Introdução. A vacina BCG constitui crucial medida de proteção contra formas graves da tuberculose pulmonar (TB). Levantamentos epidemiológicos vêm demonstrando quedas significativas da cobertura vacinal da BCG a partir da segunda década do século XXI no Brasil, o que pode alertar para possíveis aumentos nas hospitalizações pediátricas por essa etiologia. Objetivo. Investigar a morbimortalidade hospitalar da tuberculose pulmonar em crianças brasileiras de 0 a 14 anos. Métodos. Estudo epidemiológico, de caráter ecológico, com dados elencados a partir do SIH/DATASUS por meio do código CID-10 A.15 da tuberculose pulmonar, entre 2015 e 2019. Foi utilizado o VassarStats - Statistical Analysis (Vassar College, USA) para análise estatística, considerando p<0,05 significativo. Resultados. De 2015 a 2019, ocorreram 1.342 internações de crianças entre 0 a 14 anos por TB, das quais a maior parcela (35,4%) pertencia a faixa etária de 10-14 anos. A média de internações/ano nesse grupo (95±10,7) foi significativamente superior aos menores de 1 ano (51±16,5; p<0,05), às crianças entre 1-4 anos (70±7,05; p<0,05) e 5-9 anos (52±3,3; p<0,05), contudo tendência de incremento no número de hospitalizações foi observada entre crianças 5-9 anos (r²=0,75; p<0,05), com crescimento médio de 7,8%/ano no período estudado. Crianças pardas computaram a maior média de internações/ano (108±12,3) comparadas às brancas (43±15,4; p<0,05), indígenas (8±3,6; p<0,05) e pretas (7±2,5; p<0,05). Não houve diferença em hospitalizações entre gênero. Vinte e dois óbitos foram computados no período, dos quais 40,9% ocorreram em menores de 1 ano. Esse grupo apresentou taxa de mortalidade hospitalar (TMH) média (38,7/1.000 internamentos) significativamente superior ao grupo 1-4 anos (8,5/1.000 internamentos; p<0,05) e 10-14 anos (8,3/1.000 internamentos; p<0,05), mas não ao grupo 5-9 anos (22,5/1.000 internamentos; p=0,3). Não houve diferença da TMH entre gêneros ou grupos étnicos. Conclusão. Nossos resultados demonstraram que, embora crianças menores de 1 ano apresentarem consideravelmente maior média de internações/ano e maior TMH média, a tendência de crescimento em hospitalizações foi identificada no grupo etário de 5-9 anos, sendo que este não apresentou diferença significativa de TMH média em comparação à menores de 1 ano. Infantes de cor parda obtiveram maior média de internações/ano, entretanto tal situação não é equivalente quando analisadas as diferenças entre as etnias em relação aos óbitos.
Comissão Organizadora
Comissão Avaliadora:
- Isis Nunes Veiga
- Viviana Nilla Olavarria Gallazzi
- Barbara Maria Santos Caldeira
- Kiyoshi Ferreira Fukutani
- Renato Guizzo
- Misa Cadide Duarte
- Everton Tenorio De Souza
- Jorgas Marques Rodrigues
- Thiago Barbosa Vivas
- Vanessa Serva Vazquez
- José Tadeu Raynal Rocha Filho
- Luis Filipe Daneu Fernandes
- Marta Sobral Ferreira
- Taíse Peneluc Menezes
- José Cupertino Nogueira Neto
- Amanda Catariny De Oliveira Silva
- Edvana dos Santos Ferreira
- Michelle Castro Montoya Flores
- Tiago Landim d'Avila
- Julie Alvina Guss Patricio
- Soraya Fernanda Cerqueira Motta
- Naiara Moreira Pimentel
- Janete Braga Vilas Boas
- Michel Pordeus Ribeiro
- Valquiria Lima Cavalcanti
Comissão Científica
- Anédia Dourado
- Nathan Keneitsi de Souza Ogochi
- Vanessa Serva Vazquez
- Thiago Barbosa Vivas
- Barbara Maria Santos Caldeira