EFEITOS DA VITAMINA D NO TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

  • Autor
  • GISELE DE SOUSA RODRIGUES
  • Co-autores
  • LARISSA TUANE GONÇALVES COSTA , MEYSSA PEREIRA OLIVEIRA , TERESA LARISSA FURTADO MARTINS , LEONARDO FURTADO DE OLIVEIRA
  • Resumo
  •  

    Introdução: A vitamina D, uma vitamina lipossolúvel, é sintetizada na pele pela exposição à radiação ultravioleta B (UVB). Seus precursores inativos, ergocalciferol (D2) e colecalciferol (D?), são convertidos em sua forma ativa (Calcidiol ou calcifediol) no fígado e nos rins após a exposição aos raios UVB. A alimentação também fornece essa vitamina, que é ingerida em formas inativas, com principais fontes sendo óleos de fígado de peixe, laticínios, ovos e margarinas enriquecidas. Dentre as várias funções do calciferol, destacam-se seu envolvimento na manutenção das concentrações normais de cálcio e fósforo no soro sanguíneo, além da inibição da proliferação celular no cérebro, rins, próstata, mama, entre outros tecidos. Além disso, o calciferol é conhecido por modular o sistema imune. A endometriose, por sua vez, é classificada como uma doença ginecológica crônica, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Atualmente, essa condição é considerada uma doença sistêmica, em vez de uma enfermidade que afeta predominantemente a pelve. Com isso, a endometriose afeta o metabolismo no fígado e no tecido adiposo, leva à inflamação sistêmica e altera a expressão de genes no cérebro, causando transtornos de humor. Considerando o potencial da vitamina D na modulação do sistema imunológico, o objetivo desta revisão foi avaliar seu efeito no tratamento da endometriose. Métodos: A pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica, desenvolvida a partir da pergunta norteadora: “Quais são os efeitos da vitamina D no tratamento da endometriose? ”. A busca foi realizada na literatura dos últimos cinco anos, na base de dados PubMed Central (PMC), em março de 2025. Os estudos foram obtidos a partir do cruzamento dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Vitamina D”, “Colecalciferol” e “Endometriose”, e seus correspondentes em inglês, utilizando os operadores booleanos “AND” e “OR”. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos gratuitos publicados em português, inglês e espanhol, que investigaram a relação da vitamina D com a endometriose em mulheres de todas as faixas etárias. Foram excluídos estudos de revisão de literatura, teses, meta-análises, periódicos repetidos, dissertações, relatos de casos, estudos com animais ou in vitro. Resultados: Na triagem inicial, foram identificados 183 estudos. Após a aplicação dos filtros, restaram 67. A partir da leitura dos títulos, 14 artigos foram selecionados e, após a leitura dos resumos, esse número foi reduzido para 6. Por fim, após a leitura completa dos textos, 6 estudos foram incluídos na revisão, os quais demonstraram que a deficiência de vitamina D parece desempenhar um papel relevante na patogênese da endometriose. Apenas um trabalho científico não obteve resultados significativos quanto à relação entre colecalciferol e a doença. Esse estudo clínico randomizado avaliou o impacto da suplementação de vitamina D (50.000 UI a cada 2 semanas, por 12 semanas) na dor pélvica e em marcadores metabólicos de mulheres com endometriose. O grupo tratado apresentou redução significativa da dor pélvica (p = 0,03) e melhora na relação colesterol total/HDL (p = 0,04). Além disso, houve uma diminuição significativa nos níveis de proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-CRP) (p < 0,001) e um aumento na capacidade antioxidante total (TAC) (p = 0,001), reforçando os efeitos metabólicos e anti-inflamatórios da vitamina D. Outro estudo populacional analisou 4.232 mulheres, das quais 257 foram diagnosticadas com a patologia e 2.975 não apresentavam a doença. A média dos níveis séricos de 25(OH)D foi de 21,36 ± 10,01 ng/mL, sendo que 46,44% das participantes apresentavam insuficiência de vitamina D (< 20 ng/mL), enquanto 53,56% apresentavam concentrações adequadas (? 20 ng/mL). A análise estatística revelou uma associação inversa significativa (p < 0,05) entre os níveis séricos de 25(OH)D e o risco de desenvolver endometriose, sugerindo que concentrações adequadas de vitamina D podem estar relacionadas a uma menor prevalência da doença. Uma investigação genética demonstrou que a deficiência de vitamina D está associada à alteração dos receptores endometriais, sendo os níveis séricos mais baixos correlacionados à maior prevalência de dor pélvica (p < 0,001). Além disso, a análise de variantes genéticas identificou uma associação estatisticamente significativa entre o gene do receptor de vitamina D (VDR) e o desenvolvimento da endometriose. A frequência do alelo G do polimorfismo BsmI do gene VDR foi consideravelmente maior em pacientes com endometriose do que no grupo controle (OR = 1,93; IC95% = 1,082–3,450; p = 0,048), evidenciando um possível papel genético na predisposição à doença. Além disso, experimentos laboratoriais demonstraram que a vitamina D possui efeitos imunomoduladores no endométrio, reduzindo a produção de citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-?) e a interleucina 6 (IL-6), em células endometriais tratadas com ácido lipoteicoico (LTA) (p < 0,001). Também foi observado que a vitamina D regula os receptores tipo Toll 2 (TLR2), tipo Toll 4 (TLR4) e a proteína de resposta primária de diferenciação mieloide 88 (MyD88), essenciais para a homeostase imunológica, contribuindo para um ambiente endometrial menos propenso à inflamação crônica. Em outro ensaio clínico, a suplementação de vitamina D influenciou a atividade da ?-catenina, molécula-chave da via de sinalização Wnt/?-catenina, em mulheres com endometriose. Após 12 a 14 semanas de tratamento, a expressão da forma ativa da ?-catenina apresentou uma redução significativa no grupo tratado (p = 0,000). Além disso, a diferença entre os grupos controle e tratado também foi estatisticamente significativa após a intervenção (p = 0,012). Outra pesquisa sugere que a suplementação de vitamina D pode contribuir para a redução dos sintomas da endometriose, incluindo dor pélvica e impactos psicoemocionais. Esses efeitos são ainda mais evidentes quando a vitamina D é associada a terapias hormonais, como o agonista do hormônio liberador de gonadotrofina (aGnRH 3,75 mg) ou o progestágeno dienogeste 2 mg. Os achados reforçam o potencial da vitamina D como adjuvante terapêutico no manejo da endometriose, com resultados estatisticamente significativos (p < 0,05). Conclusão/Considerações finais: Com base nos estudos desta revisão, a suplementação de vitamina D mostra-se promissora no tratamento da endometriose em mulheres. No entanto, são necessários novos estudos com intervenções mais prolongadas e que considerem a gravidade da doença, bem como pesquisas que avaliem seu potencial preventivo.

  • Palavras-chave
  • Vitamina D, Endometriose, Suplementação.
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  • Nutrição Clínica
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