MONOTONGAÇÃO DO DITONGO DECRESCENTE ORAL EI NA LEITURA EM VOZ ALTA

• Autor
• Victor Renê Andrade Souza
• Co-autores
• Mileisse de Souza Santos
• Resumo

• O processo fonológico de monotongação consiste no apagamento da semivogal de ditongos. No português brasileiro, o ditongo decrescente oral ei tem comportamento variável: palavras como peixe podem ser realizadas como pêxe, beijo, como bêjo. O fenômeno já foi amplamente descrito em diferentes variedades de fala do português brasileiro, e os resultados apontam que a monotongação desse ditongo está associada principalmente ao contexto fonológico seguinte constituído por tepe e por consoantes palatais (ARAUJO, 1999; LOPES, 2002; FARIAS, 2008; TOLEDO, 2011; HAUPT, 2011; AMARAL, 2013; CYSNE, 2016; SANTOS; ALMEIDA, 2017; FREITAS, 2017; SILVEIRA, 2019; SOUZA, 2020; ARAUJO; VIEIRA, 2021), com relativa sensibilidade ao fator social escolaridade (ARAUJO, 1999; LOPES, 2002; CYSNE, 2016; ARAUJO; PEREIRA, ALMEIDA, 2017). Em que pese a alta frequência do processo de monotongação nesses contextos linguísticos propícios, neste trabalho analisamos o apagamento da semivogal de ei em situação de leitura em voz alta – contexto de maior monitoramento estilístico, observando os condicionantes linguísticos e extralinguísticos do processo. A hipótese é a de que a monotongação também ocorrerá na leitura em voz alta e será influenciada pelos mesmos condicionantes da fala, pois trata-se de um processo fonológico com motivação estrutural e sem sensibilidade à avaliação social (ARAUJO; BORGES, 2018). Para testar essa hipótese, constituímos um corpus com a gravação de 54 leituras em voz alta do texto O passar do dia, elaborado para conter gatilhos para o fenômeno, realizadas por falantes do estado de Sergipe, Brasil. Controlamos as variáveis linguísticas contexto seguinte ao ditongo e item lexical; e as variáveis sociais sexo e escolaridade. Os dados foram analisados quantitativamente na plataforma R (R CORE TEAM, 2014). Os resultados apontam que o fenômeno de monotongação de ei também ocorre na leitura em voz alta, com percentual de 71% (n = 534), corroborando os resultados encontrados por Aquino (2012) e Machado (2018), em dados de leitura de alunos da educação básica, e por Souza, Silva e Araújo Jr. (2020), com dados de leitura de universitários. O fenômeno é associado, assim como na fala, ao contexto fonológico seguinte constituído por consoantes palatais (91%, n = 161) e por tepe (84%, n = 271), sendo barrado quando o ditongo é sucedido por fricativa (8%, n = 102), e esta diferença é estatisticamente significativa (X2 = 251.10, p = 2.98e-55), com associação forte (V² = 0.68). Em nossa amostra, o processo não apresentou sensibilidade aos fatores sociais controlados.

• Palavras-chave
• Monotongação, Ditongo decrescente, Leitura em voz alta.
• Área Temática
• Sociolinguística Variacionista

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