Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) representa atualmente uma das principais enfermidades crônicas que afetam a saúde pública em âmbito global, com crescimento expressivo nas últimas décadas. Segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (2016), mais de 400 milhões de indivíduos em todo o mundo convivem com a doença, a qual está associada a altas taxas de complicações, mortalidade precoce e elevado custo para os sistemas de saúde. Além disso, estão entre os principais fatores que explicam esse avanço estão as mudanças no padrão alimentar, o estilo de vida cada vez mais sedentário e o envelhecimento da população. O DM2 é uma condição crônica muito comum entre os idosos e representa um enorme desafio para a saúde pública mundial. Com o envelhecimento da população e o aumento das complicações decorrentes do descontrole glicêmico, diversas estratégias têm sido estudadas para melhorar o controle dos níveis de glicose. Nessa perspectiva, o extrato de Cinnamomum zeylanicum, conhecido popularmente como canela do Ceilão, tem ganhado destaque por suas propriedades anti-inflamatórias e hipoglicemiantes. Esses atributos sugerem que ele possa ajudar a modular os níveis de glicose em pessoas diabéticas (Liu et al., 2015; Zelicha et al., 2024).Objetivos: Este trabalho tem como objetivo principal analisar, a partir de ensaios clínicos nos últimos dez anos, se a administração de Cinnamomum zeylanicum pode influenciar no controle glicêmico em pacientes com diabetes, com um foco especial na população idosa.Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa dos ensaios clínicos publicados entre 2015 e 2025,que continham os descritores Diabetes Mellitus AND Aged AND Cinnamomum zeylanicum ,que estavam disponíveis com acesso completo e gratuito nas bases de dados PubMed, SciELO e BVS. Os estudos selecionados foram aqueles que abordaram o uso de Cinnamomum zeylanicum no manejo do controle glicêmico em diabéticos – preferencialmente envolvendo idosos – e que apresentavam dados sobre glicemia de jejum, picos pós-prandiais ou outros parâmetros correlacionados. Foram desconsiderados os artigos duplicados ou aqueles que não respondiam à questão norteadora. Resultados: Foram considerados cinco estudos, após analisados indicaram que o uso de suplementos ou extratos de canela pode trazer melhorias nos parâmetros glicêmicos. Um exemplo disso é o estudo de Liu et al. (2015) no qual foi utilizado 1,2 g/dia de um suplemento contendo Cinnamomum zeylanicum, cromo e carnosina, administrado em cápsulas, duas vezes ao dia antes das refeições principais, por quatro meses. A intervenção foi realizada com indivíduos pré-diabéticos com sobrepeso ou obesidade com idade entre 25 e 65 anos. Os autores observaram uma redução significativa da glicemia de jejum e aumento da massa magra nos participantes do grupo intervenção. Esses achados sugerem um possível efeito preventivo na progressão para diabetes. De maneira complementar, Moreira et al. (2024) demonstraram por meio de um ensaio clínico randomizado crossover, através da administração de Cinnamomum zeylanicum cru (pó de canela) em duas formas: dissolvido em água (como bebida) e em cápsulas, em doses únicas de 3 g e 6 g, 15 minutos antes do café da manhã. O estudo envolveu 19 homens com diabetes tipo 2, entre 30 e 60 anos. Os resultados mostraram que, quando consumido em pó dissolvido em água, houve redução significativa dos picos glicêmicos pós-prandiais. O mesmo não foi observado com o uso em cápsulas, indicando a importância da forma de administração na eficácia glicêmica., evidenciando a importância da forma farmacêutica na biodisponibilidade dos compostos ativos. Além disso, estudos mais recentes, como o realizado por Muthukuda et al. (2025), foi utilizado um extrato padronizado de Cinnamomum zeylanicum, na dose de 1 g/dia, administrado em cápsulas de 500mg 30 minutos antes das refeições café da manhã e jantar, durante 12 semanas, em 150 adultos com risco metabólico e média de 50,4?±?10,5 anos . O grupo que recebeu o extrato apresentou redução significativa da glicemia de jejum ao final do período, especialmente entre os participantes com diagnóstico de diabetes tipo 2. Em outro estudo, Zelicha et al. (2024) um estudo duplo-cego e cruzado, 18 indivíduos com obesidade e pré-diabetes e média de 51,1?±?10,4 anos receberam 4 g/dia de Cinnamomum zeylanicum em pó, dividido em duas doses diárias, antes do almoço e do jantar, por quatro semanas. Os resultados mostraram redução significativa nos níveis médios de glicose monitorada continuamente ao longo de 24 horas adultos com pré-diabetes e nos picos glicêmicos após refeições, quando comparado ao placebo. O que reforça a hipótese de que a Cinnamomum zeylanicum pode melhorar o controle glicêmico quando inserida em uma abordagem nutricional. De forma indireta, esses resultados indicam que, apesar das variações nos métodos e das diferenças entre as populações estudadas, o efeito hipoglicemiante da Cinnamomum zeylanicum tende a ser um achado recorrente. No entanto, é importante considerar que fatores como a dose, a forma de administração e as características individuais dos pacientes (como o grau de inflamação ou resistência insulínica) podem influenciar a resposta terapêutica (Talaeei et al., 2017; Moreira et al., 2024). Como ressaltou Moreira et al. (2024), a eficácia do tratamento com canela pode depender fortemente da forma de ingestão, uma vez que a dissolução em água potencializa o efeito benéfico sobre o pico glicêmico. Conclusão/Considerações finais: Os ensaios clínicos estudados nesse trabalho sugerem que a utilização de Cinnamomum zeylanicum tem potencial para contribuir no controle glicêmico de pacientes diabéticos, principalmente quando administrado de forma que maximize a biodisponibilidade dos seus compostos ativos. Embora os resultados sejam promissores, é fundamental que novos estudos se concentrem especificamente na população idosa e definam protocolos padronizados quanto à dose e à forma de administração para essa faixa etária. Diante disso, é imprescindível que futuras pesquisas sejam feitas para esclarecer melhor o papel da canela do Ceilão no manejo do Diabetes Mellitus em idosos e ajudar na elaboração de estratégias terapêuticas complementares para a prática clínica.
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