O Olhar do Coordenador no Ambiente Escolar: A Excelência Pessoal da Logoterapia de Viktor Frankl.

O Olhar do Coordenador no Ambiente Escolar: A Excelência Pessoal da Logoterapia de Viktor Frankl.

• Autor
• Julieide Mara Mattioli Quaquio
• Resumo

• O Olhar do Coordenador no Ambiente Escolar:

  A Excelência Pessoal da Logoterapia de Viktor Frankl.

  Introdução

              No Colégio Viktor Frankl, fundado em 1992, a educação é vivida como uma busca contínua por sentido, inspirada no pensamento logoterapêutico de Viktor Frankl. Dentro desse contexto, o papel do coordenador ultrapassa sua mera função: ele aguça a consciência do aluno sendo mediador de sentido. É com esse olhar atento e sensível que foi criado o “Livro Reconhecimento de Excelências” — um registro institucional que reconhece as excelências pessoais dos alunos, com base no esforço singular de cada estudante em ser "melhor que você mesmo", como diz Frankl.

  A Logoterapia e a Educação: Fundamentos de uma Pedagogia do Sentido

              Viktor Frankl, criador da Logoterapia, sustentava que a busca de sentido é a motivação primária do ser humano. Aplicada à educação, essa visão inaugura uma abordagem pedagógica em que cada aluno é visto como um ser único, em processo de descoberta de seu próprio potencial e habilidades.

              Garcia-Hoz (2018) reforça essa ideia ao afirmar que toda pessoa humana é eminente em algum aspecto, mesmo que essa eminência não esteja contida nos moldes tradicionais da performance escolar. Essa perspectiva valoriza tanto o autoconhecimento quanto a autotranscendência — duas dimensões essenciais no desenvolvimento integral do ser humano.

  Livro Reconhecimento de Excelências: Uma Estratégia de Reconhecimento com Sentido

              Inspirado nessa visão antropológica e educacional, o Colégio Viktor Frankl instituiu o “Livro Reconhecimento de Excelências”. Diferente dos tradicionais registros de advertência, esse livro acolhe registros positivos. Quando um aluno realiza algo significativo, ou melhora em relação à si mesmo, ou por qualiqer outro motivo que revele uma excelência colocada ao serviço do bem comum, ele é chamado pela coordenação ou direção, junto com seus responsáveis, para receber um elogio formal por escrito.

              Esse reconhecimento não se baseia em um ideal de perfeição, mas no esforço autêntico de superação, no exercício da liberdade e da responsabilidade — conceitos centrais na Logoterapia. Como lembra Frankl: “Não importa tanto o que esperamos da vida, mas sim o que a vida espera de nós”.

  Livro Reconhecimento de Excelências: Critérios e Exemplos

              Para evitar a banalização dessa prática, a escola estabelece critérios claros: fazer o que é obrigação não é excelência. Excelência não é apenas o cumprimento de regras, mas a manifestação de um valor pessoal em ação.

  Exemplos de excelência pessoal:

  1. Melhora significativa em relação a si mesmo — o aluno que supera a própria timidez, ou melhora seu comportamento de forma consciente.
  2. Assumir uma tarefa não obrigatória e realizá-la com excelência — como a atuação na banda do CVF durante o evento Hallel.
  3. Ajudar espontaneamente um colega em dificuldade, sem esperar reconhecimento.
  4. Demonstrar um desempenho notável em uma atividade, evidenciando talento, dedicação ou criatividade.
  5. Medir-se com conflitos e contribuir significativamente para a sua resolução, agindo com empatia e maturidade.
  6. Superar uma adversidade com dignidade, mostrando resiliência e coragem.

  O Papel do Coordenador: Um Mediador de Sentido

              O coordenador, nesse processo, atua como um mediador entre o aluno e seu próprio projeto de vida. Ele observa, escuta, reconhece e nomeia aquilo que muitas vezes passa despercebido. A prática do “Livro Reconhecimento de Excelências” não é um fim em si mesmo, mas um meio pedagógico de validação existencial, essencial na formação de sujeitos responsáveis e conscientes de seu valor.

              Essa atitude do coordenador também é um exercício de autotranscendência, pois ele não se limita a administrar a rotina escolar, mas se compromete com o crescimento do outro. Como afirma Frankl, “o ser humano só se realiza na medida em que se esquece de si mesmo, dedicando-se a uma causa ou a outra pessoa”.

   

  Considerações Finais:

              O olhar logoterapêutico dentro do ambiente escolar transforma a educação em um espaço de encontro, descoberta e sentido. O reconhecimento da excelência pessoal não apenas fortalece a autoestima do aluno, mas também o convida a colocar seus talentos a serviço do bem comum.

              No Colégio Viktor Frankl, a prática do Livro de Excelências é mais do que um gesto simbólico — é uma expressão concreta de uma Pedagogia do Sentido que acredita no potencial de cada ser humano e aposta na sua capacidade de realizar-se por meio da liberdade responsável.

  Referências:

  FRANKL, Viktor Emil. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 34. ed. Petrópolis: Vozes, 2020.

  FRANKL, Viktor Emil. Psicoterapia e sentido da vida: fundamentos da logoterapia e análise existencial. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2019.

  FRANKL, Viktor Emil. A presença ignorada de Deus: psicoterapia e religião. 3. ed. São Paulo: Quadrante, 2018.

  GARCIA-HOZ, Víctor. Educação personalizada. 3. ed. São Paulo: Edições Universidade Católica de Brasília, 2018.

• Palavras-chave
• Logoterapia; Excelência Pessoal; Autotranscendência; Autoconhecimento; Pedagogia do Sentido; Desenvolvimento Integral do Aluno; Empatia.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• • Gestão escolar

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