Introdução: A Taurina (ácido 2-aminoetanossulfônico) é um aminoácido encontrado em tecidos de mamíferos, obtido principalmente pela alimentação, como mariscos, carne vermelha, vísceras, frango, peru, ovos e, mais recentemente, bebidas energéticas. Também pode ser sintetizada endogenamente a partir da metionina pela conversão da homocisteína em cistationina, que se transforma em cisteína. O oxigênio molecular é incorporado à cisteína formando cisteínasulfinato, gerando hipotaurina, que é então oxidada, produzindo taurina. Os papéis funcionais da taurina incluem modulação do estresse do retículo endoplasmático, osmorregulação, estabilização da membrana celular, conjugação de ácidos biliares, metabolismo energético, neuromodulação, ação antioxidante, anti-inflamatória, homeostase do cálcio, além de efeitos hipoglicemiantes, hipolipidêmicos e citoprotetores. A síndrome metabólica (SM), caracterizada por obesidade, hipertensão, dislipidemia e diabetes mellitus tipo 2 (DM2), é fator de risco para doenças cardiovasculares. Aumento do IMC, adiposidade visceral, hiperglicemia, hipertensão e dislipidemia são critérios diagnósticos comuns. O controle da SM é um desafio atual, tendo alimentação inadequada, inatividade física e predisposição genética como fatores contribuintes, sem tratamento exclusivo, apenas medidas preventivas. Por outro lado, sua suplementação está associada à redução do risco de várias doenças, como diabetes, SM, distúrbios musculares, degeneração retiniana, aterosclerose, doenças hepáticas e neurológicas. Objetivos: O presente estudo pretende revisar na literatura os benefícios da suplementação de taurina associados à redução do risco da síndrome metabólica em adultos com sobrepeso. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, por meio da pergunta norteadora “Quais são os potenciais benefícios da suplementação de taurina como medida preventiva para a síndrome metabólica em adultos com sobrepeso?”. As pesquisas se deram a partir das bases de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed Central (PMC) e a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para a busca dos artigos foram utilizadas as seguintes combinações dos Descritores em Ciências da Saúde: Taurina (Taurine), Suplementação Dietética (Dietary Supplements), Síndrome Metabólica (Metabolic Syndrome) e Antioxidantes (Antioxidants), utilizando os conectivos “AND” e “OR”. Foram utilizados os artigos de 2020 a 2025, nos idiomas português e inglês, em que foram abordadas as temáticas da suplementação de taurina relacionada a redução de risco da síndrome metabólica em adultos com sobrepeso, a partir de estudos randomizados clínicos, duplos-cegos, in vitro e caso-controle. Foram excluídos estudos divulgados via monografia, trabalho de conclusão de curso, dissertação, tese, capítulo de livro, editorial, carta, relatórios de pesquisas científicas e revisões. Resultados: A busca inicial resultou em 86 artigos científicos. Em seguida foram excluídos aqueles que fugiam da temática. Com isso, após análise, 9 artigos foram lidos na íntegra e utilizados para a composição do resumo. Um número crescente de estudos epidemiológicos têm demonstrado que a taurina pode ajudar a prevenir hipertensão, acidente vascular cerebral, doença cardíaca isquêmica, aterosclerose e outras doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Pesquisas ao longo dos anos têm revelado que a taurina apresenta interação com diversas vias metabólicas, como na DM2, na obesidade, no colesterol, na pressão arterial e na síndrome metabólica. Kunduraci; Ozbek et al. (2020), avaliaram pacientes com síndrome metabólica, com idades entre 18 e 65 anos, e demonstraram que mudanças no peso corporal (perda de peso de ?7%) e na composição foram semelhantes em ambos os grupos analisados. Além disso, pressão arterial, colesterol total, triglicerídeos, lipoproteína de baixa densidade (LDL), glicemia de jejum e insulina na 12ª semana diminuíram significativamente em ambos os grupos (p < 0,05). Os níveis plasmáticos de taurina foram encontrados ligeiramente mais baixos em indivíduos com DM2 do que em indivíduos saudáveis.Outrossim, Moludi et al. (2022) incluiu 120 pacientes com idades entre 30–60 anos, de ambos os sexos, e com um índice de massa corporal (IMC) de 25–35 kg/m², observou-se que, após 8 semanas de suplementação de taurina, as alterações na insulina e no HOMA-IR foram significativas entre os grupos. No entanto, não foram observadas mudanças significativas em outros parâmetros metabólicos (glicemia de jejum, HbA1c, colesterol total, HDL-C, LDL-C, PAD e PAS). De modo geral, houve um declínio significativo na insulina sérica (?3,96 ± 1,63 vs. ?1,45 ± 0,8 mmol/L, P = 0,048) e no HOMA-IR (?1,27 ± 0,83 vs. ?0,90 ± 0,76 mmol/L, P = 0,022) após a suplementação com taurina, em comparação ao placebo. A taurina pode reduzir o nível de lipídios hepáticos, ativando a via Sirt1-AMPK para inibir a lipogênese, promovendo a ?-oxidação de ácidos graxos e a termogênese adaptativa, inibindo a síntese de colesterol e promovendo a degradação do colesterol. A suplementação de taurina preveniu a lesão das células beta nas ilhotas pancreáticas, com um aumento no conteúdo de glicogênio, insulina e peptídeo C, e uma diminuição na frutosamina e glicose no fígado. Conclusão/Considerações finais: A taurina apresenta grande potencial, especialmente por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, atuando na prevenção de doenças cardiovasculares. Em diabéticos tipo 2, a suplementação mostrou efeitos positivos em marcadores endoteliais, metabólicos e inflamatórios, mas sem mudanças relevantes na pressão arterial ou nos lipídios, indicando a necessidade de mais estudos sobre sua eficácia ampla. Na síndrome metabólica, observou-se redução da pressão arterial e melhora nos níveis de triglicerídeos e colesterol total, porém sem impacto na glicemia ou colesterol LDL. Assim, apesar dos efeitos promissores, são necessárias pesquisas mais robustas. Aliada a hábitos saudáveis, a taurina pode ser uma alternativa acessível e eficaz no controle de distúrbios metabólicos.
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Camila Pinheiro Pereira
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