Introdução: A paralisia cerebral é a deficiência motora relacionada a danos neurológicos permanentes infligidos no período perinatal. Crianças e jovens com esta enfermidade têm condições de saúde significativamente piores e maior risco de infecção e transmissão de COVID-19. Os coronavírus (CoVs) em geral exibem propriedades neurotrópicas e, desse modo, podem piorar o prognóstico de afecções neurológicas como doenças cerebrovasculares, sintomas musculares e esqueléticos. Objetivo: Analisar a variação de morbidade hospitalar da paralisia cerebral na Região Nordeste no período pré-pandêmico e pandêmico. Material e Métodos: Trata-se de um estudo ecológico de série temporal que estimou a taxa de morbidade da paralisia cerebral utilizando dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIA/SUS). Os dados foram obtidos a partir da Plataforma Tabnet (DATASUS), segundo as variáveis de idade, sexo, cor/raça, comparando-se tais achados no período pré-pandêmico e pandêmico. Resultados: Foram registrados no período 3.722 internações e 16 óbitos, sendo 46,7% e 43,8%, respectivamente desses referentes aos anos de 2020 a 2022. Nos períodos comparados, as crianças do sexo masculino, com a faixa etária entre 5-9 anos e da cor/raça preta e parda apresentaram maior incidência de internações hospitalares. As variáveis sexo e idade referentes aos óbitos foram semelhantes no paralelo estabelecido entre os dois cenários temporais e na análise cor/raça, 1/3 dos óbitos de brancos foram registrados no período da pandemia, sem nenhum registro nos anos anteriores analisados. Conclusão: Os menores números de internações e óbitos por paralisia cerebral observados podem ser subnotificações ocorridas durante os anos de 2020 e 2022, consequente da atenção empenhada aos casos de COVID-19. Em contraposição, a literatura aponta que houve uma piora significativa no estado funcional e da dor das crianças que ficaram em casa durante o período de distanciamento social, por conta da menor regularidade da realização de cirurgias ortopédicas, fisioterapia e injeções de toxina botulínica em centros de reabilitação, cujas atividades foram reduzidas. Considerando a escassez de estudos epidemiológicos que retratem a prevalência da condição na região Nordeste, há a necessidade de mais estudos que investiguem e aprofundem a respeito das associações entre as diferentes variáveis do evento relatado.
Comissão Organizadora
Comissão Avaliadora:
- Isis Nunes Veiga
- Viviana Nilla Olavarria Gallazzi
- Barbara Maria Santos Caldeira
- Kiyoshi Ferreira Fukutani
- Renato Guizzo
- Misa Cadide Duarte
- Everton Tenorio De Souza
- Jorgas Marques Rodrigues
- Thiago Barbosa Vivas
- Vanessa Serva Vazquez
- José Tadeu Raynal Rocha Filho
- Luis Filipe Daneu Fernandes
- Marta Sobral Ferreira
- Taíse Peneluc Menezes
- José Cupertino Nogueira Neto
- Amanda Catariny De Oliveira Silva
- Edvana dos Santos Ferreira
- Michelle Castro Montoya Flores
- Tiago Landim d'Avila
- Julie Alvina Guss Patricio
- Soraya Fernanda Cerqueira Motta
- Naiara Moreira Pimentel
- Janete Braga Vilas Boas
- Michel Pordeus Ribeiro
- Valquiria Lima Cavalcanti
Comissão Científica
- Anédia Dourado
- Nathan Keneitsi de Souza Ogochi
- Vanessa Serva Vazquez
- Thiago Barbosa Vivas
- Barbara Maria Santos Caldeira