Como a presença de teias de aranha influencia na biodiversidade de invertebrados em bromélias?

  • Autor
  • Alanís Castellano Pascolato
  • Co-autores
  • Lucas Alves Pires de Oliveira , Beatriz Amancio de Almada , Jonatas Souza Amaral , Eduardo C. B. M de França , Lucas Silva Baticioto , Luighi Macedo Pessuto , Jessie Pereira dos Santos
  • Resumo
  • Os sistemas costeiros do Brasil apresentam uma biodiversidade incomparável, muitos

    ecólogos e pesquisadores se dedicam ao longo de suas vidas a estudar como a vida se dá

    e se adapta, e as interações entre os organismos nessas localidades. Os manguezais,

    biomas de transição entre o mar e a terra, cobrem cerca de 13.763 km², do litoral do Amapá

    à Santa Catarina, onde as baixas temperaturas formam barreiras importantes ao seu

    desenvolvimento (SCHAEFFER-NOVELLI et al., 1990; KJERFVE; LACERDA, 1993). Esses

    habitats são ricos em matéria orgânica e considerados berçários da vida marinha sustentam

    diversas espécies de plantas que se adaptaram às suas condições, dentre elas se

    destacam as da família Rhizophora e as bromélias, plantas de folhas largas e de tamanho

    muito variado. As plantas da família Bromeliaceae possuem uma estrutura capaz de

    formar bacias de água doce em seu interior que, por sua vez, acumulam detritos orgânicos

    e sustentam uma complexa comunidade de organismos que dependem diretamente desses

    micro-habitats para prosperarem. Enquanto alguns invertebrados como mosquitos em fase

    larval e ninfas de libélulas utilizam dessas condições durante uma etapa do seu ciclo

    ontogenético, outros como oligoquetas e ostracodos passam sua vida inteira vivendo nas

    cisternas formadas por bromélias (Montero et al. 2010, Pinto & Jocqué 2013). Algo a ser

    ressaltado é que não apenas as bacias de água doce no interior das bromélias servem

    como recurso, mas também a própria planta, pode abrigar diferentes espécies de aranhas

    como as da família Tetragnathidae, Araneidae, Salticidae e Ctenidae, que se beneficiam

    diretamente dessas condições para sucesso predatório e influenciam diretamente na

    abundância de invertebrados nesses micro-habitats. Durante a excursão em Ubatuba da

    disciplina de Introdução à Ecologia (BE180), houve a oportunidade de observar diversos

    grupos de bromélias espalhados por uma área de manguezal. Alguns espécimes

    apresentaram teias de aranhas Tetragnathidae dispostas de maneira que cobriam toda a

    parte superior da região que acumulava mais água doce da chuva, enquanto outras não.

    Logo, foi possível notar que as plantas com teias possuíam menor quantidade de larvas de

    mosquito em seu interior, já as que não tinham, contavam com uma grande abundância de

    invertebrados. Ao todo, 6 grupos de bromélias foram analisados, e houve a coleta da bacia

    de água de 14 pares de bromélias. A escolha dos pares seguia os seguintes critérios: as

    plantas deveriam estar uma ao lado da outra, inclinadas no mesmo ângulo, e os pares

    deveriam ser compostos por uma bromélia com teia e outra sem. Assim, foi coletada água

    dos pares selecionados, e usando uma pipeta, com os potes devidamente identificados, foi

    depositada a água coletada, separando aquela proveniente das bromélias com e sem teia,

    respectivamente. Em seguida, foram analisados os conteúdos dos pares de potes utilizando

    lupas, lanternas e microscópio a fim de quantificar os invertebrados presentes.Durante a

    identificação dos invertebrados, sua abundância foi contada e identificada na planilha

    correspondente. Após a análise e contagem da diversidade de espécimes existentes na

    amostra de bromélias com e sem teia, foi encontrada uma quantidade de invertebrados

    maior em grande parte das bromélias sem teia (448) em comparação com aquelas que

    possuíam teia de aranha presente em seus reservatórios de água doce (248). Nessa lógica,

    graficamente, a abundância de invertebrados em bromélias com teia forma uma linha

    decrescente. Em contraponto, o gráfico de bromélias sem teia resulta em uma crescente.

    Além disso, foi observado uma relação entre o número de larvas de artrópodes com outros

    invertebrados do meio (Copepoda, Nematódeos, Moluscos, Crustáceos, Platelmintos e

    Artrópodes) no qual, em ambientes com predominância de larvas que coexistiam com

    outros seres, havia menor número de espécies e indivíduos dispersos. Dessa forma,

    pode-se inferir que possivelmente existe uma relação ecológica predatória ou competitiva

    entre as larvas com outros invertebrados com uma abordagem inversamente proporcional entre quantidade larval observada (crescente em meios predominantes) e invertebrados

    (decrescente). Após análise dos dados obtidos e discussão, a hipótese inicial de que a

    presença de teia influencia a abundância de invertebrados nas bromélias não foi refutada

    devido a maior presença absoluta de invertebrados em bromélias sem teia em relação às

    bromélias com teia. A partir dos dados coletados e estatísticas, é possível definir apenas

    uma tendência de que a hipótese inicial está condizente à situação experimental. Ademais,

    surge uma nova hipótese referente à presença de larvas de Diptera e sua relação com a

    presença de outras espécies de invertebrados no tanque das bromélias; é suposto que a

    maior presença dessas larvas implica em uma menor abundância de meso invertebrados

    devido a predação desses pelas larvas. A partir desses resultados, conclui-se que há uma

    cascata trófica notada no microcosmo do tanque das bromélias devido a presença de teias

    de aranhas Tetragnathidae que tem impacto negativo na população de larvas de Diptera, o

    que promove singelo impacto positivo na população relativa de outros invertebrados como

    Nematóides, Copépodes, Platelmintos e Moluscos (PICCOLI, Gustavo Cauê de Oliveira.

    Um predador generalista na fronteira entre ecossistemas: interações tróficas e os processos

    ecossistêmicos bromelícolas. 2015. 155 f.).

  • Palavras-chave
  • Diversidade; Ecologia; Bromélia; Relação Ecológica; Aranhas; Teias
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