O uso do verbo chegar no Português do Brasil: variação e mudança linguística

  • Autor
  • Nayara Crisley Barreto Brasil Farias Rocha
  • Co-autores
  • Vânia Raquel Santos Amorim , Elenita Alves Barbosa , Milca Cerqueira Elinger Silva
  • Resumo
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    O uso do verbo chegar no Português do Brasil: variação e mudança linguística

     

    Nayara Crisley Barreto Brasil Farias Rocha/PPGLIN/UESB(ncbbrocha@gmail.com)

    Elenita Alves Barbosa/PPGLIN/UESB (nitajord@hotmail.com)

    Milca Cerqueira Elinger Siva/PPGLIN/UESB (Kinhacerqueira@hotmail.com)

    Vania Raquel Santos Amorim /PPGLIN/UESB (quelva@hotmail.com)

     

     

     

    Neste trabalho, investigamos o uso do verbo chegar no português do Brasil, mais especificamente no vernáculo conquistense, observando o comportamento desse item dentro e fora de estruturas do tipo [V1 (e) + V2], nas quais o mesmo figura em funções que se diferem daquelas prototípicas, a saber: verbo pleno, de movimento. Para tanto, fizemos uso do aporte teórico da Sociolinguística tomando como referência, principalmente, Weinreich, Labov , Herzog  (2006); Labov (2008).  O nosso objetivo é o de analisar o uso do verbo chegar em posição V1, na qual esse verbo exerce a função ora de auxiliar/suporte de V2, ora de aspectualizador da oração. Para tanto, foram considerados variáveis linguísticas e extralinguísticas e a amostra utilizada foi composta por 48 entrevistas extraídas de dois corpora orais, o Corpus do Português Popular de Vitória da Conquista (Corpus PPVC) e o Corpus do Português Culto de Vitória da Conquista (Corpus PCVC). As entrevistas foram selecionadas segundo três faixas etárias, (a) faixa I – de 15 a 25 anos; (b) faixa II – de 26 anos a 50 anos; (c) faixa III – de 50 anos em diante, e respeitando as seguintes especificações: 24 entrevistas de informantes do sexo masculino e outras 24 de informantes do sexo feminino. Os dados revelaram 342 ocorrências com o verbo chegar, das quais 78.5% foram do vocábulo fora das perífrases verbais, mas com nível de abstratização de 0.7% e, 21.5% foram do mesmo item dentro de estruturas do tipo [V1 (e) + V2], na qual chegar apresenta 47.7% de abstratização e exerce função auxiliar de V2. Nossa investigação partiu da hipótese de que chegar na língua portuguesa falada passa um processo de abstratização, no qual uma das principais evidencias é a perda do sentido de movimento de um ponto X para um ponto Y. A partir de prescritivas e descritivas,  constatamos, do ponto de vista linguístico, que: o uso de chegar para indicar movimento já nasce de um processo cognitivo, quer seja, analogia ou reanálise; o verbo chegar passa por diferentes níveis de abstratização; quanto maior o nível de abstração do verbo chegar, mais o item se fixa como um verbo auxiliar; E, com relação às variáveis extralinguísticas, constatamos que: a faixa etária do informante é uma variável que influencia tanto a conservação da variante prototípica do verbo chegar quanto o uso da variante auxiliar;  o cruzamento das variáveis extralinguísticas possibilita entendermos que falantes mais novos e mais escolarizados são os que mais contribuem para o uso de chegar auxiliar em perífrases do tipo [V1 (e) + V2]. A respeito da variável sexo, podemos concluir que tanto homens quanto mulheres fazem uso da variante auxiliar, mas os falantes do sexo feminino consideram a forma importante para maior expressividade.

    Palavras-chave: Sociolinguística. Variação. Chegar. Perífrase.

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Palavras-chave
  • Sociolinguística. Variação. Chegar. Perífrase.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Sociolinguística
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DESAFIOS DO ISOLAMENTO SOCIAL PARA A PESQUISA EM SOCIOLINGUÍSTICA E INTERFACES

 

O isolamento social impôs ao mundo uma nova forma de pensar o desenvolvimento das pesquisas científicas, sobretudo nas áreas das humanidades, cujo contato social é imprescindível para desenvolvimento de pesquisas. Dessa forma, o X Encontro de Sociolinguística propôs realizar esse debate para contribuir com as pesquisas em Sociolinguística, as quais tradicionalmente dependem muito de entrevistas.

Assim como em outros áreas, recorrer às tecnologias existentes, principalmente que utilizam os meios remotos, tem sido a atual prática para a coleta de dados. Além disso, tem-se buscado outras formas de obtenção de informações para empreender análises linguísticas a partir do perfil social dos falantes que possam dar as respostas científicas que tanto se espera na área de conhecimento objeto deste evento: a Sociolinguística.

Ao longo de quatro dias, o evento possibilitou alguns espaços para essas discussões e tantas outras: conferências, mesas-redondas e sessões de comunicação. Tal panorama pode ser conferido através dos resumos que compõem estes anais, os quais trazem apenas os temas que foram debatidos nas sessões por seus respectivos autores e os demais participantes.

Desejamos que os trabalhos que foram apresentados possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento das diversas pesquisas em Sociolinguística e todas as interfaces possíveis que outras áreas dos estudos da linguagem.

Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora

Comissão Organizadora

Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma L F Almeida
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias

 

Comissão Científica

André Pedro da Silva
Antônio Félix de Souza Neto
Clézio Roberto Gonçalves
Cristina Carvalho
Emília Helena Portella Monteiro de Souza
Mariana Fagundes de Oliveira Lacerda
Norma Lucia Fernandes de Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko. Freitag
Ricardo Nascimento Abreu
Sandra Carneiro
Sandro Márcio Drumond Alves Marengo
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias

I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)

 

II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)

 

VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)

 

VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais