O presente trabalho se propõe a analisar aspectos relativos à variação diatópica e aquele que, talvez, seja o principal mito relacionado à fala maranhense. Nota-se, conforme aponta Miranda (2019), que muitos maranhenses tem a noção de que a fala do estado seria a mais "correta" quando comparada a do restante do país. Esse pensamento estereotipado e simplório tem sido o alicerce sobre o qual o preconceito linguístico tem se sustententado em muitas vezes. Portanto, esta pesquisa discutirá como tal compreensão foi construida de maneira histórica, social e cultural até se tornar tão visível nos últimos tempos. Além disso, apresentaremos o porquê de de essa compreensão ser errônea. Para tanto, buscou-se referencial teórico em Bagno(2002, 2015), Bortoni-Ricardo (2014), Faraco (2008), Miranda(2014, 2019) entre outros. É importante mencionar que se trata de um estudo de caso alicerçado nos princípios teórico-metodológicos da teoria da variação, decorrentes dos trabalhos de Labov (2008). De maneira mais específica, a pesquisa analisa as crenças que 90 pessoas da cidade de Caxias - MA tem a respeito da própria fala, que foram documentadas por Miranda (2018, 2019). Pontua-se que esta é uma pesquisa que reúne ainda aspectos de cunho bibliográfico e abordagem qualitativa, uma vez que considera produções teóricas relevantes na área para fundamentar e dar sentido aos resultados encontrados. Dessa forma, é possível dizer que o projeto tem possibilitado um maior entendimento no que tange às marcas da fala maranhense em uma prespectiva sociolinguística, evitando hierarquisar dadas variedades de fala. Ademais, o trabalhos permitiu vislumbrar possibilidades para superar a ideia de que uma variante de uma língua é mais válida que outras.
O isolamento social impôs ao mundo uma nova forma de pensar o desenvolvimento das pesquisas científicas, sobretudo nas áreas das humanidades, cujo contato social é imprescindível para desenvolvimento de pesquisas. Dessa forma, o X Encontro de Sociolinguística propôs realizar esse debate para contribuir com as pesquisas em Sociolinguística, as quais tradicionalmente dependem muito de entrevistas.
Assim como em outros áreas, recorrer às tecnologias existentes, principalmente que utilizam os meios remotos, tem sido a atual prática para a coleta de dados. Além disso, tem-se buscado outras formas de obtenção de informações para empreender análises linguísticas a partir do perfil social dos falantes que possam dar as respostas científicas que tanto se espera na área de conhecimento objeto deste evento: a Sociolinguística.
Ao longo de quatro dias, o evento possibilitou alguns espaços para essas discussões e tantas outras: conferências, mesas-redondas e sessões de comunicação. Tal panorama pode ser conferido através dos resumos que compõem estes anais, os quais trazem apenas os temas que foram debatidos nas sessões por seus respectivos autores e os demais participantes.
Desejamos que os trabalhos que foram apresentados possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento das diversas pesquisas em Sociolinguística e todas as interfaces possíveis que outras áreas dos estudos da linguagem.
Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora
Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma L F Almeida
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias
André Pedro da Silva
Antônio Félix de Souza Neto
Clézio Roberto Gonçalves
Cristina Carvalho
Emília Helena Portella Monteiro de Souza
Mariana Fagundes de Oliveira Lacerda
Norma Lucia Fernandes de Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko. Freitag
Ricardo Nascimento Abreu
Sandra Carneiro
Sandro Márcio Drumond Alves Marengo
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais