Introdução: A segurança alimentar e nutricional é compreendida como a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, seguros e em quantidade suficiente de forma permanente. Por outro lado, a insegurança alimentar é a falta de acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, podendo ser classificada como leve, moderada ou grave. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desempenha um papel essencial nesse cenário, pois ela fornece informações sobre a inserção da população no mercado de trabalho, associadas a características demográficas e de educação, e, também, para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país. De acordo com a PNAD Contínua realizada no quarto trimestre de 2023, dos 78,3 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil, 72,4% estavam em situação de segurança alimentar, enquanto 27,6% encontravam-se em situação de insegurança alimentar. Aspectos como a renda per capita estão relacionados a essas condições, pois a suficiência alimentar depende da interação entre a disponibilidade e acesso desses alimentos. Objetivos: O objetivo deste estudo foi analisar a influência da renda per capita na situação de insegurança alimentar nos domicílios do Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo de revisão integrativa utilizando o banco de dados da última PNAD realizada em 2023 e a base de dados LILACS. A revisão foi realizada em março de 2025, considerando uma busca por artigos dos últimos 5 anos. Utilizou-se os seguintes descritores para busca: Insegurança Alimentar e Renda, consultados no DeCS – Descritores em Ciências da Saúde. Foram incluídos artigos de 2020 a 2025 em língua portuguesa. A PNAD Contínua foi consultada no site do IBGE. Foram excluídos artigos de línguas estrangeiras, artigos de revisão de literatura, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. Resultados: Inicialmente foram encontrados 115 artigos, na base de dados LILACS. Após seleção, 3 artigos foram selecionados. Um estudo, realizado em 2021, buscou investigar a relação entre a segurança alimentar e a renda familiar em Sergipe. Identificou-se uma prevalência de 51,10% de domicílios em situação de insegurança alimentar entre os 94 analisados. A predominância de insegurança alimentar nos domicílios analisados mostrou que a renda familiar é o fator que mais contribui para essa situação nas famílias. Outro estudo, realizado no Maranhão com 150 pessoas em uma comunidade carente, avaliou a situação de insegurança alimentar e nutricional (IAN) dos indivíduos, sendo constatado que 94% apresentaram IAN. No que se refere à renda, 70,7% tinham renda mensal inferior a um salário-mínimo. A prevalência de insegurança alimentar foi elevada entre os indivíduos investigados e mostrou-se associada à menor renda. Em outra pesquisa, avaliou-se os fatores associados à insegurança alimentar de famílias residentes na zona urbana do Estado do Tocantins. Foram avaliados 596 domicílios, dos quais 63,4% apresentaram situação de insegurança alimentar. Em relação aos dados da PNAD Contínua de 2023, os casos de insegurança alimentar moderada ou grave se concentraram nas três primeiras classes de rendimento delimitadas por ¼, ½ e 1 salário-mínimo. Conclusão: A renda familiar influencia diretamente o acesso à alimentação adequada. Famílias de baixa renda têm maior dificuldade em garantir uma alimentação adequada, o que compromete a saúde e a qualidade de vida. Nos domicílios com insegurança alimentar moderada os moradores, sobretudo os adultos da família, passaram a conviver no período de referência com a restrição quantitativa de alimentos. O nível de insegurança alimentar grave significa que, além dos membros adultos, as crianças, quando presentes, também passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à sua expressão mais aguda, a fome. Essa análise contribui para a compreensão da insegurança alimentar no Brasil. No entanto, é importante também considerar outras variáveis como sexo, escolaridade e outras características socioeconômicas para a compreensão da insegurança alimentar e busca de ações para garantir o acesso a uma alimentação saudável e suficiente para as famílias.
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