INTRODUÇÃO: A Morus nigra L. pertence ao gênero Morus e à família Moraceae, conhecida popularmente como amora-preta, amora-negra, amora, amoreira, amoreira-negra, amoreira-preta, amoreira-do-bicho-da-seda, teve origem no continente Asiático e é facilmente cultivada no Brasil (MOREIRA et al., 2010). Espécies do gênero Morus apresentam uma variedade de compostos fenólicos, como flavonóides, isoprenilados, cumarinas, cromonas, xantonas e fitoalexinas. A composição fitoquímica dos frutos de Morus nigra L. já é bem explorada por diversos pesquisadores em função do seu alto teor de fenóis e flavonóides, sendo o ácido elágico um dos componentes mais estudados devido às suas propriedades, os frutos, folhas, cascas e as raízes são usados como laxante, sedativo, expectorante, emoliente, calmante, diurético, agente hipoglicemiante, antisséptico, antioxidantes, antiinflamatórias, antimicrobiana, antimutagênicas e anticancerígenas (VIEIRA et al., 2014). Fitoterápicos a base de Morus nigra L. são indicados durante o período de pré-menopausa (climatério). Normalmente utiliza-se o extrato seco das folhas sendo utilizado na dosagem usual de 500mg a 1g por dia, na forma de cápsulas e devido a sua atividade estrogênica, é contra-indicado em pacientes com histórico de câncer de mama, ovário ou útero. Além disso, não deve ser administrado em pacientes que fazem o uso de tamoxifeno ou outras drogas antiestrogênicas. Não apresenta efeitos colaterais descritos na literatura (EMBRAFARMA, 2015). No Brasil, o chá de folhas de amora preta é largamente empregado na medicina popular como repositor hormonal durante o climatério, objetivando o alívio dos sintomas, principalmente dos fogachos. Os resultados obtidos por uma pesquisa etnofarmacológica confirmaram que a utilização de Morus nigra L. foi eficaz para o tratamento de sintomas do climatério (RODRIGUEZ et al., 2010). O climatério e a menopausa são dois termos utilizados para nomear eventos clínicos relacionados ao declínio da função ovariana. Na literatura e em contextos clínicos é comum a expressão "sintomas da menopausa" ou "sintomas climatéricos", sendo que o termo menopausa é muito mais utilizado. É importante esclarecer que a menopausa refere-se a um evento específico, à cessação da menstruação; enquanto o climatério refere-se a mudanças graduais da função ovariana, que iniciam antes da menopausa e continuam por um determinado período (BLUMEL et al., 2014). O período do climatério é uma fase biológica do ciclo vital feminino que tem início normalmente por volta dos 40 anos de idade, podendo se estender até os 65 anos. É determinado pela queda de produção dos hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários e seus sintomas podem ser tratados e amenizados através de alimentos que ajudam principalmente no controle do fogacho, um dos sintomas mais comuns nesse período, à exemplo o uso da amora-preta, pelos seus benefícios já serem comprovados para essa finalidade através de pesquisas cientificas (BRASIL, 2009). OBJETIVOS: Uma vez constatada a eficácia da Amora-Preta (Morus nigra L.), objetivamos avaliar a eficácia do seu uso como uma alternativa no tratamento de mulheres no período da menopausa, através de comprovações na literatura científica. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de uma revisão, realizada através do levantamento bibliográfico relacionado ao consumo da amora-preta e seus efeitos no tratamento da menopausa. Foram utilizados os seguintes descritores: amora preta, tratamento da menopausa, climatério. Para selecionar os artigos, foram empregadas as bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde, Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Eletronic Libray Online (SciELO), Google Acadêmico, além de artigos disponíveis em periódicos. Como critérios de inclusão foram utilizados as bases de dados virtuais referente ao período de 2009 a 2019. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A menopausa ocorre quando a mulher passa um período de 12 meses com ausência total de menstruação, essa fase ocorre naturalmente entre 45 e 65 anos, apesar de existir relatos de mulheres que entram na menopausa por volta dos 40 anos. Atualmente a expectativa de vida da mulher brasileira é de 77 anos. Dessa forma, as mulheres permanecem um terço de sua vida com deficiência hormonal (IBGE, 2011). No Brasil, em 2004, mulheres climatéricas com idade entre 45 e 65 anos correspondiam a 17% da população feminina no país (IBGE, 2011). Uma pesquisa conduzida pela Sociedade Norte Americana de Menopausa mostraram que mais de 75% das mulheres de 50 a 65 anos fizeram mudanças desfavoráveis ao seu estilo de vida, principalmente nos aspectos relacionados à alimentação, sendo, portanto um período crucial para empregar a alimentação como ferramenta para a promoção de saúde (JESSE, 2012). Dentre os vários tratamentos existentes, a terapia de reposição hormonal ainda continua sendo o método mais eficaz para amenizar os sintomas da menopausa. Contudo, os efeitos colaterais e indesejáveis, juntamente com as contra-indicações e os riscos de câncer, impulsionam a comunidade científica na procura de novos tratamentos. Novos horizontes surgem através da medicina popular, como o uso da amora-preta sendo coadjuvante no tratamento dos sintomas da menopausa (PARDINI, 2013). Após a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto Nº 5.813/2006), o MS divulgou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída por setenta e uma plantas medicinais indicadas para o uso terapêutico da população (BRASIL, 2012). Assim, o uso da amora-preta vem crescendo cada dia mais e com isso foi encontrado que o aumento do seu consumo está ligado ao de que o fruto, contem nutrientes essenciais e uma série de macro e micronutrientes. Além de quantidades inferiores de vitamina A, vitamina E, folatos, tiamina, riboÀavina, niacina, ácido pantotênico, vitaminas B-6 e B-12; ácidos graxos saturados; ácidos graxos monoinsaturados; e de ácidos graxos polinsaturados. No entanto, este fruto apresenta apenas cerca de 50-55 calorias em 100 gramas, sendo assim um fruto pouco calórico e com grandes benefícios para a saúde (ANTUNES; RASEIRA, 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS: São muitas as mudanças vivenciadas pelas mulheres na fase do climatério, tanto físicas quanto psicossociais que podem ser acompanhadas por um conjunto de sinais e sintomas desagradáveis característico dessa fase. Assim, através desta revisão, percebe-se uma crescente conscientização de que a inclusão de frutas como a amora-preta, seja na forma in natura, chás das folhas ou raízes, xaropes ou até mesmo em forma de cápsulas, no hábito alimentar, tem efeito benéfico sobre a saúde das mulheres nessa fase, acarretando numa forte tendência de aumento do consumo dessa fruta em quase todo o mundo. A amora-preta possui grandes possibilidades de atingir o mercado destinado a frutas de mesa, as propriedades benéficas são válidas para o tratamento de infecções do sistema digestivo, como cólicas intestinais, período pré-menstrual, menopausa, espasmos, diarreia e dores abdominais. Diante de tantos efeitos benéficos, ainda assim, é indispensável procurar orientação de um nutricionista para sanar todas as dúvidas de como utilizar, seus benefícios, assim melhorando os resultados durante o seu consumo.