Descobertas bastante interessantes têm sido verificadas, com respeito à peculiaridades de fala utilizadas por pessoas de diferentes orientações sexuais envolvendo questões de percepção da fala por ouvintes, em trabalhos com falantes de língua inglesa (GAUDIO, 1994; PIERREHUMBERT ET AL., 2004; PODESVA, 2008). A partir desses trabalhos, percebeu- se a importância de explorar esse tema no que tange a análises sobre produção e percepção da fala de homens homossexuais comparadas à fala de homens heterossexuais. Desta forma, optamos por realizar um estudo que conjuga produção e percepção sociolinguística. Para o estudo de produção, estamos analisando a duração da fricativa /s/ em posição de coda. Com uma amostra composta por 18 homens gays do Rio de Janeiro, estratificada por idade e escolaridade, nosso objetivo é averiguar a possível hipótese de que os homens gays mais velhos - aqueles que nasceram antes ou durante o período militar em que houve repressão à homossexualidade - podem assumir uma postura diferente de acordo com suas pistas linguísticas e, possivelmente, os gays mais jovens – depois que alguns direitos LGBT + foram estabelecidos - podem ter um modo de falar mais parecido com os resultados obtidos nos estudos citados. Para complementar nossa análise de Produção, um Teste de Percepção está sendo confeccionado através da técnica de Matched-Guise (LAMBERT ET. AL, 1960) usando estímulos extraídos dos dados de produção com a fricativa /s/ em posição de coda, com as vogais orais tônicas e com diferentes valores de pitch, para verificar se estas e outras hipóteses que possa surgir serão ratificadas. As hipóteses são pautadas nos resultados encontrados nos trabalhos em língua inglesa, que mostram uma possível correlação da fala de homens gays com uma duração prolongada da fricativa /s/ em coda, valores mais altos para o dinamismo de pitch e vogais mais longas. Essas características destoariam da fala de homens heterossexuais e se aproximariam de uma fala considerada mais feminina, algo que temos a intenção de comprovar ou não com os resultados finais desta pesquisa.
O isolamento social impôs ao mundo uma nova forma de pensar o desenvolvimento das pesquisas científicas, sobretudo nas áreas das humanidades, cujo contato social é imprescindível para desenvolvimento de pesquisas. Dessa forma, o X Encontro de Sociolinguística propôs realizar esse debate para contribuir com as pesquisas em Sociolinguística, as quais tradicionalmente dependem muito de entrevistas.
Assim como em outros áreas, recorrer às tecnologias existentes, principalmente que utilizam os meios remotos, tem sido a atual prática para a coleta de dados. Além disso, tem-se buscado outras formas de obtenção de informações para empreender análises linguísticas a partir do perfil social dos falantes que possam dar as respostas científicas que tanto se espera na área de conhecimento objeto deste evento: a Sociolinguística.
Ao longo de quatro dias, o evento possibilitou alguns espaços para essas discussões e tantas outras: conferências, mesas-redondas e sessões de comunicação. Tal panorama pode ser conferido através dos resumos que compõem estes anais, os quais trazem apenas os temas que foram debatidos nas sessões por seus respectivos autores e os demais participantes.
Desejamos que os trabalhos que foram apresentados possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento das diversas pesquisas em Sociolinguística e todas as interfaces possíveis que outras áreas dos estudos da linguagem.
Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora
Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma L F Almeida
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias
André Pedro da Silva
Antônio Félix de Souza Neto
Clézio Roberto Gonçalves
Cristina Carvalho
Emília Helena Portella Monteiro de Souza
Mariana Fagundes de Oliveira Lacerda
Norma Lucia Fernandes de Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko. Freitag
Ricardo Nascimento Abreu
Sandra Carneiro
Sandro Márcio Drumond Alves Marengo
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais