PODE USAR O CELULAR? – UMA PERSPECTIVA SOBRE A APRENDIZAGEM COM TECNOLOGIAS MÓVEIS NO BRASIL

  • Autor
  • Luciana de Fátima da Silva Lana Machado
  • Resumo
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    PODE USAR O CELULAR? – UMA PERSPECTIVA SOBRE A APRENDIZAGEM COM TECNOLOGIAS MÓVEIS NO BRASIL

     

     

    Resumo

     

    O uso de ferramentas digitais, especialmente os aparelhos celulares, transformou a maneira como as pessoas estabelecem suas relações profissionais, socias e pessoais. Nos espaços escolares, durante longo período, a utilização de smartphones foi proibida; porém, no contexto de emergência sanitária da COVID-19, foram amplamente utilizadas como apoio aos processos de continuidade do ensino. Assim, este estudo tem por objetivo verificar a percepção dos professores, em todos os níveis de docência, acerca dos benefícios e políticas de aprendizagem com tecnologias móveis. Os dados sobre tais indicadores foram coletados via survey e analisados com estatística descritiva. Resultados apontaram que quanto maior a concordância sobre a necessidade desse tipo de política educacional, menor a indicação de se ter recebido formação sobre ela durante a graduação. Embora os professores concordem que exista benefícios, os aparelhos celulares não são utilizados como ferramenta pedagógica.

     

    Palavras-chave: Formação de Professores. Tecnologias Móveis. Políticas Educacionais.

     

     

    Introdução

    A aprendizagem móvel tem se tornado uma atividade importante em todos os níveis educacionais. Estima-se que mais de 50% da população do mundo tenha acesso a internet e a grande maioria dessas pessoas o fazem através de dispositivos móveis (CEPAL, 2018).

    É uma realidade que tem gerado novas oportunidades em todos os segmentos; até mesmo os governos tem utilizado a internet como portal de relacionamento com o cidadão (Internet Society, 2015).

     

    Justificativa e problema da pesquisa

    Professores e alunos utilizam com muita frequência dispositivos móveis; de forma prioritária, estabelecem comunicação com seus pares o que se estende ao entorno escolar. Contudo, a integração de tecnologias ao cotidiano escolar requer algumas mudanças no espaço físico e na atuação do professor.

    Ressalta-se que ações ligadas à melhoria de infraestrutura ou da articulação com políticas já existentes na área de ampliação tecnológica são necessárias para o êxito desse processo. Os professores devem conhecer as políticas e serem capazes de especificar como as práticas em sala de aulas correspondem e apoiam-nas.

     

    Objetivo

    Este estudo visa verificar a percepção dos professores acerca dos benefícios e políticas de aprendizagem com tecnologias móveis, dentro de um marco de políticas públicas para ampliação do acesso às tecnologias digitais.

     

    Referencial Teórico

    Numa sociedade densa em tecnologia, a formação profissional e cidadã perpassa por diversas áreas do conhecimento, a fim de que todos estejam preparados para atuar de forma crítica no ciberespaço (LÉVY, 2011a).

    O impacto das tecnologias digitais no processo de aprendizagem vem ampliando as possibilidades de ensino, como o uso de games e de dispositivos móveis. Seu papel frente ao desenvolvimento humano e profissional tendem a melhorar a qualidade da educação com a inserção de metodologias inovadoras (PRENSKY, 2010; 2012; JOHNSON, 2012). De forma evidente, se constata a utilização de smartphones, tablets, computadores e outros tipos de tecnologia presentes na vida das pessoas e no ambiente escolar (MARTINHÃO, 2018). Nesse contexto, estar plenamente alfabetizado, entende-se, também, a integração com as tecnologias, as mídias e a informação.

    O termo Aprendizagem Móvel refere-se à implementação de dispositivos móveis no processo de aprendizagem. Confirmando esse engajamento, a Base Nacional Comum Curricular, direciona que os estudantes, após vivenciarem o itinerário formativo correlato às tecnologias digitais, precisam compreender, utilizar e criar Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), de forma crítica, significativa, reflexiva e ética (BRASIL, 2019).

                Em áreas onde escolas, livros e computadores são escassos, o uso das tecnologias móveis são um meio para que alunos possam estender suas possibilidades educacionais. A facilidade do aprendizado individualizado, oferecida por estes aparelhos, ampliam a possibilidade de uma aprendizagem personalizada; é possível também oferecer feedback imediato através de um sistema de avaliação mais eficiente.

