Introdução: A acne inflamatória representa uma das condições dermatológicas mais prevalentes globalmente, com impacto particularmente relevante na saúde da mulher, afetando até 50% das mulheres adultas e persistindo frequentemente além dos 25 anos. Sua fisiopatologia multifatorial envolve hiperqueratinização folicular, produção sebácea excessiva, colonização por Cutibacterium acnes e resposta inflamatória exacerbada. Dietas ocidentalizadas, caracterizadas por alto índice glicêmico e baixo consumo de ácidos graxos ômega-3, podem contribuir para a gravidade da acne através de mecanismos pró-inflamatórios e desregulação hormonal. Os ácidos graxos ômega-3 apresentam propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras que potencialmente antagonizam vias fisiopatológicas fundamentais no desenvolvimento da acne. ????Objetivo: Revisar os efeitos da suplementação de ácidos graxos ômega-3 na terapia adjuvante da acne vulgar. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura que foi desenvolvida a partir da seguinte pergunta norteadora: “Há evidências quanto aos efeitos da suplementação de ácidos graxos ômega-3 no tratamento da acne vulgar?”. A pesquisa bibliográfica foi realizada em abril de 2025 na base de dados National Library of Medicine (PubMed), a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (Decs): “Fatty Acids, Omega-3”, “Acne Vulgaris” e “Dietary Supplements” que foram combinados com o operador boleano AND. Foram adotados como critérios de inclusão: ensaios clínicos publicados em inglês no período de 2019 a 2025 que tiveram como objeto de estudo a implementação de suplementação de Ômega-3 em pessoas com acne vulgar. Foram excluídos da pesquisa os artigos do tipo revisão de literatura e os estudos experimentais com animais. A busca inicial encontrou 29 artigos científicos, na sequência foi realizada a leitura dos títulos desses trabalhos aplicando os critérios de elegibilidade, sendo selecionados 6 estudos, dos quais apenas três permaneceram a partir da leitura do trabalho na íntegra. Resultados: A presente análise observou resultados benéficos da suplementação com ômega-3 no manejo da acne vulgar, condição frequentemente associada a mecanismos inflamatórios. Os resultados demonstraram que níveis mais altos de ácido docosahexaenoico (DHA), estão associados à redução do risco de acne (? = –0,303; IC 95%: –0,480 a –0,126), com efeito ainda mais evidente quando considerado seu percentual entre os ácidos graxos totais (? = –0,402; IC 95%: –0,651 a –0,258). Por outro lado, níveis elevados de ácido linoleico (LA) e uma maior razão ômega-6:ômega-3 foram associados ao aumento do risco da condição (? = 0,768 e ? = 0,373, respectivamente), evidenciando o papel inflamatório do desequilíbrio entre esses ácidos graxos. Também se observou em um estudo que 98,3% dos pacientes apresentavam deficiência de EPA/DHA. Com a suplementação, o índice médio de HS-ômega-3® aumentou de 4,9% para 8,3%. Além disso, verificou-se melhora significativa nas lesões inflamatórias e não inflamatórias, bem como na qualidade de vida geral dos participantes. Em termos de hábitos alimentares, foi registrada uma redução notável no consumo de leite de vaca e derivados. Tais evidências reforçam o papel da nutrição como estratégia terapêutica adjuvante no controle da acne vulgar, destacando o potencial anti-inflamatório e modulador do ômega-3 na saúde da pele. Conclusão/Considerações finais: A suplementação com ácidos graxos ômega-3 demonstra potencial como terapia adjuvante no manejo da acne vulgar, destacando seus potenciais benefícios anti-inflamatórios e moduladores da resposta imunológica. No entanto, o número restrito de ensaios clínicos, amostras reduzidas e variações nos protocolos de intervenção, evidenciam a necessidade de mais pesquisas clínicas, com maior padronização e acompanhamento a longo prazo, para que se possa validar esses achados, a fim de consolidar o uso do ômega-3 como recurso terapêutico efetivo e seguro no manejo da acne vulgar.
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Camila Pinheiro Pereira
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