A ANTROPOLOGIA FRANKLIANA APLICADA NO MBA EM GESTÃO DE PESSOAS

A ANTROPOLOGIA FRANKLIANA APLICADA NO MBA EM GESTÃO DE PESSOAS

• Autor
• Márcia Fernanda Moreno dos Santos Ferreira
• Resumo

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  A ANTROPOLOGIA FRANKLIANA APLICADA NO MBA EM GESTÃO DE PESSOAS

  INTRODUÇÃO

  No contexto organizacional atual, marcado por inovações tecnológicas, fragilidade nas relações interpessoais e pressão crescente por desempenho, destaca-se a necessidade de modelos de gestão de pessoas que transcendam a dimensão técnico-operacional. Nesse cenário, a Antropologia Frankliana, fundamentada na Logoterapia e Análise Existencial (LAE) de Viktor Frankl, oferece bases teóricas e práticas relevantes para reumanizar os ambientes de trabalho e restaurar o sentido nas atividades profissionais.

  A LAE concebe o ser humano como uma entidade tridimensional — corpo, psique e espírito — movida pela busca de significado, mesmo em situações adversas. A aplicação desses princípios na formação de gestores, especialmente em MBAs em Gestão de Pessoas, pode ampliar não apenas competências técnicas, mas também promover autotranscendência, alinhar valores pessoais e organizacionais e desenvolver lideranças mais éticas e conscientes.

  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

  Segundo Frankl (2010; 2011), a LAE baseia-se na “vontade de sentido” — uma motivação essencial que impulsiona o ser humano a buscar propósito em suas experiências, diferentemente de abordagens reducionistas que o veem apenas como agente produtivo.

  Nas organizações, a adoção da LAE implica reconhecer a dimensão noética dos indivíduos. Conforme Andrade et al. (2023), o sentido no trabalho está relacionado à vivência de valor nas tarefas cotidianas e à percepção de integrar algo que transcende o eu. Assim, a formação em gestão de pessoas, quando fundamentada na Logoterapia, pode reconfigurar a imagem do gestor como mediador existencial, atento à complexidade humana, promotor de acolhimento e incentivador de responsabilidade individual e coletiva.

  Esse modelo pedagógico se mostra eficaz para lidar com desafios contemporâneos que afetam a integridade subjetiva dos trabalhadores, como despersonalização, processos desumanizados, violência simbólica e absenteísmo. Batista et al. (2022) apontam que esses fenômenos revelam não apenas falhas administrativas, mas uma crise existencial no trabalho. Os autores destacam também que a inteligência emocional e a congruência pessoal são preditores significativos da satisfação intrínseca no ambiente profissional.

  Componentes estruturais importantes para uma proposta educacional ancorada na abordagem frankliana incluem: avaliação de valores institucionais; promoção de lideranças voltadas à autotranscendência e autodistanciamento; e uso das tríades franklianas — básica, de valores e trágica — como ferramentas teórico-práticas para enfrentar crises de forma ética e construtiva.

  Nesse mesmo contexto, Cancian et al. (2023) ressaltam que a qualidade de vida no trabalho está estreitamente ligada à experiência de significado, destacando a importância de modelos de gestão que considerem os valores existenciais dos colaboradores. Costa et al. (2021) acrescentam que a cultura organizacional não deve ser vista apenas como conjunto de práticas, mas como espaço simbólico onde valores são compartilhados e vivenciados. Assim, uma abordagem logoterapêutica pode fomentar a avaliação crítica e a transformação desses valores rumo à humanização das relações de trabalho.

  CONSIDERAÇÕES FINAIS

  Diante dos desafios enfrentados pelas instituições no século XXI, é essencial revisitar os paradigmas que sustentam a gestão de pessoas. A incorporação dos princípios da Logoterapia e Análise Existencial na formação de lideranças oferece uma contribuição valiosa para criar ambientes de trabalho mais humanos, éticos e saudáveis.

  Essa proposta formativa valoriza não apenas a competência técnica, mas também o aprimoramento ético e existencial do gestor, alinhando-se à concepção de educação voltada à integralidade do ser humano. Como ressalta Parker (2022), a busca de sentido no trabalho não é um luxo, mas uma necessidade fundamental diante da desumanização crescente.

  Formar profissionais com base em referenciais existenciais, como os de Frankl, implica desenvolver lideranças conscientes de sua liberdade e responsabilidade, capazes de transformar o ambiente organizacional em espaço de realização pessoal e coletiva. Trata-se, portanto, de uma proposta educacional que ultrapassa os limites da formação convencional, promovendo, simultaneamente, capacitação e transformação.

  REFERÊNCIAS

  ANDRADE, R. R.; FERREIRA, M. F. M. dos S.; GOMES, R. L. R.  Sobre a vivência do sentido no trabalho e nas organizações: contribuições da logoterapia e análise existencial. Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.7, p. 6407-6427, 2023. http://dx.doi.org/10.55905/revconv.16n.7-129.

  BATISTA, J. S.; GONDIM, S. M. G.; MAGALHÃES, M. O. Relationship between emotional intelligence, congruence, and intrinsic job satisfaction. Revista de Administração Mackenzie (RAM), 23(2), eRAMG220152. 2022. https://doi.org/10.1590/1678-6971/eRAMG220152.

  CANCIAN, Q. G., et al. Qualidade de Vida no Desenvolvimento do Trabalho na Percepções dos Professores Universitários. Boletim de Conjuntura, 13(39), 371–386. 2023. https://doi.org/10.5281/zenodo.7749676.

  COSTA, G. C. da; ARAÚJO, L. M. G.; FERREIRA, M. A. A. Cultura Organizacional: Conceitos e Tipologias. Boletim de Conjuntura, 6(16), 20–27. 2021. http://dx.doi.org/10.5281/zenodo.4643033.

  FRANKL, V. E. Psicoterapia e sentido da vida: fundamentos da Logoterapia e análise existencial (A. M. de Castro, Trad.). 5ª ed. São Paulo: Quadrante, 2010.

  FRANKL, V. E. A Vontade de Sentido – Fundamentos e Aplicações da Logoterapia (I. S. Pereira, Trad.). São Paulo: Paulus Editora, 2011.

  PARKER, G. Em busca da logoterapia. Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, 56(7), 742-744. 2022. http://dx.doi.org/10.1177/00048674211062830.

   

• Palavras-chave
• Gestão; Organização; Educação; logoterapia
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• • Antropologia pedagógica

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