    Os aparelhos móveis facilitam ainda, a criação de comunidades de estudantes; podem apoiar a aprendizagem fora da sala de aula, possibilita passeios virtuais a museus ou estudar as plantas em seu habitat natural. Estudantes podem continuar num aparelho móvel o trabalho que começou a desenvolver num computador fixo, garantindo assim a continuidade da aprendizagem. Sua utilização minimiza a interrupção educacional em áreas de conflitos e desastres. Em meio a uma pandemia, onde a restrição sanitária e o isolamento social se fazem necessários, as tecnologias móveis se mostram como ferramentas potentes de forma a amenizar a descontinuidade nos processos educacionais. Os telefones celulares podem ainda auxiliar estudantes com deficiência física e intelectual através de softwares específicos e por fim oferecem melhor relação custo-eficiência.

    A fim de concretizar os benefícios da aprendizagem móvel e aumentar as oportunidades fornecidas por essa tecnologia, sugere-se que políticas referentes a este tipo de aprendizagem sejam elaboradas ou revistas, uma vez que a maioria delas possivelmente foi criada antes do advento destes dispositivos; evitando proibições plenas do uso de aparelhos móveis, examinando suas potencialidades educacionais e fornecendo orientação sobre como novos aparelhos tecnológicos podem se tornar iniciativas educacionais importantes.

    Metodologia

    Os dados sobre as variáveis da pesquisa foram coletados via survey, da população de professores de uma cidade da Zona da Mata Mineira. O instrumento de coleta dados possui quatro seções: 1) questões contextuais e de caracterização sociodemográfica; 2) questões que mensuram dimensões da competência digital docente; 3) questões acerca da aprendizagem com tecnologias móveis, e; 4) questões acerca do contexto escolar e profissional da amostra.

    A seguir, traremos considerações acerca das análises de parte do corpus que compõe este trabalho. Esclarecemos que ainda estamos em fase de estudos, diante da complexidade de informações que os dados obtidos sugerem.

     

    Resultados

    Do universo de entrevistados, 67% declararam exercer trabalho docente em instituições públicas. Destes, 99% disseram ter utilizado ferramentas digitais para ensino/aprendizagem, predominando a utilização de slides e plataformas áudio visuais. Algumas instituições relataram lacunas que dificultava o uso das TDICs, como a qualidade dos equipamentos, falta de manutenção e precariedade das instalações físicas. Outra dificuldade relatada é a qualidade da conexão com a internet; o que estabelece uma barreira no campo da infraestrutura.

                Apesar do aumento do número de pessoas em posse de aparelhos celulares e com acesso à internet, a utilização de tecnologias móveis, especificamente o celular, aparece no cenário escolar, mas não se mostra evidente sua utilização para fins pedagógicos.

    Os professores concordam que existem benefícios na aprendizagem móvel, da mesma forma, sentem necessidade de cursos de formação em áreas específicas. Não se sentem confiantes em sua utilização, uma vez que a utilização de celulares é proibida por gestores e visto como algo que vai subtrair o tempo das aulas convencionais.

    Há uma correlação negativa entre os conjuntos das variáveis da diretriz políticas referentes à aprendizagem móvel, indicando que quanto maior a concordância com a necessidade desse tipo de política educacional, menor a afirmação de se ter recebido formação sobre ela durante a graduação. Sistematicamente, as TIC não fazem parte da rotina escolar e não são contempladas pelo Projeto Político Pedagógico das instituições, o que constitui um entrave à sistematização e incorporação das tecnologias, de forma dinâmica, como parte formativa do aluno.

     

    Considerações finais

                A ausência de disciplinas formativas nos cursos de graduação e a escassez de formação continuada no uso de tecnologias, em alguns momentos, faz com que os professores mantenham uma postura de rejeição ou dúvida em relação ao seu uso potencial.

    De igual maneira, entre os gestores, o desenvolvimento de habilidades para a utilização das TIC influencia diretamente na utilização da infraestrutura da escola. Por não reconhecerem potenciais benefícios, não incentivam a equipe a utilizá-los. Em alguns casos, os equipamentos permanecem dentro de caixas em depósitos; por problemas técnicos e estruturais.

    Discussões sobre Cidadania Digital, vem aproximando os olhares sobre como a não inserção pode gerar exclusão e acentuar desigualdades sociais. Outra abordagem pertinente está relacionada à ética virtual e boa conduta nos ambientes digitais. Estes aspectos ampliam os caminhos para novos estudos.

     

    Referências

     

    BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2019.

    COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL – CGI.br. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas brasileiras – TIC Educação 2018. CGI.br, 2018.

    LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.

    MARTINHÃO, Maximiliano Salvadori (Coord.). TIC educação 2017: pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas brasileiras. São Paulo: CGI.br, 2018.

    NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

    PRENSKY, Marc. Aprendizagem baseada em jogos digitais. São Paulo: Senac, 2012.

    ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA – UNESCO. Padrões de Competência em TIC para Professores. Brasília: Unesco, 2019.

  • Palavras-chave
  • Formação de Professores, Tecnologias Móveis, Políticas Educacionais
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Pesquisa em Educação e a Formação de Professores
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