SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO NA PREVENÇÃO DE PRÉ-ECLÂMPSIA NA GESTAÇÃO: REVISÃO DESCRITIVA

  • Autor
  • FABIANA DE OLIVEIRA BARBOSA
  • Co-autores
  • ISADORA NOGUEIRA VASCONCELOS
  • Resumo
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    Introdução: A gravidez é um momento que exige cuidados especiais com a saúde da mãe e do bebê, sendo a nutrição uma peça-chave para evitar complicações durante esse período. Entre os micronutrientes mais importantes podemos citar o cálcio que desempenha um papel essencial na prevenção de distúrbios hipertensivos, como a pré-eclâmpsia, caracterizado por um novo início de hipertensão com proteinúria significativa após 20 semanas de gestação, que está entre as principais causas de morte materna e perinatal no Brasil. A realidade em muitos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, revela que a deficiência de cálcio é comum entre mulheres de 19 a 59 anos, o que torna sua suplementação uma medida essencial de saúde pública. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar a suplementação de cálcio como uma estratégia preventiva. Com base nesse contexto, torna-se fundamental entender não só os benefícios da suplementação de cálcio, mas também os obstáculos para sua implementação e o impacto potencial na saúde de mães e bebês. Objetivos: Esse estudo busca evidenciar a eficácia da suplementação de cálcio durante a gestação na prevenção de distúrbios hipertensivos como a pré-eclâmpsia, revisando a literatura científica. Métodos: Trata-se de uma revisão descritiva baseada em estudos nacionais e internacionais, incluindo dados da Nota Técnica Conjunta nº 251/2024 do Ministério da Saúde, e em evidências recentes sobre a suplementação de cálcio em gestantes. Realizou-se   o   cruzamento   dos   descritores   em   português   cadastrados   em Descritores em Ciência da Saúde (DeCS): “Cálcio da dieta”, “prevenção”, “pré eclampsia” e “hipertensão gestacional”. As fontes incluem publicações nacionais e internacionais extraídas de plataformas como SciELO, PubMed e revistas científicas de acesso aberto. Foram analisadas diretrizes oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, estudos qualitativos e ensaios clínicos randomizados envolvendo gestantes em contextos de vulnerabilidade social e/ou risco clínico elevado para distúrbios hipertensivos. Resultados: Com base na análise dos estudos, os achados foram que, a suplementação de cálcio com carbonato de cálcio mostrou ser eficaz na redução dos níveis de pressão arterial em gestantes, especialmente devido a modulação hormonal que ocorre pela redução do paratormônio e da liberação de renina pelos rins, o que contribui para a vasodilatação e melhora dos marcadores associados à pré-eclâmpsia como ureia, creatinina e proteinúria. Pesquisas demonstraram que doses moderadas, como 500 mg por dia, já podem trazer benefícios significativos, especialmente para gestantes de alto risco. No entanto, em países em desenvolvimento como o Brasil, onde a ingestão média de cálcio entre gestantes é inferior a 600 mg/dia, essa deficiência é agravada por restrições alimentares e dificuldade de acesso a alimentos ricos no mineral, tornando a suplementação uma estratégia essencial de saúde pública. Do mesmo modo há estudos que apontaram a associação de baixa ingesta de cálcio bem como baixos níveis séricos de cálcio com pré-eclampsia, reforçando a importância da suplementação desse mineral. Desde 2011, o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou a suplementação de cálcio ao protocolo de pré-natal, e em 2024, a Nota Técnica nº 251/2024 atualizou as diretrizes, recomendando a suplementação universal a partir da 12ª semana de gestação, com uma dose de 1.250 mg/dia, dividida em dois comprimidos. Essa medida pode reduzir o risco de pré-eclâmpsia em até 55%, além de contribuir para a diminuição da morbimortalidade materna e neonatal e reduzir desigualdades sociais no acesso ao cuidado pré-natal. Apesar dos benefícios evidentes, um estudo realizado na Argentina revelou que muitos profissionais de saúde desconhecem a recomendação da OMS para suplementação de cálcio, frequentemente priorizando o ferro e o ácido fólico em detrimento do cálcio. Além disso, há percepções de que o cálcio deve ser obtido exclusivamente pela alimentação, e que os suplementos são considerados inacessíveis para a população de baixa renda. As barreiras para implementação dessa prática incluem a falta de diretrizes locais claras, dificuldades logísticas no fornecimento dos suplementos, e a ausência de capacitação dos profissionais, além do conhecimento limitado sobre os benefícios da suplementação. Portanto, os estudos destacam que é imprescindível investir em educação em saúde, tanto para profissionais da atenção básica quanto para as gestantes, visando ampliar a adesão às diretrizes nutricionais e otimizar os resultados no cuidado pré-natal. Conclusão/Considerações finais: A suplementação de cálcio durante a gestação é uma estratégia eficaz, acessível e com grande potencial para prevenir a pré-eclâmpsia, especialmente em gestantes com maior risco ou em situação de vulnerabilidade. Diante disso, é essencial fortalecer a divulgação dessas diretrizes entre os profissionais da atenção básica, garantir o fornecimento regular e gratuito do suplemento nas unidades de saúde, e investir em ações educativas que ajudem as gestantes a entenderem a importância do cálcio para sua saúde e a do bebê. Também é necessário incentivar novas pesquisas que avaliem diferentes doses e esquemas de suplementação, especialmente em grupos específicos como adolescentes e gestantes com comorbidades. Além disso, é fundamental integrar o cálcio às demais ações nutricionais do pré-natal, sem que ele concorra com o ferro e o ácido fólico, mas que complemente o cuidado nutricional da gestante. Com boas políticas públicas e educação em saúde, é possível transformar a suplementação de cálcio em uma importante aliada na redução das complicações da gravidez e na promoção da saúde materna e infantil no Brasil.

     

  • Palavras-chave
  • Suplementação de cálcio, Pré eclâmpsia, Saúde materna
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Nutrição em Saúde coletiva
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