A HISTÓRIA COMO PEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO DO CAPITAL NA PANDEMIA DO COVID-19: UMA CRÍTICA AO MODELO CAPITALISTA DE EDUCAÇÃO

  • Autor
  • Alexandre Campos Duarte
  • Resumo
  •  

    O artigo fala da importância da História como forma de ensino. Como o modelo educacional contemporâneo tem se tornado refém do capital que ensina, basicamente, para a entrada no mercado de trabalho. O presente artigo faz uma crítica a esse modelo capitalista de ensino, expondo também como a pandemia do Covid-19 agravou a desigualdade social. Para entregar esse objetivo demonstra-se como este modelo de educação do capital tem cerceado a vida do homem, e o quanto a História é uma importante ferramenta educacional que pode deixar o ser humano mais atento aos problemas sociais. Após a introdução, o artigo chama a atenção para o propósito que o ensino de História têm em nossas vidas, posicionando o indivíduo fazendo com que o mesmo entenda como a engrenagem social funciona. Em um mundo extremamente material, estudar sobre as relações humanas e suas interpretações históricas ao longo dos séculos faz com que os indivíduos respeitem melhor as diferenças entre si, libertando o ser humano das amarras do mercado. A historiografia, quando ganha vida na mão dos historiadores também corrobora para isso, ainda que cada sujeito interprete um fato de uma maneira singular. Cabe ao historiador ter a humildade de reconhecer como todo o desenrolar histórico ganhará vida em suas mãos. Com isso o dever de memória traz reflexão ao objeto estudado, além de conscientizar futuras gerações sobre este mesmo estudo proposto. A História faz com que o indivíduo entenda que liberdade significa ser e não ter. E isso tudo casa muito bem com os pensamentos do historiador Keith Jenkins, quando este diz que uma perspectiva relativista não precisa levar à desesperança. Ela é o começo de um reconhecimento geral de como as coisas parecem funcionar. Trata-se de uma emancipação: de modo reflexivo, você também pode produzir história”. Fica evidente que a saída está na emancipação reflexiva, da qual, a partir dela, consegue-se fazer História. E isso dialoga com a obra do Mészáros e do Freire, que servem de bases teóricas do artigo. O educador brasileiro descreve em suas obras a importância de educar também para a vida. Portanto, fazer do educando um sujeito crítico-reflexivo e liberto das amarras do mercado é vital para que este se posicione melhor socialmente. O que também vai de encontro com o Mészaros que reforça que apenas uma educação voltada ao social não apenas libertará o homem, como também separará a educação em das amarras do capital. E com a pandemia do Covid-19 ficou bem claro que um modelo educacional voltado ao capital não colabora com a sociedade como um todo, nem mesmo com seus pares. Ela contribui para o consumo e o deslizar agressivo e cada vez mais ágil do próprio capital. O desemprego se acentuou, diversos lares não tem condições para assistir as aulas, vários nem internet possuem, e são muitas as crianças passando fome e à mercê das mazelas sociais. As crianças fazem as suas principais refeições no colégio, mas com as escolas públicas fechadas as crianças têm ficado sem essas refeições. Adultos estão cada vez mais desorientados, pois só conseguem pensar em ganhar dinheiro para suprir essa falta dentro de casa, sem entender como isso se deu, e continua se dando. O capital têm proposto uma educação que cada vez menos se importam com o meio e com os seus indivíduos. O grave tema deve levar a reflexão, sendo este o objetivo do artigo. A metodologia usada no trabalho parte desse pressuposto para alcançar uma narrativa que pulse o raciocínio do leitor, propondo um dialogo honesto e direto ao problema. A educação do capital está tornando a engrenagem social cada vez mais submissa ao capital, fazendo dela a sua perfeita ‘escola’. Tem-se ensinado para o mercado de trabalho colocando paredes nos saberes, internalizando no educando práticas rasas e pouco, ou nada, reflexivas com o contexto em que se vive. Ensina-se para o saber mercadológico e capital, e não para a emancipação, para o social. Perpetua-se um modo pouco inclusivo e pouco crítico-reflexivo, diametralmente oposto as propostas das obras Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa e A Educação para além do capital de Paulo Freire e István Mészaros, respectivamente. E esse é o golpe que o capital está dando na humanidade, pois está se apropriando dos meios de ensino para contribuir com o seu florescimento, em detrimento do meio ambiente e seus pares. Autores como Freire, Mészaros Nietzsche, Arendt, Hobsbawm, Jenkins, entre outros, também são bases teóricas para a obra. E este é um momento crítico da História recente da qual se deve refletir. Existe uma saída e essa saída se encontra na Educação! Na verdade, reside nela a nossa melhor saída. É com uma educação voltada ao social, com indivíduos libertos das amarras do capital, crítico-reflexivos, humildes e generosos com o próximo que consegue-se frear o atropelamento de valores humanos que o capital impõe socialmente. E esses valores encontramos fartamente no ensino das Ciências Humanas e na História. No ensino de História o indivíduo, ao aprendê-la, conseguirá se posicionar com criticidade em seu meio sociocultural com humildade e reflexão à engrenagem social que está inserido. Como consideração final, é válido parafrasear o próprio artigo, A humildade faz parte da base epistemológica na área das Ciências Humanas. Esse doloroso momento da pandemia, onde nem mesmo abraços consegue-se dar, deve direcionar olhos e pensamentos à educação e o seu propósito humanitário. Uma educação que se paute pelo social e não pelo capital, é primordial. Que reflita o bem-estar sociocultural em que se vive visando a sua valorização. Que abrace as minorias, que respeite a pluralidade humana e que em harmonia espante a exclusão educacional. Se o objeto da História é o homem, então que o abracemos com merecido destaque. Que lembremos das mazelas passadas com apreço pela mudança interna, e que recordemos dos triunfos vividos com intuito de aprimorar o futuro. Que a interpretação histórica carregue consigo humildade suficiente para acolher, incluir e preservar as relações sociais. Uma educação social coerente parte de princípios assim. Com o vigor e a beleza de uma flor que nasce no campo. 

     

     

  • Palavras-chave
  • Capital, Desigualdade, Educação, Freire, História.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Saberes Freireanos
Voltar Download
  • Pesquisa em Educação e a Formação de Professores
  • Políticas Públicas e Currículo
  • Políticas Públicas de Inclusão
  • Alfabetização, Letramentos Emergentes e outras Linguagens
  • Educação Matemática
  • Tecnologia Aplicada à Educação e Educação a Distância
  • Saberes e Práticas Educativas
  • Educação de Pessoas Jovens e Adultas
  • Educação do Campo
  • História e Historiografia da Educação
  • Educação, Diversidade e Relação Étnico -Racial
  • Educação Infantil
  • Saberes Freireanos

Comissão Organizadora

CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
DENICE DO SOCORRO LOPES BRITO
Fatima Rita Santana Aguiar

Comissão Científica

Árlen Almeida Duarte de Sousa
Denice do Socorro Lopes Brito
Egeslaine De Nez
Fátima Rita Santana Aguiar
Geisa Magela Veloso
JOÃO LUIZ SIMPLÍCIO PORTO
Leandro Luciano Silva Ravnjak
Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro
Maria Jacy Maia Velloso
Monica Maria Teixeira Amorim
Rita Tavares de Mello
Rosângela Silveira Rodrigues
Shirley Patrícia Nogueira de Castro e Almeida