Projeto de Vida e Missão: Os Círculos de Diálogo Existencial como Estratégia Logoterapêutica de Promoção Humana no Contexto Universitário

Projeto de Vida e Missão: Os Círculos de Diálogo Existencial como Estratégia Logoterapêutica de Promoção Humana no Contexto Universitário

• Autor
• Maria Hermínia Martins da Paixão Nogueira
• Resumo

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  Este trabalho apresenta uma experiência de estágio supervisionado em Teologia, com foco na promoção humana, desenvolvida no âmbito da Pastoral Universitária. A proposta consistiu na aplicação dos Círculos de Diálogo Existencial (CDE) como espaços de escuta ativa, autoconhecimento e orientação ao sentido presente nas manifestações existenciais dos participantes, servindo de inspiração para a construção de projetos de vida alicerçados na responsabilidade e na missão. O projeto fundamentou-se na Logoterapia de Viktor Frankl como ferramenta de intervenção educacional, diante do crescente vazio existencial no ambiente acadêmico contemporâneo. A intervenção visou resgatar a consciência de missão como eixo estruturante do projeto de vida, contribuindo para a formação integral dos participantes, em consonância com a Evangelii Gaudium, de Francisco (2013), que afirma: “É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar [...] estar com os outros e ser para os outros.”. A proposta articulou Teologia, Logoterapia e Análise Existencial (LAE) e Espiritualidade Pastoral. Para Frankl, o ser humano é essencialmente autotranscendente e orientado ao sentido — mesmo diante do sofrimento. Sua abordagem, conhecida como “psicoterapia das alturas”, parte da premissa de que o ser humano é espiritual, livre e responsável; e afirma que a frustração da “vontade de sentido” pode gerar o chamado vazio existencial, relacionado a sintomas noogênicos como depressão, apatia e ideação suicida. No contexto educacional, a LAE tem sido explorada como via de promoção da saúde integral. Aquino (2012) e Freitas (2018) apontam a educação para o sentido como chave para o amadurecimento existencial, ampliando o olhar pedagógico para além do desempenho técnico, reconhecendo o aluno como pessoa em busca de sentido e significado. O projeto foi desenvolvido com base na metodologia dos CDE, criados por José Arturo Luna (2011; 2022) como espaços de escuta e partilha existencial. A proposta foi aplicada por meio de encontros híbrido, presencial e online com a comunidade acadêmica da Faculdade Católica de Anápolis, e abertura à participação da sociedade em geral. As atividades incluíram: Teste logoterapêutico adaptado (parte objetiva do PIL-Test) (AQUINO et al, 2015); Palestra com a dinâmica “Leilão de Valores” (Joseph Fabry); Oficina de biografia existencial com “Dotty Dots” (Herrera); Seis rodas de conversa com os temas: “A Liberdade: escolha e angústia”, “Qual é o sentido da vida - quem sou eu no meio de tudo isso? - Consciência e Singularidade”, “Relacionamentos e vínculos verdadeiros - Amor como experiência de sentido”, “Liberdade para quê? - liberdade como Responsabilidade”, “O sofrimento na Pessoa e na cruz de Cristo -  ocasião de crescimento”, e “Projeto de vida e missão - Realização pessoal e contribuição para o mundo”. Apesar da baixa frequência recorrente, os relatos qualitativos indicaram impacto positivo nos participantes. Nos “Diários de Bordo”, revelaram sentimentos de alívio, clareza e reconexão com valores antes esquecidos, o que permite inferir que a intervenção alcançou o objetivo proposto inicialmente. A presença dos elementos noéticos – autotranscendência, liberdade e responsabilidade – foi notada nas reflexões compartilhadas. A noção de sofrimento como ocasião de crescimento também foi assimilada de modo logoterapêutico, ressignificando frustrações e perdas, dentro de uma perspectiva de fé e amadurecimento. Perante o desafio contemporâneo de educar para a missão e para o encontro com o outro, a prática dos CDE demonstrou ser estratégia eficaz e pastoralmente relevante na promoção de projetos de vida integradores de missão pessoal e sentido existencial. Essa proposta logoterapêutica pode ser replicada em diferentes contextos educativos, com adaptação cultural e espiritual. Em síntese, a aliança entre Logoterapia e Educação sob a luz do Evangelho e documentos teológicos revelou-se como resposta pastoral ao sofrimento contemporâneo, ao mesmo tempo em que apontou caminhos para o florescimento humano autêntico.

  AQUINO, Thiago A. A. Educação para o sentido da vida. Logos & Existência, 2012.

  AQUINO, T. A. A. de ., Veloso, V. G., Aguiar, A. A. de ., Serafim, T. D. B., Pontes, A. de M., Pereira, G. de A., & Fernandes, A. S.. (2015). Questionário de Sentido de Vida: Evidências de sua Validade Fatorial e Consistência Interna. Psicologia: Ciência E Profissão, 35(1), 4–19. https://doi.org/10.1590/1982- 3703001332012.

  FABRY, J. (1990). Aplicações práticas da logoterapia. São Paulo: Editora de Cultura Espiritual. 

   

  FRANCISCO (Papa). Evangelii Gaudium: exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. Vaticano, 2013. Disponível em: https://www.vatican.va. Acesso em: 10 jun. 2025.

  
  FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 2019.

  
  FREITAS, Marina L. S. Pedagogia do Sentido: contribuições de Viktor Frankl para a educação. Ribeirão Preto: IECVF, 2018.

  
  LUNA, José Arturo. Logoterapia: un enfoque humanista existencial fenomenológico. Bogotá: San Pablo, 2011.

  
  LUNA, José Arturo. Los círculos de diálogo existencial como herramienta para el despliegue de lo espiritual. Instituto Peruano de Logoterapia, 2022.

   

• Palavras-chave
• Projeto de vida, Logoterapia, Sentido, Sofrimento, Missão
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• • Projeto de vida

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