RESUMO
A pesquisa analisa como os professores, do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, se relacionam com os resultados das avaliações de aprendizagem dos seus alunos. Verificando a apropriação ou não desses resultados e as possibilidades metodológicas do uso destes para a reorientação da prática pedagógica. O tipo de pesquisa realizado é a qualitativa. Instrumentos de coletas de dados: questionário aplicado aos professores sobre formas de avaliar e o que são feitos dos resultados das avaliações de aprendizagem. Rodas de Conversas para discussão e reflexão de como que a apropriação dos resultados das avaliações escolares pode se tornar ferramenta importante para que o professor possa reavaliar e reorientar sua prática pedagógica. Esperamos contribuir com a formação de professores a partir de um processo de reflexão da sua própria prática e produzir conhecimento que aponte possibilidades metodológicas do uso dos resultados das avaliações escolares para reorientação da prática pedagógica de professores.
Palavras-chave: Avaliação Escolar. Apropriação de resultados. Prática Pedagógica.
A Avaliação Escolar é uma prática pedagógica que perpassa todos os componentes curriculares e todas as áreas do conhecimento, de tal modo que sua análise e estudo é de suma importância para que consigamos uma educação de qualidade. Sabemos que por mais que muito já se tenha pesquisado e falado sobre o assunto, o que notamos e pretendemos verificar com essa pesquisa, é que no dia a dia das escolas ainda existem práticas avaliativas sem a devida reflexão do que, e para que, se está avaliando, estando a avaliação ainda muito centrada na “nota” e muito pouco nos recursos metodológicos que os resultados das avaliações escolares podem oferecer.
Crendo que os resultados das avaliações escolares e sua forma de análise são importantes ferramentas pedagógicas para construção de uma prática pedagógica flexível, interativa e adaptativa às necessidades apresentadas pelos alunos pretendemos analisar o uso dos resultados das avaliações escolares pelos professores, com o objetivo de analisar as possibilidades da apropriação dos resultados das avaliações escolares para reorientação das práticas pedagógicas.
As avaliações escolares fazem parte do cotidiano escolar e a relação que os professores têm com ela e seus resultados acreditamos que influencia muito na qualidade da educação, dessa forma muito já foi escrito sobre o tema, por esse motivo foi feita uma revisão bibliográfica sobre o tema. Depois um estudo aprofundado no referencial teórico e coleta de dados em dois momentos: Questionário e Rodas de conversas; pretendendo responder ao problema de pesquisa: Como os resultados da avaliação escolar são apropriados ou não pelos docentes para a reorientação das suas práticas pedagógicas?
O queremos ou devemos querer verdadeiramente quando avaliamos nossos alunos? A intenção é que eles aprendam. Assim, considerando a avaliação como um processo de investigação, o professor deve usar esse processo para descobrir os procedimentos didáticos ou práticas pedagógicas que foram bem-sucedidos na construção do conhecimento dos seus alunos e os procedimentos e práticas que não alcançaram os objetivos propostos.
O que é necessário para deixarmos para trás a cultura do medo de avaliar e ser avaliado? Como deve ser a avaliação para que ela seja vista como uma orientação para o sucesso? Luckesi (2011) aponta que:
A avaliação subsidia uma intervenção, seja ela qual for tendo em vista o seu sucesso; por isso se sustenta numa concepção e numa ação voltada para o sucesso. Ao educador não interessa um resultado insatisfatório; ele deseja encontrar a solução para o melhor resultado possível de sua ação. (LUCKESI, 2011, p. 144).
O professor deve ser um esperançoso nato, alguém que sempre acredita que pode fazer melhor e que as coisas vão dar certo, nesse sentido o professor pode analisar a realidade, que vê onde se encontra de maneira lúcida e realista e que por isso sabe como intervir de maneira eficiente para alcançar o sucesso. Ao avaliar seu aluno esse professor não procura o erro para apontar e “diminuir notas”, ele procura uma maneira de transformar esse erro em instrumento de trabalho e indicativo para o sucesso. O erro do aluno é o início de uma análise da prática pedagógica do professor. O que foi feito que não deu o resultado esperado? Como podemos rever os métodos para que o resultado esperado seja alcançado? Os resultados traçados anteriormente são realmente o que queremos no momento? Nessa perspectiva de avaliação formativa ou avaliação mediadora como é denominada por Hoffmann (2019):
[...] os erros ou as dúvidas dos alunos são considerados episódios altamente significativos e impulsionadores da ação educativa. Permitem ao professor observar e investigar como o aluno se posiciona diante do mundo ao construir suas verdades. Dessa forma avaliar é dinamizar oportunidades de autorreflexão pelo acompanhamento permanente do professor que incitará o aluno a novas perguntas e questionamentos a partir de respostas e hipóteses formuladas. (HOFFMANN, 2019, p. 30).
