Introdução: A fibromialgia (FM) pode ser caracterizada como uma síndrome dolorosa crônica que é manifestada no aparelho músculoesquelético, podendo afetar outros sistemas; o humor; a rotina diária; e a qualidade de vida dos pacientes. Essa é uma doença multifatorial que pode ter relação com a genética, fatores psicológicos, físicos e ambientais. Essa síndrome não tem cura, mas, com um tratamento adequado, é possível diminuir os seus sintomas. A vitamina D3, ou colecalciferol, é um nutriente indispensável para a saúde do corpo humano, incluindo a dos ossos e músculos, além de ter um papel fundamental na homeostase do sistema imunológico e na modulação de dor. Diante disso, algumas investigações sobre a eficiência e eficácia da suplementação de colecalciferol em pacientes acometidos pela FM mostram-se promissoras, pois sugerem que esse nutriente essencial auxilia na redução da sintomatologia dessa síndrome. Objetivos: Revisar na literatura atual os efeitos da suplementação de vitamina D na fibromialgia, analisando se ela contribui para a redução de sintomas e, por consequência, na qualidade de vida de indivíduos afetados pela síndrome da fibromialgia. Métodos: O estudo trata-se de uma revisão integrativa realizada a partir da seguinte pergunta norteadora: ”A suplementação de colecalciferol contribui para a redução dos sintomas e a melhora da qualidade de vida em indivíduos com fibromialgia?” A busca foi feita nos meses de março e abril de 2025, através da análise e seleção de artigos publicados entre 2017 e 2023, realizada nas bases de dados, National Center for Biotechnology Information (Pubmed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO); utilizando os seguintes Descritores da Saúde (DECs): "Fibromialgia"; "Colecalciferolo"; "Qualidade de Vida" e suas combinações. Foram selecionados apenas trabalhos disponíveis na íntegra, que envolvessem participantes diagnosticados com fibromialgia e que respondessem à pergunta norteadora. Incluíram-se, preferencialmente, estudos com maior rigor metodológico, como clínico transversal, cego ou duplo cego e de caso-controle, controlados por placebo ou crossover. Foram excluídos artigos de revisão integrativa, artigos duplicados, estudos divulgados via monografia, trabalho de conclusão de curso, bem como aqueles que relacionassem a fibromialgia a outras doenças ou a vitamina D a outros nutrientes. Resultados: A análise da literatura científica consultada revela uma correlação notável entre concentrações séricas reduzidas de vitamina D e a manifestação da fibromialgia. Investigações preliminares sugerem que a administração de suplementos de colecalciferol (vitamina D?) pode estar associada à atenuação de certos sinais e sintomas comumente observados na fibromialgia, como a intensidade da dor referida pelos pacientes (Carvalho et al., 2018). Como exemplo, recrutaram 11 pacientes do sexo feminino com fibromialgia e níveis de 25(OH)D ? 30 ng/mL, administrando 50.000 UI de vitamina D oralmente uma vez por semana durante 3 meses. Embora tenha sido observada melhora sintomática, a quantificação estatística detalhada dessa melhora não foi apresentada. (Carvalho et al., 2018). Em vista disso, é importante notar a natureza multifatorial da síndrome de fibromialgia (SFM), cuja expressão clínica é complexa e abrange uma variedade de manifestações, incluindo depressão e ansiedade, além de rigidez e limitação da funcionalidade física decorrente de dores musculares. Essas manifestações estão intrinsecamente relacionadas ao bem-estar psíquico dos indivíduos. Nesse contexto, a forma metabolicamente ativa da vitamina D, a 1,25(OH)?D demonstra desempenhar um papel significativo no desenvolvimento e na manutenção da integridade do sistema musculoesquelético, sendo sua deficiência associada a queixas de dores musculares e ósseas (Dogru et al., 2017). Entretanto, uma investigação comparativa envolvendo 70 pacientes com fibromialgia e 65 controles com características demográficas semelhantes revelou que, embora 60% da população investigada apresentasse níveis inadequados ou deficientes de colecalciferol, a análise estatística não estabeleceu uma correlação significativa entre os níveis de vitamina D e a melhora sintomatológica da dor (Dogru et al., 2017). De modo similar, um estudo piloto com 80 mulheres na pré-menopausa, com faixa etária de 18 a 50 anos, observou uma alta prevalência de baixos níveis de 25(OH)D (< 25 ng/mL) entre as participantes, o que pode estar associado a uma maior predisposição ao desenvolvimento da SFM e à presença de dor, mesmo em mulheres consideradas saudáveis (Akard et al., 2020). Em contrapartida, ao considerar o conjunto de estudos analisados, levanta-se a hipótese de que a relação entre os níveis de vitamina D e a fibromialgia pode ser positivamente influenciada pela suplementação desse nutriente lipossolúvel, gerando potenciais benefícios à qualidade de vida dos indivíduos afetados (Carvalho et al., 2018). Adicionalmente, evidências de um estudo demonstram que a suplementação com 50.000 UI de vitamina D3 por semana durante 12 semanas em 180 pacientes com fibromialgia resultou em reduções significativas. Houve redução nos escores do Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), com p < 0,05, e da Escala Visual Analógica (VAS) para dor, sendo p < 0,01 (Ersoy et al., 2024). Conclusão/Considerações finais: Conclui-se que a deficiência de vitamina D é comum e pode afetar negativamente a qualidade de vida de pacientes com fibromialgia (FM), uma vez que a forma ativa dessa vitamina desempenha um papel relevante no desenvolvimento e na função do sistema musculoesquelético. Em suma, a monitorização dos níveis de 25 (OH) D e a suplementação adequada podem ser estratégias úteis no tratamento complementar da fibromialgia, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos.
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