Introdução: “O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição caracterizada por dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos restritos e repetitivos, que inclui alterações neurobiológicas, genéticas e ambientais.’’ (Moraes, L.S. et al, 2021, p. 43). “A Disfunção do Processamento Sensorial (DPS) é comum em crianças e adolescentes com TEA, afetando sua capacidade de responder adequadamente aos estímulos sensoriais. A relação entre seletividade alimentar e a disfunção do processamento sensorial em criança com TEA, estão relacionados à textura, sabor, cheiro e outros aspectos sensoriais dos alimentos. Compreender os hábitos, dificuldades e as estratégias alimentares de crianças e adolescentes com TEA vai além de uma habilidade complexa, é também um ato social e multissensorial.” (Oliveira, B. F. M. Frutuoso, M. P., 2021, p. 2). “Crianças com TEA enfrentam desafios significativos, é fundamental uma abordagem terapêutica que leve em consideração não apenas os aspectos nutricionais, mas também a integração sensorial e as necessidades individuais da criança e adolescestes. A compreensão dessas questões pode ajudar na elaboração de estratégias mais eficazes para promover uma alimentação saudável e satisfatória para crianças e adolescentes com TEA.” (Magagnin, T. et al, 2020, p. 2). Objetivos: Revisar na literatura características e estratégias entre a seletividade alimentar em crianças e adolescentes com o transtorno do espectro autista (TEA), e sua disfunção no processamento sensorial. Métodos: Trata-se de uma revisão literária, que investiga seletividade alimentar em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista. A pesquisa de artigos foi realizada na biblioteca virtual em saúde, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) relevantes: Transtorno do Espectro Autista, Nutrição Infantil e Seletividade Alimentar. Os critérios de inclusão foram: estudos que abordassem a nutrição infantil em crianças e adolescentes com TEA, com ênfase em aspectos alimentares, realizados no Brasil nos últimos cinco anos. Os critérios de exclusão foram: revisões de literatura, editoriais e outros tipos de publicações que não fornecessem informações relevantes para o escopo da revisão. As buscas dos artigos foram realizadas no período de março a abril de 2024. Resultados: Foram incluídos três artigos relevantes para a temática. O estudo de Magagnin, et al. (2021) ressalta que crianças e adolescentes com autismo possuem um considerável consumo de alimentos processados e ultraprocessados, além de comportamentos relativos à recusa alimentar, disfagia, baixa aceitação de alimentos sólidos, compulsão alimentar e sintomas gastrointestinais. Considera-se que esses indivíduos necessitam de atenção qualificada no tratamento alimentar e nutricional, precisando de intervenções multiprofissionais para melhorar o quadro de dificuldades e padrão alimentar. A família, nesse sentido, tem papel fundamental no processo de educação alimentar e nutricional. Moraes et al. (2021) destacam em sua pesquisa que a maioria das crianças e adolescentes com TEA avaliados demonstraram seletividade alimentar, associada a fatores sensoriais quanto a textura, odor, temperatura e na aparência dos alimentos e/ou preparações. O estudo ressalta a importância de estratégias nutricionais e de intervenções comportamentais para melhorar os hábitos alimentares dessas crianças. Os autores Oliveira e Frutuoso (2021) relatam o uso de oficinas culinárias para crianças com TEA que revela a importância do ambiente adaptado, das interações sociais e do papel dos alimentos como mediadores na melhora da seletividade alimentar. As crianças estabeleceram diferentes formas de interação, desde a resistência inicial até a participação ativa, evidenciando a complexidade das interações alimentares no TEA. A recusa e a aceitação dos alimentos foram observadas, destacando a importância de oferecer um ambiente acolhedor e adaptado. As oficinas proporcionaram oportunidades de aprendizado e sociabilidade, promovendo interações positivas e expressão criativa. Em resumo, o estudo destaca a relevância de abordagens inclusivas e personalizadas para promover uma alimentação saudável e experiências positivas para crianças com TEA. Conclusão/Considerações finais: Diante das características complexas e multifacetadas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e da Disfunção do Processamento Sensorial (DPS), a seletividade alimentar emerge como um desafio significativo para crianças e adolescentes afetados por essas condições. A interação entre a seletividade alimentar e a disfunção sensorial destaca a importância de uma compreensão abrangente dos aspectos sensoriais dos alimentos e das estratégias para enfrentar esses desafios. Ao reconhecer que a alimentação vai além de uma simples necessidade nutricional, mas também envolve aspectos sociais e sensoriais, torna-se imperativo adotar uma abordagem terapêutica holística. Esta abordagem deve considerar não apenas os aspectos nutricionais, mas também a integração sensorial e as necessidades individuais das crianças e adolescentes com TEA. A revisão da literatura revela a importância de estratégias personalizadas e eficazes para promover uma alimentação saudável e satisfatória nesse grupo populacional, visando não apenas à adequação nutricional, mas também ao bem-estar emocional e social.
Comissão Organizadora
Thalita Rodrigues
Camila Pinheiro Pereira
Camila Pinheiro Pereira
Isadora Nogueira Vasconcelos
Roberta Freitas Celedonio
Natalia Cavalcante Carvalho Campos
Alane Nogueira Bezerra
Leonardo
Leonardo Furtado de Oliveira
Comissão Científica