A prática pedagógica coerente com essa perspectiva e a prática avaliativa caminham na mesma direção. Não dá para separar o fazer pedagógico de cada dia da avaliação e vice-versa. O fazer pedagógico cotidiano e a avaliação tem um objetivo maior que é o sucesso. A aprendizagem é o foco. Sobre as ações pedagógicas cotidianas e a avaliação hoje em dia Luckesi (2011) menciona que:
Infelizmente, nossa escola, de modo geral, não tem investidas no sucesso. A pedagogia tradicional - que tem fundamentado as nossas ações pedagógicas no cotidiano escolar e que não se propõe como uma pedagogia construtiva – permite-nos "dar aulas” e ficar à espera de que o educando tenha aprendido. Todavia, no contexto de uma pedagogia construtiva, não podemos esperar que o educando tenha aprendido alguma coisa; devemos investir na construção dos resultados definidos e desejados. Por isso, somente uma pedagogia construtiva sustenta uma prática da avaliação [...] (LUCKESI, 2011, p. 144).
O fazer pedagógico diário e bem-feito, bem planejado e bem executado, com foco no sucesso do aluno deve ser subsidiado por uma avaliação de mesmo formato. Uma avalição constante, bem-feita, bem planejada, bem executada com foco no sucesso do aluno.
Se há vontade, se o que se busca é o sucesso, se estamos dispostos a construir conhecimentos, não há por que o momento de avaliar ser um momento de medo. As dificuldades são muitas e variadas, mas os caminhos são múltiplos e igualmente variados. Há muito para se pensar e para se fazer. Sobre isso Hoffmann (2007) destaca que:
Há muito a refletir sobre cada momento de aprendizagem de um aluno: sobre suas concepções prévias, seu saber construído a partir de experiências de vida, sobre sua forma de expressar tais conhecimentos, sobre suas possibilidades cognitivas de entendimento das questões formuladas, sobre desejos e expectativas em termos do conhecer. Refletir sobre essas diferentes e múltiplas dimensões do conhecimento é a tarefa do avaliador. (HOFFMANN, 2007, p. 150).
É nessa perspectiva da construção coletiva do conhecimento e da crença de que o objetivo é o sucesso escolar e se voltarmos ao início do nosso texto e fizermos novamente a pergunta: Para que se ensina? E se a resposta for: Para que o aluno aprenda. É obvio que a resposta da pergunta: Para que se avalia? terá a mesma resposta. Então se seguirmos essa lógica educacional o ato de avaliar não pode ser um momento de medos e tensões, ele se transforma num momento quisto por professores e alunos, pois é ele que possibilita a retomar, mudar ou até traçar novas rotas no caminho da aprendizagem.
Observamos até aqui que os professores se mostram bem-intencionados, ao avaliar eles procuram ser “justos” segundo seus critérios, porém esses critérios parecem estar muito arraigados nas avaliações pelas quais tiveram que passar enquanto alunos. A maioria ainda vê as avaliações como um final de processo, uma medida, uma maneira de dizer quem é “bom” ou “ruim”. Até o momento que nos encontramos na pesquisa, analisando apenas uma etapa da coleta de dados (questionário), o que nos parece é que apesar dos professores saberem que há necessidade de uma avaliação formativa eles ainda não sabem realmente como implantar tal forma de avaliar.
Poucos são os que responderam que utilizam os resultados das avaliações da aprendizagem para analisar a prática pedagógica e orientá-la ou reorientá-la se preciso for. O que nos parece, até o momento, é que não há uma revisão do ensino de forma a fazer adaptações pedagógicas que promovam a aprendizagem, considerando que a avalição seja realmente parte do processo de promoção da aprendizagem e não apenas um registro final de etapas. Isso não nos parece ser apenas porque o professor não quer implantar, ao contrário disso, o que percebemos, até então, é que a maneira como o Sistema de Ensino está implantado, as legislações e até a formação inicial e continuada dos professores dificultam e muito que seja implantada uma avaliação realmente formativa e que seus resultados sirvam como base para orientação/reorientação da prática pedagógica.
HOFFMANN, Jussara. Pontos & contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2007.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafio. Porto Alegre: Mediação, 2019.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011.
RIBEIRO, Darcy. Sobre o óbvio. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1986.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
DENICE DO SOCORRO LOPES BRITO
Fatima Rita Santana Aguiar
Comissão Científica
Árlen Almeida Duarte de Sousa
Denice do Socorro Lopes Brito
Egeslaine De Nez
Fátima Rita Santana Aguiar
Geisa Magela Veloso
JOÃO LUIZ SIMPLÍCIO PORTO
Leandro Luciano Silva Ravnjak
Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro
Maria Jacy Maia Velloso
Monica Maria Teixeira Amorim
Rita Tavares de Mello
Rosângela Silveira Rodrigues
Shirley Patrícia Nogueira de Castro e Almeida