A sociolinguística apresenta bastante produtividade no Brasil e dispõe de uma infinidade de obras que contemplam diferentes tópicos, tais como: as variedades linguísticas internas ao português brasileiro, as mudanças ocorridas na língua ao longo do seu percurso histórico, contato linguístico, entre outros. Contudo, o mesmo não ocorre com as línguas indígenas atualmente faladas em território brasileiro. São poucas as línguas que apresentam uma descrição para além do nível morfofonológico, como por exemplo, os estudos sociolinguísticos realizados por Padovani (2016; 2020) com a língua Apurinã (Aruák), língua indígena falada por um povo de mesmo nome, localizada no sudoeste do estado do Amazonas. Diante disto, este trabalho visa apresentar considerações iniciais acerca da variação diafásica e diageracional com foco no campo semântico animais nas línguas Enawene Nawe e Paresi, línguas indígenas pertencentes à família linguística Aruák. As referidas línguas possuem respectivamente, 1.000 e 3.000 falantes, os quais se encontram localizados nas proximidades das cidades de Vilhena e Tangará da Serra, no estado do Mato Grosso. Os dados para análise foram obtidos através do banco de dados das línguas e dados coletados a partir de leituras bibliográficas. Os principais subsídios utilizados para fomentar esta discussão são oriundos da sociolinguística variacionista e da geolinguística. Para isto, foram utilizados os arcabouços teóricos de Coelho et al., (2015) e Cardoso (2010). Conforme Cardoso (2010), a variação diafásica está relacionada ao comportamento linguístico do falante mediante a situação em que se encontra. Um exemplo disto são as formas atribuídas pelo povo Paresi ao item lexical jacaré, as quais ocorrem como 'kamomenare', em contextos formais de fala, a exemplo de rituais sagrados, festas tradicionais, orações e ritos de cura, e 'yakare' em contextos informais de fala, como o dia a dia da comunidade. Por sua vez, a variação diageracional está associada com a diferença na fala entre falantes de idades distintas. Um exemplo disto pode ser verificado na utilização de itens diferentes para se referir ao item lexical ema fêmea, o qual é nomeado como 'zolairo' por falantes mais velhos e 'ohiroli' por falantes mais jovens. O estudo deste fenômeno contribuirá tanto para o desenvolvimento, crescimento e conhecimento de pesquisas realizadas com línguas indígenas no âmbito da sociolinguística, quanto para os processos de documentação e descrição linguística de línguas indígenas, como forma de documentação, registro e preservação.
Chegamos à décima primeira edição do Encontro de Sociolinguística com o objetivo de ampliar a rede de pesquisas e pesquisadoras/es em Sociolinguística e dar maior destaque às produções acadêmicas na região Nordeste.
A programação deste ano, contou com uma conferência que abordou o panorama das pesquisas sociolinguísticas no Nordeste e quatro mesas-redondas sobre a Sociolinguística Variacionista, Sociolinguística Histórica, Sociofuncionalismo, como também Sociolinguística e Ensino. Todas formas por pesquisadoras/es de Estados diferentes para mostrar a diversidade de conhecimentos que são produzidos nessa região.
Os trabalhos apresentados ao longo de três dias, no período de 01 a 03 de dezembro de 2021, verseram sobre diferentes temáticas e os mais diversos dialetos da língua portuguesa, distribuídos em várias áreas da Sociolinguística, a saber:
Esperamos que a compilação dos trabalhos apresentados nestes anais possam contribuir para o desenvolvimento dos estudos sociolinguísticos e sirvam de inspiração a outras novas pesquisas.
Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora
Aline Silva Gomes
Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma Lúcia Fernandes Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias
Aline Silva Gomes
Aurelina Ariadne Domingues Almeida
Clézio Roberto Gonçalves
Fabrício da Silva Amorim
Fernanda de Oliveira Cerqueira
Geisa Borges da Costa
Huda da Silva Santiago
Marcela Moura Torres Paim
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko Freitag
Sandra Carneiro de Oliveira
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais