Formação, Missão e Política: um caminho de sentido na elaboração da Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar

Formação, Missão e Política: um caminho de sentido na elaboração da Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar

• Autor
• KARINA MAURO DIB
• Co-autores
• NOELY CIBELY DOS SANTOS
• Resumo

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  Formação, Missão e Política: um caminho de sentido na elaboração da Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar

  Introdução

  A elaboração da Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar é consequência da trajetória profissional, iniciada na atenção domiciliar, conectada a um profundo compromisso com os cuidados paliativos e resultado da formação acadêmica que foi orientado pela Logoteoria e Análise Existencial, apresentada por meio de um professor cuja missão de vida também era formar profissionais guiados pelo sentido. Foi nesse encontro entre a missão do professor e o despertar da missão de aluna, que nasceu uma aliança que ultrapassou o espaço pedagógico.

  Viktor Frankl indagado sobre como ensinar valores: “os valores não podem ser ensinados: eles devem ser vivenciados. Não podemos dar sentido aos nossos alunos. A única coisa que podemos dar aos nossos alunos é o exemplo pessoal de nosso próprio compromisso com a causa da verdade ou da pesquisa” (FRANKL, 2021 p.138).

  Nesse vínculo formativo, movido por valores e missão, em um cenário de ausência de políticas púbicas em cuidados paliativos, doenças crônicas, envelhecimento e sofrimento evitável, surgiu a urgência de articular práticas já realizadas na atenção domiciliar para elaborar uma Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos.

  Reconhecendo que os profissionais trazem em seu fazer uma missão, a construção da Diretriz partiu da escuta dos profissionais envolvidos no contexto da atenção domiciliar, utilizando a metodologia do World Café. Essa abordagem coletiva, por meio de perguntas significativas, buscou estimular reflexões, a construção de sentidos e o aprendizado compartilhado.

  O World Café é um processo flexível, sensível e potente que promove diálogos significativos, estimula a geração de ideias colaborativas, o compartilhamento de saberes, a descoberta de oportunidades para ação conjunta e contribui para o aprendizado, a mudança e a transformação (BROWN, 2007).

  Neste sentido, a construção da Diretriz associa fundamentos técnicos e teóricos à prática cotidiana, reconhecendo e valorizando a atuação dos profissionais e seu compromisso com a vida humana e seus projetos de vida.

   

   

   

   

  Objetivo

  Relatar a experiência do processo de elaboração da Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos da Secretaria Municipal de São Paulo a partir do reconhecimento dos projetos de vida e vivências profissionais relacionadas ao cuidado paliativo na atenção domiciliar.

   

  Metodologia

  Relato de experiência, adotando o método descritivo segundo as etapas sequenciais da realidade concreta.

  Desenvolvimento

  Vivenciamos a inédita implementação da Política Nacional de Cuidados Paliativos, fruto de um movimento participativo da Frente Paliativista. Essa política responde ao envelhecimento populacional, às doenças crônicas e ao sofrimento que impacta pacientes, famílias e cuidadores. Em São Paulo, surgiu a necessidade de uma diretriz para alinhar práticas e caminhos comuns.

  Trazendo da nossa formação princípios da Logoteoria e Análise Existencial e o reconhecimento das trajetórias de vida de cada profissional que assume uma missão, escolhemos ouvir quem mais vivencia os cuidados paliativos no cotidiano, que foram os profissionais dos Serviços da Atenção Domiciliar e não construir a Diretriz no gabinete.

  Foram realizados sete encontros com a participação de profissionais da saúde, gestores locais e regionais que atuam na Atenção Domiciliar do Programa Melhor em Casa, totalizando em 215 profissionais de saúde.

  A metodologia do World Café foi adotada na construção da diretriz, por favorecer a participação e construção coletiva. Mais do que um espaço de troca de ideias, constituiu-se também como um processo de escuta, pertencimento e ressignificação das atividades já realizadas em cuidados paliativos, no qual os participantes compartilharam as práticas diárias e as perspectivas futuras, aprenderam uns com os outros por meio das conversas, reflexões e contribuíram de forma significativa para a formulação de propostas alinhadas à realidade do cuidado paliativo.

  Nas discussões buscou-se identificar as relações com a Antropologia Frankliana em cada ação relatada, identificando que a missão está relacionada com a visão de pessoa que se concretiza no cuidado em sua integralidade.

  Conclusão

  A elaboração da Diretriz Técnica de Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar foi marcada por um processo que integrou formação, missão e política pública como pilares de um caminho com sentido. A Antropologia Frankliana estruturou não apenas nossas trajetórias de vida e formação, mas também orientou a escuta ativa dos profissionais, o reconhecimento de suas ações e projetos de vida. Aliada à fundamentação técnico-científica, possibilitou a construção de uma diretriz que valoriza o cuidado integral e humanizado. Assim, a diretriz emergiu da união entre conhecimento técnico e uma missão que, além de individual, foi vivida coletivamente, materializando-se como diretriz-política. Dessa forma, reflete um compromisso contínuo e vivo, proporcionando a re-humanização da saúde e consolidando um esforço coletivo voltado à transformação da prática assistencial

  Referência

  FRANKL, Viktor Emil. A falta de sentido: um desafio para a psicoterapia e a filosofia. 1.ed. Campinas: Editora Auster, 2021.

  BROWN, Juanita. O World Café: dando forma ao nosso futuro por meio das conversações significativas e estratégicas. São Paulo: Cultrix, 2007.

   

   

   

   

   

• Palavras-chave
• Educação Continuada, Políticas Públicas, Projeto de Vida, Cuidados Paliativos
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• • Projeto de vida

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