Museu de Diversidade Biológica (MDBio)
As coleções científicas zoológicas desempenham um papel essencial para o conhecimento da biodiversidade, especialmente importante no atual contexto de crise ambiental, em que a degradação dos ecossistemas, a perda acelerada de espécies e as mudanças climáticas ameaçam profundamente os ambientes naturais. Esses acervos atuam como testemunhos materiais da diversidade biológica, registrando informações fundamentais sobre espécies, populações e seus ambientes ao longo do tempo. A partir desses registros, torna-se possível compreender a distribuição geográfica, variação morfológica, história evolutiva e padrões ecológicos das espécies, além de fornecer subsídios valiosos para ações de conservação, manejo e formulação de políticas públicas. O Museu de Diversidade Biológica (MDBio) do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (ZUEC) vem desenvolvendo trabalhos de grande relevância na catalogação, preservação e disponibilização de informações sobre a fauna e flora. Atualmente o museu conta com duas áreas: Zoologia (ZUEC) e Botânica (UEC). O acervo científico zoológico (MDBio - ZUEC) salvaguarda cerca de 1 milhão de exemplares tombados, sendo mais da metade composta por invertebrados marinhos, incluindo moluscos, anelídeos e equinodermos. O processo de curadoria das coleções envolve desde a triagem, organização e acondicionamento adequado dos espécimes para garantir sua preservação, até a identificação, tombamento e digitalização das informações para que possam ser disponibilizadas em bases de dados acessíveis à comunidade. Essas atividades não apenas garantem a preservação física dos animais, mas também ampliam as possibilidades de pesquisa e colaboração internacional. As coleções do MDBio-ZUEC estão integradas a plataformas de dados abertos, como o sistema SpeciesLink do Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) e o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), permitindo que pesquisadores de todo o mundo acessem os dados dos exemplares tombados. Isso não apenas estimula a pesquisa colaborativa, mas também fortalece as bases para o monitoramento da biodiversidade e a avaliação de mudanças nos ecossistemas ao longo do tempo. Em um cenário global de acelerada perda de biodiversidade, marcado pela degradação dos habitats, poluição, acidificação dos oceanos, pesca predatória e impactos das mudanças climáticas, as coleções científicas tornam-se ainda mais essenciais. Elas fornecem registros históricos que permitem comparar a distribuição, a abundância e as características das espécies no passado e no presente, funcionando como instrumentos vitais para compreender os impactos ambientais e orientar medidas de mitigação e conservação. Os dados provenientes das coleções são fundamentais para avaliar o estado de conservação de espécies, identificar áreas prioritárias para proteção e subsidiar programas de restauração ecológica. Além disso, os acervos possibilitam a descrição de novas espécies, o esclarecimento de relações taxonômicas controversas e o monitoramento de espécies invasoras, contribuindo diretamente para a manutenção da integridade dos ecossistemas. Apesar dos avanços significativos na ampliação e modernização das coleções biológicas, persiste o desafio da manutenção contínua desses acervos, que exige investimentos constantes em infraestrutura, capacitação de pessoal, tecnologias de conservação e digitalização. O volume de material biológico que ainda aguarda catalogação é expressivo, o que evidencia tanto o enorme potencial de descobertas quanto a necessidade de fortalecer o apoio institucional e financeiro a essas iniciativas. Portanto, as coleções científicas se consolidam não apenas como depósitos de espécimes, mas como verdadeiros centros de geração de conhecimento, essenciais para enfrentar os desafios impostos pela crise da biodiversidade. Elas desempenham um papel estratégico na articulação entre ciência, educação e conservação, fornecendo dados robustos e confiáveis que orientam ações de gestão ambiental e políticas públicas voltadas para a sustentabilidade dos recursos naturais.
Proc. FAPESP n° 2018/10313-0
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
Em caso de dúvida, envie um email para contato@caeb.com.br