Introdução: A Síndrome da Realimentação (SR) é um distúrbio metabólico que pode ocorrer quando pacientes desnutridos recebem uma quantidade excessiva de nutrientes, levando a uma resposta fisiológica inadequada que pode incluir distúrbios eletrolíticos, insuficiência cardíaca, edema, comprometimento pulmonar, dentre outros sintomas graves. Esta condição ocorre devido à transição do estado de jejum para o estado de realimentação, principalmente em pacientes críticos, e apresenta riscos significativos para a saúde. No contexto de pacientes com neoplasia, a SR pode representar um desafio adiciona (Pourhassani et al. 2018; Krutkyte et al. 2022). Para Reber et al. (2019), esses pacientes frequentemente apresentam risco nutricional, seja devido à própria patologia, seja por complicações dos tratamentos utilizados, possuindo assim, uma suscetibilidade à síndrome da realimentação devido às condições pré-existentes. Uma delas é a desnutrição, isto é, a ingestão insuficiente ou uma absorção comprometida que ocasiona perda de nutrientes, bem como aumento do metabolismo basal e consequente agrave no déficit nutricional (Pourhassan et al. 2023). Dessa forma, torna-se crucial um acompanhamento nutricional cuidadoso ao iniciar a realimentação nesses pacientes. Compreender as tendências e os desafios da Terapia Nutricional(TN) torna-se, portanto, essencial para melhorar desde os resultados clínicos à qualidade de vida pós-tratamento. Objetivos: Identificar as tendências atuais da TN para pacientes oncológicos, analisando os desafios enfrentados na sua implementação efetiva, bem como avaliando os resultados recentes tendo em vista as implicações clínicas e futuras direções de pesquisa nesse campo. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. Foram buscados artigos publicados em língua portuguesa, espanhola e inglesa nas bases de dados PubMed, e Scielo, utilizando os seguintes DeCS – Descritores em Ciências da Saúde: "terapia nutricional", "neoplasia” e “síndrome de realimentação”, cruzados com o operador booleano “AND”. Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos, com foco em tendências, desafios e avanços na terapia nutricional para pacientes oncológicos. Além disso, foram considerados artigos originais, revisões sistemáticas e meta-análises. Resultados: Após a busca e seleção minuciosa dos artigos baseadas nos critérios citados, obteve-se um total de 11 referências, sendo 8 da PubMed, 3 da Scielo. Sob essa perspectiva, a TN em pacientes oncológicos tem evoluído significativamente, destacando a importância da nutrição adequada na melhoria da qualidade de vida e no sucesso do tratamento do câncer (Pañella et al. 2014). Como bem disse Correia, Perman e Waitzberg (2017), desafios na implementação efetiva da TN podem incluir dificuldades na identificação precoce da desnutrição, bem como falta de disponibilidade de recursos e conhecimento técnico insuficiente da equipe de saúde. Somado a isso, tem-se a síndrome da realimentação, com potencial mortalidade, uma preocupação a ser endereçada na prática clínica. Resultados recentes evidenciam a importância da TN precoce e adequada nesses indivíduos, sobretudo no que diz respeito as reservas corporais esgotadas de eletrólitos, vitaminas e minerais essenciais, e da propensão a desequilíbrios metabólicos graves durante a realimentação (Gomes et al. 2021; Windpessl et al. 2017). Recentemnte, Terlisten et al. (2023) constatou que a reposição nutricional inadequada, especialmente quando iniciada precocemente ou de forma rápida, pode desencadear a liberação excessiva de insulina em resposta à oferta de nutrientes, levando a mudanças metabólicas rápidas e prejudicando o equilíbrio de eletrólitos, em particular de fosfato, potássio e magnésio. A falta de um diagnóstico preciso e intervenção nutricional oportuna pode resultar em desfechos negativos, enfatizando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar e qualificada (Patita et al. 2021). Os profissionais demonstram reconhecer a importância da TN, mas destacam a necessidade de mais clareza e integração na identificação e tratamento da desnutrição, especialmente em casos de SR. Diante do panorama atual, as futuras pesquisas nesse campo devem se concentrar em estratégias eficazes de identificação, tratamento e acompanhamento nutricional em pacientes oncológicos. A integração de Equipes Multiprofissionais de Terapia Nutricional e a implementação de protocolos interdisciplinares podem ser fundamentais para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida desses pacientes (Muscaritolia et al. 2021). Além disso, estudos mais aprofundados sobre a síndrome da realimentação, suas causas e manejo adequado são essenciais para aprimorar a prática clínica e a segurança do paciente. Considerações finais: É válido destacar a importância crescente da terapia nutricional para pacientes oncológicos e os desafios associados à sua implementação. A personalização da terapia nutricional, a identificação precoce da desnutrição e a integração eficaz com outras modalidades terapêuticas associadas a interdisciplinaridade são fundamentais e até indispensáveis. Futuras pesquisas e esforços clínicos devem se concentrar em abordar esses desafios.
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Camila Pinheiro Pereira
Camila Pinheiro Pereira
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