Introdução: A gestação é um momento de constantes mudanças fisiológicas no organismo materno, as quais acarretam alterações em suas necessidades nutricionais1. Os hábitos alimentares e estado nutricional materno exercem influência no desenvolvimento do feto, podendo contribuir para o surgimento de patologias e disfunções em seu estado nutricional, como a obesidade e doenças crônicas, e influenciar no desenvolvimento de complicações durante a gestação e durante o parto2. Assim, ressalta-se a urgência em um maior rigor no consumo alimentar durante a gestação, sendo recomendado pelo Guia alimentar Brasileiro para Gestante o maior consumo de alimentos in naturais e minimamente processados (arroz, feijão, carnes, vísceras, vegetais e frutas) e a menor ingestão de alimentos ultraprocessados, mediante sua relação com o maior risco de desenvolvimento de doenças não transmissíveis3,4. A fim de garantir a propagação de melhores hábitos alimentares durante a gestação, faz-se necessário compreender o perfil social, demográfico e econômico das gestantes com consumo alimentar não saudável, expondo, assim, os fatores que propiciam tal condição e permitindo a formulação de políticas públicas em combate a essa problemática5. Objetivos: Revisar a literatura, buscando, por meio dela, compreender os fatores que interferem no consumo alimentar de gestantes brasileiras. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, desenvolvida a partir das seguintes bases de dados: PubMed, LILACS e Scielo. Em cada uma, foi realizada uma busca de artigos publicados entre 2019 e 2024, nos idiomas inglês, espanhol e português, a partir do cruzamento dos descritores de saúde “Maternal Nutrition”, “Pregnancy”, “Food, Processed” e “Feeding Behavior”, por meio dos operadores booleanos AND ou OR. Utilizaram-se como critérios de inclusão estudos realizados nos últimos 5 anos, com mulheres grávidas do Brasil, de qualquer idade; e, como critérios de exclusão, artigos de revisão de literatura. Resultados: Foram utilizados 5 estudos sobre o tema, realizados com 3.903 gestantes brasileiras de cinco estados diferentes: São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. Um estudo transversal observou-se que o consumo alimentar de alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão, carnes, verduras, legumes e frutas) esteve relacionado a menor escolaridade, maior prática de exercícios físicos e menor IMC pré-gestacional6. A relação entre sedentarismo e baixa escolaridade também foi reforçada por outro estudo7. O padrão alimentar sofre influência da idade, onde, segundo um dos estudos, gestantes de 19 anos eram quase 3 vezes mais propicias a consumirem ultraprocessados, enquanto as que tinham 35 anos tinham chances menores de consumo8. Outro autor relatou que o menor consumo de ultraprocessados foi mais prevalente em mulheres com emprego renumerado, não fumantes e que receberam orientações nutricionais durante o pré-natal9. E, por fim, outro artigo ressaltou a prevalência da ingestão de alimentos mais saudáveis entre mulheres com mais de 30 anos, com companheiro, trabalho renumerado e maior escolaridade, as quais indicavam melhor nível socioeconômico10. Conclusão/Considerações finais: O consumo de alimentos não saudáveis, caracterizados por serem ricos em ultraprocessados e pobres nos in natura, foi mais prevalente em mulheres de menor escolaridade, mais sedentárias, mais novas, fumantes, com menor nível de orientação e de menor renumeração. Tais dados expõem a maior relação entre hábitos não saudáveis e gestantes de menor nível socioeconômico, expondo a necessidade de intervenções por meio de políticas públicas para sanar o problema.
Comissão Organizadora
Thalita Rodrigues
Camila Pinheiro Pereira
Camila Pinheiro Pereira
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Leonardo
Leonardo Furtado de Oliveira
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