Introdução: O declínio da cognição em idosos é um processo natural do envelhecimento. Ele envolve uma redução gradual nas funções cognitivas como memória, atenção, raciocínio, linguagem e velocidade de processamento de informações (Scarmeas; Anastasiou; Yannakoulia, 2018, p. 1007). No processo do envelhecimento é comum observar algum grau de declínio funcional relacionado a problemas de saúde associados a essa fase da vida. Em 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil representavam 10,9% da população. Esse valor reflete um crescimento de 57,4% em relação a 2010, quando esse grupo somava cerca de 7,4% da população à época. (Brasil, 2023). Segundo Lindenbaumam et al., (1994) as pessoas idosas apresentam um risco aumentado de desenvolver deficiência de vitamina B12 (cobalamina), sendo presente em 12% da população idosa; e tem sido amplamente associada a alterações neurológicas e cognitivas como perda de memória, confusão mental e declínio cognitivo progressivo; condições que podem se assemelhar ou potencializar quadros de demência, como a Doença de Alzheimer. A vitamina B12 desempenha um papel essencial na manutenção da integridade do sistema nervoso, participando da síntese de neurotransmissores e da mielinização dos neurônios (Zhou et al., 2023). Portanto, diante do envelhecimento populacional e do aumento da prevalência de distúrbios neurodegenerativos, torna-se fundamental compreender a relação entre a vitamina B12 e sua influência na saúde cerebral dos idosos, visando promover diagnósticos mais precoces e intervenções mais eficazes. Objetivos: Revisar na literatura os efeitos da vitamina B12 sobre a função cognitiva em idosos, analisando os processos biológicos envolvidos, os sintomas associados e a relação entre níveis séricos desta vitamina e o desempenho cognitivo. Métodos: O estudo trata-se de uma revisão de literatura realizada a partir da seguinte pergunta norteadora: “Qual efeito da vitamina B12 na função cognitiva em idosos?” A busca foi feita através da análise e seleção de artigos no período de março a abril de 2025, realizada nas bases de dados, National Library of Medicine (Pubmed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO); utilizando os seguintes Descritores da Saúde (DECs): “Vitamina B12”; “Idoso”; “Cognição”; “Envelhecimento” e suas combinações, com o operador booleano “e” e “ou”. Foram selecionados apenas trabalhos disponíveis na íntegra, que tiveram como critério de inclusão ensaios clínicos randomizados, que verifiquem os efeitos da vitamina B12 na função cognitiva em idosos, sem restrição de idioma e corte temporal dos últimos 5 anos. Foram excluídos artigos de revisão de literatura, artigos duplicados, estudos divulgados via monografia e trabalho de conclusão de curso. Resultados: A deficiência de vitamina B12 pode impactar negativamente a função cognitiva. Nos estudos analisados, cinco pesquisas foram identificadas, e quatro delas demonstraram que a suplementação dessa vitamina contribuiu para melhorias cognitivas nos indivíduos avaliados com idade superior a 45 anos, com predominância na população idosa, ou seja, acima de 60 anos (Zhou et al., 2023, p.730). avaliaram o impacto da cobalamina na função cognitiva de idosos com deficiência neurológica por de seis meses, incluindo aumento nos escores MMSE/MoCA e nos níveis séricos de B12, enquanto o grupo controle não demonstrou essas melhorias. As diferenças foram especialmente notáveis na orientação, atenção, cálculo e função visoespacial. 115 indivíduos foram divididos de forma randomizada. Houve melhoras no lóbulo frontal e no aumento dos níveis séricos de B12, ligados ao aprimoramento da bainha de mielina, estrutura responsável pela condução de impulsos elétricos no sistema nervoso. Outro estudo investigou a eficácia da suplementação de B12 em pacientes com comorbidades mais frequentes, como diabetes e hipertensão, tendo como público-alvo indivíduos com 60 anos ou mais, 241 indivíduos foram incluídos. Os resultados mostraram que a deficiência de vitamina B12 esteve presente em indivíduos com demência e também naqueles que faziam uso de medicamentos, como a metformina. O mesmo estudo identificou que a deficiência absoluta esteve associada ao pior desempenho cognitivo global, especialmente em aspectos relacionados à atenção e à leitura. Foi observada uma relação positiva entre níveis séricos adequados desse nutriente e a preservação da função cognitiva em idosos (Aguilar-Navarro et al., 2023). Segundo Chen et al. (2021), a eficácia da vitamina B12 associada ao ácido fólico reduz as citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e a interleucina 24 (IL-24), relacionadas a casos de hiperinflamação na Doença de Alzheimer. Nesse estudo, foram incluídos 120 pacientes que foram distribuídos aleatoriamente suplementados durante seis meses. Da mesma forma, o estudo de Beaudry-Richard et al. (2025), que avaliou idosos de 70 anos, como 231 indivíduos saudáveis, testou biomarcadores de vitamina B12. Esses achados indicam que a forma inativa dessa vitamina não apresenta benefícios funcionais e que os níveis baixos da forma ativa se relacionam à menor condução neural. Assim, esses dados corroboram com a eficácia da suplementação na função cognitiva de idosos em déficit desse nutriente. No entanto, um estudo de Soh, Lee e Won (2020), realizado com a população coreana, não encontrou benefícios significativos entre a suplementação de vitamina B12 e o público estudado, essa relação não se manteve após ajustes para fatores sociodemográficos e clínicos, sendo a idade média dos participantes idosos entre 70 e 84 anos, indicando que indivíduos com níveis adequados de vitamina B12 não necessitam de suplementação. Conclusão/Considerações finais: Conclui-se que a vitamina B12 é de grande importância para a função cognitiva e para a prevenção de distúrbios neurodegenerativos. Ademais, é necessário realizar mais pesquisas, uma vez que a cognição pode ser afetada de forma multifatorial. Estudos de longo prazo podem ser eficazes para confirmar os efeitos da suplementação e estabelecer recomendações clínicas adequadas. Ainda assim, é importante considerar que a função cognitiva saudável em idosos é um fenômeno complexo, envolvendo fatores genéticos, inflamatórios, nutricionais e ambientais, sendo a vitamina B12 apenas um dos elementos desse processo.
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