“SOCIEDADE DENTRO DA SOCIEDADE”: GÍRIAS DE GRUPO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM UM PRESÍDIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA

• Autor
• Eliane Souza Pereira
• Resumo

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  Neste trabalho, temos como finalidade realizar uma análise das gírias de grupo utilizadas pelas internas de um Conjunto Penal na Bahia e verificar a presença de preconceito linguístico dentro da mesma comunidade de fala. A gíria configura-se como um fenômeno sociolinguístico utilizado para criptografar a linguagem e torná-la acessível somente aos integrantes do grupo, que, de acordo com Preti (1984), é presente principalmente em grupos marginalizados. A utilização dessa linguagem secreta está associada ao processo de autoproteção e de identificação do sujeito inserido em uma comunidade de fala marginalizada, que, por fazer parte da formação identitária desse grupo, carrega um estigma sobreposto, marcado pelo preconceito linguístico. Nesse sentido, o preconceito, segundo Bagno (1999), é sustentado por mitos de uma língua homogênea e sem variedades, que reduz as variações e variedades da língua, principalmente as não-padrões, como é o caso dos vocábulos gírios, em erros presentes no idioma. Isso posto, propomos, neste estudo, (i) investigar a existência de preconceito linguístico por parte das próprias integrantes do grupo marginalizado, uma vez que foram colocadas de forma compulsória e contra a vontade naquele ambiente prisional, e (ii)elencar variáveis linguísticas e sociais relacionadas a esse fato. Nessa perspectiva, para guiar nosso estudo, tomamos as considerações sobre a gíria de Preti (1984) e de preconceito linguístico de Bagno (1999), assim como submetemo-nos aos preceitos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2010), empregando uma abordagem qualitativa. Diante disso, para a produção de dados, utilizamos entrevistas semiestruturadas e livres, aplicadas a mulheres encarceradas no Conjunto Penal Advogado Nilton Gonçalves, de Vitória da Conquista-BA. Destarte, os resultados parciais da pesquisa mostraram a existência do preconceito linguístico, ainda sem variáveis sólidas que fundamentam sua existência entre as internas. Apesar disso, levantamos a hipótese de que o preconceito está relacionado à formação educacional linguística e ao status social ao qual a interna vivia antes de ser privada de liberdade.

• Palavras-chave
• Mulheres encarceradas, Preconceito linguístico, Vocábulos Gírios.
• Área Temática
• Sociolinguística Variacionista

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