A proteína HBXIP é uma subunidade do complexo Ragulator, um pentâmero proteico envolvido na regulação da via de sinalização mTORC1, que é essencial para a regulação do metabolismo celular em resposta a nutrientes. Anteriormente à sua caracterização como parte desse complexo, a HBXIP já havia sido descrita como parceira de interação da proteína HBx do vírus da Hepatite B (HBV, da família Hepadnaviridae). A infecção por vírus da família Hepadnaviridae afeta sobretudo os tecidos hepáticos de primatas, roedores e outros mamíferos, com a HBx apresentando comprovado papel no sucesso da infecção. A HBXIP possui variantes caracterizadas por diferenças na sequência da região N-terminal de cada isoforma. Dentre elas, destacam-se a isoforma de 91 aminoácidos e uma isoforma longa de 173 aminoácidos, caracterizada pela adição de uma sequência de 82 aminoácidos na região N-terminal. Enquanto ambos primatas e roedores (espécies suscetíveis à infecção por Hepadnaviridae) apresentam a isoforma longa, esta não está presente em lagomorfos, nos quais não há infecção documentada por Hepadnaviridae. Diante dessas evidências, foi levantada a hipótese de que a isoforma longa teria surgido em um ancestral comum de Euarchontoglires (primatas, lagomorfos e roedores) a partir do surgimento de um sítio de iniciação alternativo e foi mantida e refinada ao longo de sua história evolutiva devido a sua capacidade de inibir a ação da HBx. No entanto, essa isoforma teria sido perdida em lagomorfos em função da falta de uma pressão seletiva exercida pela interação patógeno-hospedeiro. A fim de verificar a existência de pressão seletiva positiva na região N-terminal da isoforma longa, será determinada a razão de substituições não sinônimas por substituições sinônimas (dN/dS) ao longo da sequência codificante da isoforma longa a partir do método de máxima verossimilhança com o programa PAML. Um dN/dS > 1 permite inferir que a proteína está sofrendo uma pressão seletiva diversificadora, como esperado em relações patógeno-hospedeiro. A confirmação da existência de pressão seletiva positiva foi realizada anteriormente por nosso grupo com as sequências de 22 espécies de primatas. No entanto, com a publicação de 233 novos genomas de primatas em 2023, esse projeto se propõe a realizar novamente a reconstrução da história evolutiva das duas isoformas não apenas em primatas, mas em toda superordem Euarchontoglires. Análises iniciais realizadas neste projeto mostram que a região N-terminal da isoforma longa está completamente contida em um único exon em todas as espécies da amostra, o que sustenta a hipótese de surgimento anteriormente descrita. Busca por ortólogos via homologia permitiu identificar espécies com uma, duas, três e quatro cópias do gene LAMTOR5/HBXIP. Espera-se que os resultados obtidos permitam a elucidação dos mecanismos de evolução molecular atuantes na interface patógeno-hospedeiro.
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Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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