Efeitos da aplicação de Hidrolisado de Proteína de Larva de mosca soldado-negro em plantas de Milho e Feijão

  • Autor
  • Henrique Rodolfo Nogueira
  • Co-autores
  • Collei Marques Freire
  • Resumo
  • Introdução
    O uso de bioestimulantes vem ganhando destaque como ferramenta promissora para aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável, contribuindo para a resiliência das culturas frente a estresses abióticos e melhorando processos fisiológicos, como o acúmulo de biomassa e a eficiência fotossintética. O milho (Zea mays) e o feijão (Phaseolus vulgaris) são culturas de grande relevância socioeconômica no Brasil e no mundo, sendo componentes essenciais da alimentação e do agronegócio. Avaliar como diferentes modos de aplicação de bioestimulantes impactam a fisiologia dessas espécies pode contribuir para o manejo mais eficiente desses insumos e para a melhoria dos sistemas de produção.

    Objetivo
    Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito da aplicação de um bioestimulante a base de hidrolisado de proteína de larvas de mosca soldado-negro: via foliar ou via solo, no desempenho de plantas de Zea mays e de Phaseolus vulgaris, com ênfase na resposta no acúmulo de biomassa, no conteúdo de pigmentos foliares e em parâmetros da morfologia do sistema radicular, a fim de identificar estratégias de aplicação mais eficazes para o desenvolvimento vegetal.

    Metodologia
    Foram realizados dois experimentos, um  com milho e outro com feijão, em condições de casa de vegetação, com delineamento experimental totalmente casualizado. Os experimentos foram realizados de forma simultânea. Os tratamentos consistiram na aplicação do hidrolisado de proteína (HP) via foliar (HP Foliar), via solo (HP Solo) e sem aplicação do HP (Controle). No caso do experimento com Zea mays cada tratamento teve 20 repetições e no experimento com Phaseolus vulgaris, 12 repetições. Na semeadura foram colocadas três sementes por vaso e após a germinação foram desbastadas deixando uma planta por vaso. A aplicação do HP via foliar ocorreu em três momentos: 8º, 12º e 18º dias após a germinação, a aplicação via solo foi realizada diretamente no substrato logo após a semeadura e cinco dias após a primeira aplicação. As plantas foram cultivadas por 34 dias após a semeadura, em vasos de 3 L contendo vermiculita como substrato e a irrigação foi realizada com solução nutritiva de Hoagland de duas a três vezes por semana e com água quando necessário. 

    A avaliação dos pigmentos foliares foi realizada nas folhas jovens completamente expandidas com lígula aparente, no caso do milho, e do trifólio central da folhas mais nova completamente expandida, no caso do feijão, no 28º dia após a germinação, utilizando o equipamento Dualex, obtendo-se dados de clorofila, flavonoides, antocianinas e índice de balanço de nitrogênio (NBI). Na colheita, a parte aérea foi separada da raiz, e seca em estufa a 60?°C para determinação da biomassa seca. As raízes de plantas de cinco repetições foram secas para determinação da biomassa radicular e de outras cinco preservadas em álcool 50% para análise morfológica no software WinRhizo. Os dados foram submetidos a análise da variância (ANOVA), para comparação das médias foi utilizado o teste de Tukey (p ? 0,05).

    Resultados
    Em plantas de Zea mays, a aplicação de HP via solo foi o tratamento que resultou no maior acúmulo de biomassa da raiz. A biomassa da raiz de plantas com aplicação de HP via solo foi aproximadamente o dobro daquela observada em plantas controle sem aplicação de HP. A produção de biomassa da parte aérea em plantas que receberam o HP via Solo também foi maior do que em outros tratamentos, com em média 93% maior de biomassa do que plantas que receberam o  HP via foliar e 201% maior do que plantas do controle. A razão entre parte aérea e raiz (PA/R), foi sempre maior do que 1 e indicou um maior investimento na parte aérea pelas plantas que receberam o HP via solo, enquanto HP Foliar e controle apresentaram proporções mais próximas, com cerca de 6% de maior peso na parte aérea.

    Quanto ao NBI (indicador do status de nitrogênio na planta, plantas com aplicação de HP Foliar obtiveram os maiores valores, seguidos de plantas controle  e de plantas que receberam o HP via Solo.

    Nas análises morfológicas de raiz, o comprimento de raiz foi maior em plantas com aplicação de HP via solo do que em plantas de outros tratamentos. Essa mesma tendência foi observada na área superficial e no volume das raízes.

    Em Phaseolus vulgaris, a aplicação de HP Solo também promoveu os melhores resultados de biomassa, com 2,6?g de parte aérea e 0,74?g de raiz, diferindo estatisticamente dos outros grupos. HP Foliar (1,56?g PA; 0,49?g R) e controle (1,51?g PA; 0,47?g R) apresentaram valores próximos, sem diferença significativa entre si. A relação PA/R foi semelhante entre os três grupos, indicando um investimento cerca de 240% maior na parte aérea em relação à raiz.

    Nos pigmentos, o conteúdo foliar de clorofila foi maior nas plantas que receberam HP, com destaque para a aplicação via solo. O conteúdo de flavonois foi também maior em plantas que receberam HP via solo, seguido de plantas do controle, com plantas que receberam o HP via foliar apresentando os menores conteúdos. Para o conteúdo de antocianinas foliares, a aplicação de HP via foliar resultou nos maiores valores, com plantas com aplicação do HP via solo apresentando os menores teores.

    A aplicação do HP via solo promoveu alterações significativas nas variáveis relacionadas com morfologia do sistema radicular, com maiores valores para todas as variáveis analisadas: volume, área superficial, diâmetro médio e comprimento de raiz.

     

    Conclusão
    O experimento mostrou que a aplicação de HP via solo  promoveu o acúmulo de biomassa em plantas de Zea mays e Phaseolus vulgaris, com destaque para o aumento da biomassa e a melhoria das características morfológicas das raízes. A aplicação foliar, embora com efeitos menos expressivos sobre a produção de biomassa, influenciou o índice de balanço de nitrogênio em Zea mays e os teores de antocianinas nas folhas de Phaseolus vulgaris, indicando modulação de vias metabólicas específicas. Esses resultados reforçam o potencial do uso de bioestimulantes como estratégia para o incremento do desempenho fisiológico de plantas de interesse agrícola, sendo a via de aplicação um fator determinante para os efeitos observados.

  • Palavras-chave
  • bioestimulante, clorofila, crescimento radicular
  • Modalidade
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Comissão Organizadora

Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas. 

 

 

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