A VARIAÇÃO DO MODO SUBJUNTIVO: UM ESTUDO BASEADO NO USO

• Autor
• Vânia Raquel Santos Amorim
• Co-autores
• Amanda Moreno Fonseca de Andrade , Valéria Viana Sousa
• Resumo

• Neste trabalho, analisamos a variação do modo subjuntivo em dados reais de fala da cidade de Vitória da Conquista-BA. A pesquisa é conduzida por uma visão de gramática que não é engessada, mas remodelada constantemente devido às pressões de uso a fim de cumprir propósitos comunicacionais. Cientes desse caráter emergente da gramática, nos termos de Hopper (1991), temos o objetivo de investigar a variação do subjuntivo em construções encaixadas com complementizador que e em orações intercaladas introduzidas por que, levando em consideração fatores de natureza linguística e extralinguística. A pesquisa alinha os postulados teóricos do (Socio)funcionalismo com a Sociolinguística tomando como referência, sobretudo, Weinreich,  Labov , Herzog  (2006); Labov (2008)  e, no Funcionalismo, com  Hopper (1991); Neves (1997) e Givón (2001). A amostra da pesquisa é constituída por 24 (vinte e quatro) informantes extraídos do Corpus do Português Popular de Vitória da Conquista (Corpus PPVC), constituído e organizado pelo Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e pelo Grupo de Pesquisa em Sociofuncionalismo - CNPq, estratificados da seguinte forma: sexo (masculino/feminino), faixa etária (Faixa I: de 15 a 35 anos; Faixa II: de 36 a 70 anos; Faixa III com mais de 70 anos de idade) e grau de escolaridade (sem escolaridade ou até 5 anos de escolarização). Os dados foram submetidos ao programa GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). No estudo quantitativo, do ponto de vista dos fatores estruturais, na rodada geral reunindo as orações parentéticas e completivas, o grupo de fator tipo de oração apresentou-se com um grande índice frequencial de uso do modo subjuntivo nas orações subordinadas. Dentre os demais resultados obtidos, tanto na análise conjunta como em contexto de oração completiva, o modo subjuntivo foi condicionado pela presença das orações afirmativas e através do traço semântico do verbo da oração principal. Concernente aos fatores sociais, tanto na rodada geral como em contexto de oração subordinada, nossa pesquisa revela que há uma tendência dos falantes que tiveram acesso ao ensino sistematizado a produzir com mais frequência o uso da forma de prestígio (subjuntivo). Em contexto de oração intercalada, os nossos dados demonstram que, nesse contexto sintático, é propício o uso da forma inovadora (indicativo). Observamos, ainda, que o operador de negação não condicionou ao uso da forma subjuntiva. O uso da primeira pessoa do singular, o uso do presente (indicativo/subjuntivo) e o uso do verbo lembrar são características que se mostraram peculiares às orações intercaladas. O que observamos nesse processo de variação do subjuntivo nas orações parentéticas é que, no exercício da linguagem, os parênteses são usados como uma forma de transmitir sentidos e intenções por parte dos falantes.  Tratando-se desse recurso, a parentetização é acionada, no processamento da linguagem, como um mecanismo para a interrupção no discurso com a intenção de demonstrar por parte do falante que o que é transmitido não deve ser tomado de forma categórica. Em termos gerais, o resultado desta pesquisa sinaliza uma variação estável do fenômeno linguístico em estudo.

• Palavras-chave
• Subjuntivo, Indicativo, Variação, Sociofuncionalismo.
• Área Temática
• Sociofuncionalismo

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