extremas sobre o desenvolvimento de C. hominivorax.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
Em caso de dúvida, envie um email para contato@caeb.com.br
Ferramenta completa de submissão, avaliação e publicação de anais para eventos científicos.
