Esta pesquisa tem como objetivo discutir a concordância verbal como regra variável na terceira pessoa do plural, descortinando fatores linguísticos (Realização e posição do sujeito; Concordância nominal do sujeito; Indicação do plural no SN sujeito; Caracterização semântica do sujeito; Tipos de verbo; Saliência fônica e Forma do último constituinte do SN sujeito que está antes do verbo) e extralinguísticos (Sexo; Escolaridade da mãe; Quantidade de livros lidos no ano e Acesso à internet) que favorecem a ocorrência ou não da “solidariedade” entre o sujeito e o núcleo do predicado, com o intuito de propor estratégias didático-pedagógicas que venham a facilitar a aprendizagem da variedade de prestígio. Nosso corpus é constituído por textos escritos de alunos do 9º ano de uma escola quilombola do interior da Bahia. Realizamos, então, uma pesquisa quali-quantitativa, a partir de produções textuais, estratificadas segundo a variável sexo. No âmbito de nosso estudo, consideramos 402 ocorrências de uso do verbo na terceira pessoa do plural, realizadas por 20 alunos (10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino), através de produções escritas, que contribuíram significativamente com nossa pesquisa, que está ancorada na teoria da tradição gramatical em: Cegalla (2005); Cunha e Cintra ( 2008); e na teoria da tradição linguística em: Silva (2003 e 2005); Bagno (2003 e 2011); Hora (2004); Franchi (2006); Perini (2007); Faraco (2008); Neves (2011 e 2013); Castilho (2012); Martelotta (2013); Vieira e Brandão (2013). A partir de nossas leituras, elaboramos a seguinte hipótese geral de nosso estudo: a concordância verbal de 3ª pessoa do plural, conforme prescrita pela Gramática Normativa, está condicionada a fatores linguísticos e extralinguísticos. Pudemos, ainda, elencar, do ponto de vista linguístico, as seguintes hipóteses: i) a posição e realização do sujeito são condicionantes ou condicionadores da aplicação da regra de concordância verbal; (ii) se o utente faz concordância no sintagma nominal, ele fará também no verbo; (iii) a constituição e formação do plural são fatores condicionantes da aplicação da regra padrão de concordância; (iv) a animacidade ou a caracterização semântica vai determinar uma tendência de maior aplicação ou não da regra padrão; (v) o tipo de verbo, a sua transitividade e a natureza vão condicionar a aplicação ou não da regra de concordância; (vi) quanto mais material fônico-morfológico for usado para marcar a diferença singular/plural, mais haverá tendência de marcação de plural; e (vii) a presença da marca de plural pode influenciar a realização da regra padrão. Do ponto de vista extralinguístico, hipotetizamos que: (i) os informantes do sexo feminino usam mais as regras padrão de concordância do que os informantes do sexo masculino; (ii) o nível de escolaridade da mãe influencia na realização da concordância verbal; (iii) a quantidade de livros lidos por ano é condicionador da aplicação das regras padrão; e (iv) as tecnologias, em especial a internet, são influenciadoras da aplicação da regra padrão. Nossa pesquisa evidenciou que tanto os fatores linguísticos quanto os extralinguísticos, selecionados pelo programa Goldvarb 2001, são fortes influenciadores da realização da concordância verbal de terceira pessoa do plural.
O isolamento social impôs ao mundo uma nova forma de pensar o desenvolvimento das pesquisas científicas, sobretudo nas áreas das humanidades, cujo contato social é imprescindível para desenvolvimento de pesquisas. Dessa forma, o X Encontro de Sociolinguística propôs realizar esse debate para contribuir com as pesquisas em Sociolinguística, as quais tradicionalmente dependem muito de entrevistas.
Assim como em outros áreas, recorrer às tecnologias existentes, principalmente que utilizam os meios remotos, tem sido a atual prática para a coleta de dados. Além disso, tem-se buscado outras formas de obtenção de informações para empreender análises linguísticas a partir do perfil social dos falantes que possam dar as respostas científicas que tanto se espera na área de conhecimento objeto deste evento: a Sociolinguística.
Ao longo de quatro dias, o evento possibilitou alguns espaços para essas discussões e tantas outras: conferências, mesas-redondas e sessões de comunicação. Tal panorama pode ser conferido através dos resumos que compõem estes anais, os quais trazem apenas os temas que foram debatidos nas sessões por seus respectivos autores e os demais participantes.
Desejamos que os trabalhos que foram apresentados possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento das diversas pesquisas em Sociolinguística e todas as interfaces possíveis que outras áreas dos estudos da linguagem.
Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora
Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma L F Almeida
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias
André Pedro da Silva
Antônio Félix de Souza Neto
Clézio Roberto Gonçalves
Cristina Carvalho
Emília Helena Portella Monteiro de Souza
Mariana Fagundes de Oliveira Lacerda
Norma Lucia Fernandes de Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko. Freitag
Ricardo Nascimento Abreu
Sandra Carneiro
Sandro Márcio Drumond Alves Marengo
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais