Logoterapia que se comunica: palestras criativas como forma de promover o sentido da vida

Logoterapia que se comunica: palestras criativas como forma de promover o sentido da vida

• Autor
• Ana Reisky
• Resumo

• Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022), o Brasil possui a maior prevalência de depressão na América Latina, revelando cenário de amplo adoecimento emocional. Diante dessa realidade, cresce a demanda por intervenções que promovam a saúde de forma integral. A educação surge como via estratégica e a Logoterapia como abordagem essencial, assim, a proposta deste trabalho foi contribuir por meio de palestras criativas como forma de intervenção e promoção de sentido.

  A Logoterapia, desenvolvida por Frankl, propõe que o ser humano é capaz de enfrentar o sofrimento ao reconhecer sua dimensão espiritual e sua liberdade de resposta, mesmo em situações extremas. A partir da sua vivência pessoal como sobrevivência de 4 campos de concentração durante a Guerra Mundial, o autor pode confirmar vivencialmente sua teoria e o conceito “força desafiadora do espírito” (FRANKL, 2011; FREITAS, 2018). 

  Conforme Freitas: 

  “Esse poder de resistência do espírito “ou força desafiadora do espírito” é decorrente da noodinâmica, do movimento interno que nos faz sair de uma zona de conforto e seguir, atraídos por um sentido a realizar, por um valor a ser concretizado. [...] toda pessoa tem esse poder em potencial, que pode e deve ser desenvolvido. Em situações de crise, mais do que nunca, precisamos dessa capacidade de sair de uma situação cômoda para transformar a realidade, para superar uma adversidade saindo mais fortalecidos” (2018, p. 60). 

  Diante disso, o objetivo geral deste trabalho foi descrever de que maneira palestras criativas podem atuar como recurso educativo e humanizado para comunicar os fundamentos da Logoterapia, iluminando caminhos de sentido em diferentes grupos. Para tanto, foram elaborados quatro objetivos específicos: 1. Implementar palestras em diferentes contextos sociais (empresas, escolas, igrejas, ONGs, etc,); 2. Adotar uma linguagem acessível facilitando a compreensão dos conceitos da Logoterapia para o público leigo; 3. Refletir junto ao público sobre estratégias de enfrentamento ao vazio existencial e à falta de sentido e 4. Despertar no público ouvinte, com criatividade e alegria, a esperança em cada ser, chamando-os para a responsabilidade do viver.

  Como metodologia para a construção das palestras criativas, foram organizados os seguintes elementos estruturais: 1. Interação ativa com o público ouvinte; 2. Inclusão de histórias curtas e impactantes (storytelling); 3. Utilização de objetos simbólicos (ex.: boneco de papel machê representando Frankl); 4. Inserção de músicas relacionados com o tema; 5. Slides curtos com embasamento científico (citações de Frankl) para maior credibilidade; 6. Despertar dos sentidos, como por exemplo um spray para aromatizar o ambiente, considerando a possibilidade de pessoas com deficiência visual na plateia, 7. Exploração da linguagem não verbal (exemplo: uso de figurino), pois um comunicador eficaz utiliza o corpo inteiro (CARNEGIE, 2020), 8. Modulação da voz para gerar maior conexão com público;  9. Solicitação de breve feedback para o público, após palestra, para saber o que fez mais sentido.

  A coleta de dados consistirá na análise reflexiva da experiência vivenciada durante as palestras, complementada pelos feedbacks espontâneos verbais e  escritos fornecidos pelos participantes. Esses materiais serão organizados e interpretados à luz da abordagem qualitativa de base fenomenológica, com objetivo de compreender o impacto e o sentido atribuído pelos ouvintes à proposta comunicacional adotada.

  A partir disso, os principais resultados obtidos foram: 1. Primeiro contato com a  Logoterapia; 2. Entendimento da existência de uma dimensão noética em cada ser; 3. Reconhecimento da existência da força desafiadora do espírito; 4. Ampliação da consciência da própria responsabilidade. 5. Identificação de possíveis caminhos para encontro de sentido da vida; 

  Segundo Herrera:

   “Existir autenticamente é somente possível na comunicação. (...) a comunicação me desafia para a autenticidade. Compartilhar em comunicação é fazer-me responsável pelo comunicado. A comunicação não pode ser uma exposição fria de ideias, mas sim o expor toda a minha verdadeira e profunda atitude humana diante de ti (...) Comunicar-me é esclarecer-te... ou também, um processo de mútua iluminação” (2021, p. 129).

  Concluindo, as palestras criativas mostraram-se eficazes como estratégia de educação existencial e meio de comunicar os fundamentos da Logoterapia, visando promoção do sentido da vida, para diferentes públicos. O retorno positivo por parte das plateias, registrado por meio de feedbacks verbais e escritos, evidenciou o alcance desse tipo de comunicação. Esses registros serão apresentados no congresso como parte da discussão de resultados. 

   

  BRASIL. Ministério da Saúde. Brasil tem maior prevalência de depressão da América Latina, diz OMS. Brasília, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/brasil-tem-maior-prevalencia-de-depressao-da-america-latina-diz-oms. Acesso em: 10 jun. 2025.

  CARNEGIE, D. Como falar em público e encantar as pessoas. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.

  FRANKL, V. E. A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus, 2011.

  FREITAS, M. L. S. Afrontamento e superação de crises: contribuições da Logoterapia. 2. ed. Curitiba: Instituto de Educação e Cultura Viktor Frankl – IFCVF, 2018.

  HERRERA, G. P. Viktor Frankl: comunicação e resistência. Trad. CHIGUTTI, M. M.; CHIGUTTI, M. O. São Paulo: Busca Sentido, 2021.

   

• Palavras-chave
• Comunicação, Criatividade, Sentido da Vida, Vazio Existencial.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• • Prevenção do vazio existencial e do comportamento autodestrutivo

Voltar