Este estudo apresenta uma análise variável das construções relativas no português indígena falado pelo povo Sateré-mawé de duas comunidades do município de Parintins-AM. Considera-se que as mudanças linguísticas ocorridas no português brasileiro (PB) são provenientes do intenso contato linguístico entre falantes do português e falantes de línguas africanas e indígenas durante o período colonial e imperial (MATTOS E SILVA, 2004; LUCCHESI, 2009). Logo as mudanças específicas da língua portuguesa falada em comunidades indígenas, parecem ser, possivelmente, motivadas por fatores de aquisição em condições emergenciais do português, através de uma transmissão linguística irregular (BAXTER, 1995; LUCCHESI, BAXTER, 2009) e por influência da língua materna dos povos indígenas sobre o português. A relativização é uma instigante representação do português brasileiro (PB), especificamente no que tange à ascensão da relativa cortadora, conforme Tarallo (1983). Neste trabalho, apresentam-se os resultados da análise das estratégias de relativização no português indígena falado pelo povo Sateré-Mawé, verificando o contato entre as línguas portuguesa e indígena em questão. Apoiando-se nos pressupostos metodológicos da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006[1968]), o objetivo principal foi o de verificar o comportamento dos fatores sociais nas relativas do português indígena falado pelo grupo Sateré-Mawé e se o contato entre as variedades linguísticas desencadeou as estratégias inovadoras. Como objetivos específicos, buscou: a) fazer um levantamento das relativas no português falado pelos indígenas Sateré-Mawé; b) verificar quais estratégias são mais frequentes; c) descrever o uso das relativas preposicionadas, a partir da análise dos dados com base nas variáveis sociais: sexo, faixa etária e escolaridade. Como resultados, atesta-se que: i. a cortadora é a relativa mais frequente no português indígena, em detrimento da pied piping, assim como observado em estudos sobre outras variedades do PB (TARALLO, 1983; 1993; RIBEIRO, 2009; LUCCHESI, 2015; SILVA, 2018); e ii. a variável social escolaridade constituiu-se como significativa para a aplicação da relativa cortadora, conforme o teste estatístico de Qui-Quadrado (?2).
Chegamos à décima primeira edição do Encontro de Sociolinguística com o objetivo de ampliar a rede de pesquisas e pesquisadoras/es em Sociolinguística e dar maior destaque às produções acadêmicas na região Nordeste.
A programação deste ano, contou com uma conferência que abordou o panorama das pesquisas sociolinguísticas no Nordeste e quatro mesas-redondas sobre a Sociolinguística Variacionista, Sociolinguística Histórica, Sociofuncionalismo, como também Sociolinguística e Ensino. Todas formas por pesquisadoras/es de Estados diferentes para mostrar a diversidade de conhecimentos que são produzidos nessa região.
Os trabalhos apresentados ao longo de três dias, no período de 01 a 03 de dezembro de 2021, verseram sobre diferentes temáticas e os mais diversos dialetos da língua portuguesa, distribuídos em várias áreas da Sociolinguística, a saber:
Esperamos que a compilação dos trabalhos apresentados nestes anais possam contribuir para o desenvolvimento dos estudos sociolinguísticos e sirvam de inspiração a outras novas pesquisas.
Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora
Aline Silva Gomes
Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma Lúcia Fernandes Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias
Aline Silva Gomes
Aurelina Ariadne Domingues Almeida
Clézio Roberto Gonçalves
Fabrício da Silva Amorim
Fernanda de Oliveira Cerqueira
Geisa Borges da Costa
Huda da Silva Santiago
Marcela Moura Torres Paim
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko Freitag
Sandra Carneiro de Oliveira
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais