Introdução. A esquistossomose ainda figura como grave problema de saúde pública na Bahia, o qual o controle efetivo da prevalência e incidência é diretamente dependente da universalização da atenção primária e do fortalecimento das políticas públicas de testagem, diagnóstico e tratamento da doença. Objetivo. Realizar estudo crítico sobre índices epidemiológicos de testagem, diagnóstico e tratamento da esquistossomose na Bahia. Metodologia. Estudo de caráter ecológico com dados do PCE/DATASUS sobre o panorama da esquistossomose nas macrorregiões da Bahia, entre 2008 e 2021. Usou-se o VassarStats (Vassar College, USA) para análise estatística, considerando p<0,05 significativo. Resultados. No período analisado, 3.234.416 testes foram feitos para diagnóstico da esquistossomose na Bahia, com taxa de positividade geral de 29:1000 testes. Dentre as macrorregiões, o Nordeste baiano computou maior cifra de testagem (26,5%) e a maior média anual de testes realizados (61.286/ano). A macrorregião Sul apresentou a maior taxa mediana de positividade (42:1000 testes; p<0,05), e, apesar de ainda superior, as únicas medianas que não demonstraram diferença estatística foram as do Nordeste (36:1000 testes; p=0,3) e Leste (31:1000 testes; p=0,08). A taxa geral bruta de tratamento foi 816 pacientes tratados a cada 1000 pacientes positivos. Apesar do Leste ter apresentado o maior número bruto de exames positivos (19.683; 20,4%), o Extremo-Sul foi o único a apresentar 100% do número bruto de pacientes positivos tratados e a maior taxa mediana de tratamento (975:1000 pacientes diagnosticados por ano). O Nordeste, apesar de computar maior número de testagem, apresentou a menor taxa mediana de tratamento (773:1000 pacientes diagnosticados por ano). Dados sobre cura, disponíveis até o ano de 2017, evidenciaram que a taxa mediana de cura da população geral foi 50 curados a cada 1000 tratados por ano. O Oeste baiano computou a maior taxa mediana de cura (240:1000 tratados) e o Centro-Oeste, a menor (17:1000 tratados). Apesar do Extremo-Sul ter tratado 100% dos diagnosticados, a mediana de cura da macrorregião foi 74:1000 pacientes tratados por ano. Conclusão. Nossos achados evidenciaram intensa heterogeneidade na testagem, diagnóstico e tratamento da esquistossomose entre as macrorregiões da Bahia, o que pode refletir severas iniquidades na estrutura da saúde pública dentro do próprio estado e comprometer a eficácia dos programas de controle e manejo dessa infecção na Bahia.
Comissão Organizadora
Comissão Avaliadora:
- Isis Nunes Veiga
- Viviana Nilla Olavarria Gallazzi
- Barbara Maria Santos Caldeira
- Kiyoshi Ferreira Fukutani
- Renato Guizzo
- Misa Cadide Duarte
- Everton Tenorio De Souza
- Jorgas Marques Rodrigues
- Thiago Barbosa Vivas
- Vanessa Serva Vazquez
- José Tadeu Raynal Rocha Filho
- Luis Filipe Daneu Fernandes
- Marta Sobral Ferreira
- Taíse Peneluc Menezes
- José Cupertino Nogueira Neto
- Amanda Catariny De Oliveira Silva
- Edvana dos Santos Ferreira
- Michelle Castro Montoya Flores
- Tiago Landim d'Avila
- Julie Alvina Guss Patricio
- Soraya Fernanda Cerqueira Motta
- Naiara Moreira Pimentel
- Janete Braga Vilas Boas
- Michel Pordeus Ribeiro
- Valquiria Lima Cavalcanti
Comissão Científica
- Anédia Dourado
- Nathan Keneitsi de Souza Ogochi
- Vanessa Serva Vazquez
- Thiago Barbosa Vivas
- Barbara Maria Santos Caldeira