Esta pesquisa investiga as formas de codificação da função conjuntiva, por meio de um panorama diacrônico do português escrito do Ceará, vinculado a um corpus constituído por 39 revistas históricas do Instituto do Ceará em recortes temporais de 1887 a 2012. Com base em pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista, a análise dos dados foi realizada mediante o programa GoldVarb X, com o fito de flagrar quais variáveis independentes seriam mais proeminentes para o uso do mais-que-perfeito do indicativo ou do imperfeito do subjuntivo na expressão da função conjuntiva. Ao todo, foram localizados 837 dados que codificam essa acepção temporal por meio do pretérito-mais-que perfeito do indicativo ou do pretérito imperfeito do subjuntivo em variação no decorrer do período averiguado. Para o tratamento dessas ocorrências, consideraram-se, como variáveis independentes, tipo verbal (processo culminado, culminação, estado, dicendi, cognitivo e modal), tipo oracional (condicionais puras e condicionais com sobreposição), conectivo oracional (presença e ausência), factualidade (estruturas factuais, contrafactuais e eventuais), polaridade (orações afirmativas e negativas), gênero textual (da ordem do argumentar, do expor, do instruir, do narrar ou do relatar) e sincronia (1887-1899; 1944-1956; 2000-2012), com o propósito de identificar quais fatores desses grupos condicionam esses tempos verbais na acepção conjuntiva. Como resultado da análise dos dados, o pretérito mais-que-perfeito do indicativo foi perdendo espaço para o pretérito imperfeito do subjuntivo em relação aos percentuais de uso. Além disso, o programa indicou, como estatisticamente significativos, factualidade, tipo verbal, sincronia e conectivo oracional nessa ordem de relevância. Favorecem o mais-que-perfeito do indicativo estruturas factuais e contrafactuais; verbos dicendi, modais e de estado; sincronias de 1887-1899 e 1944-1956 e ausência de conectivo oracional; o pretérito imperfeito do subjuntivo, por sua vez, é motivado por estruturas eventuais; verbos de processo culminado, culminação e cognitivos; sincronia de 2000-2012 e presença de conectivo. A presente empreitada propicia uma expansão dos estudos gramaticais da Língua Portuguesa e da sua história, além de contribuir para o mapeamento regional de processos de mudança linguística.
Chegamos à décima primeira edição do Encontro de Sociolinguística com o objetivo de ampliar a rede de pesquisas e pesquisadoras/es em Sociolinguística e dar maior destaque às produções acadêmicas na região Nordeste.
A programação deste ano, contou com uma conferência que abordou o panorama das pesquisas sociolinguísticas no Nordeste e quatro mesas-redondas sobre a Sociolinguística Variacionista, Sociolinguística Histórica, Sociofuncionalismo, como também Sociolinguística e Ensino. Todas formas por pesquisadoras/es de Estados diferentes para mostrar a diversidade de conhecimentos que são produzidos nessa região.
Os trabalhos apresentados ao longo de três dias, no período de 01 a 03 de dezembro de 2021, verseram sobre diferentes temáticas e os mais diversos dialetos da língua portuguesa, distribuídos em várias áreas da Sociolinguística, a saber:
Esperamos que a compilação dos trabalhos apresentados nestes anais possam contribuir para o desenvolvimento dos estudos sociolinguísticos e sirvam de inspiração a outras novas pesquisas.
Valter de Carvalho Dias
Membro da Comissão Organizadora
Aline Silva Gomes
Cristina dos Santos Carvalho
Norma da Silva Lopes
Norma Lúcia Fernandes Almeida
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko Freitag
Silvana Silva de Farias Araujo
Valter de Carvalho Dias
Aline Silva Gomes
Aurelina Ariadne Domingues Almeida
Clézio Roberto Gonçalves
Fabrício da Silva Amorim
Fernanda de Oliveira Cerqueira
Geisa Borges da Costa
Huda da Silva Santiago
Marcela Moura Torres Paim
Pedro Daniel dos Santos Souza
Raquel Meister Ko Freitag
Sandra Carneiro de Oliveira
Silvana Silva de Farias Araújo
Valter de Carvalho Dias
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais