Introdução
Conforme Artigo 53 da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990), é direito de toda criança e adolescente sendo pessoa com deficiência ou não, frequentar o ensino regular. Para que esse direito seja praticado, a Educação Inclusiva tem apresentado, com grande esforço, maneiras de superar as barreiras que geralmente impedem o acesso ao ensino de qualidade na educação inclusiva. Como professores precisamos incentivar o aluno a acreditar no seu potencial e a buscar o desenvolvimento das suas aptidões, assim garantir que os alunos da educação especial sejam acolhidos, garantindo não apenas o ensino de habilidades funcionais, de vida diária e sua matrícula na escola regular, mas também que o estudante Público-alvo da Educação Especial (PAEE) tenha acesso a currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender suas necessidades (BAPTISTA, 2015). Por isso, este estudo tem como questão norteadora e objetivo compreender por meio de uma metodologia de revisão bibliográfica o que é e qual a importância do PEI para a inclusão de estudantes PAEE. O plano de ensino individualizado, que aqui iremos chamar apenas de PEI, é uma estratégia pedagógica que requer envolvimento dos membros da comunidade escolar em parceria, sempre que possível, da família, para que de forma colaborativa possam adaptar a metodologia mais adequada para o aluno, pensando nos contextos em que vão decorrer as aprendizagens, garantindo assim, seu desenvolvimento e autonomia. Dessa forma, justificamos a pertinência deste estudo já que, o PEI contribui para inclusão pedagógica dos estudantes PAEE e para promover a aprendizagem desses sujeitos. Da mesma forma, justificamos a inclusão deste estudo no eixo temático “Políticas Públicas de Inclusão” pois trata-se de uma temática que deve estar contemplada nas políticas de inclusão como ferramenta para assegurar a inclusão e acessibilidade curricular dos estudantes PAEE.
O que é PEI? Para que serve?
Plano Educacional Individualizado, é um documento de organização curricular elaborado pelo professor, a partir de uma avaliação de um aluno com necessidade educacional específica, para levantamento de necessidades, conhecimentos prévios, potencialidades e habilidades de alunos com deficiências, com transtornos globais de desenvolvimento, com altas habilidades ou superdotação ou com dificuldades de aprendizagem. Essa avaliação será feita pelo professor com a colaboração do NAPNE e da CSP, visando direcionar a forma pedagógica do professor, para que ele possa desenvolver as potencialidades desses alunos, usando estratégias adequadas de acordo com o perfil de cada aluno é importante avaliar o que cada estudante precisa aprender. “O PEI, como planejamento pedagógico, pressupõe a definição dos conteúdos, recursos, estratégias metodológicas e prazos, traçados a partir dos objetivos educacionais gerais, tendo em vista as necessidades educacionais especiais apresentadas pelo aluno.” (BRITO e BASSI, 2019). Aplicado numa perspectiva inclusiva, pode-se tornar uma importante ferramenta de apoio ao trabalho em sala de aula, principalmente na avaliação de estudantes público-alvo da educação especial.
É muito importante para o aluno com necessidades educacionais especiais ter o seu PEI, sem ele as atividades não serão suficientemente adequadas para o aluno, portanto sem lhe dar o devido suporte. O PEI terá a identificação do aluno, junto com uma avaliação que é imprescindível para identificar os conhecimentos prévios do aluno a fim de oferecer condições para que o aluno seja inserido e efetivamente faça parte da turma e da comunidade escolar. Também é muito importante que sejam feitos registros da evolução dos processos, com os objetivos de curto, médio e longo prazo para sua aprendizagem, bem como aquilo que o próprio professor conseguiu observar desse aluno, a melhor forma de reter o que aprendeu e tipos atividades mais bem desenvolvidas pelo aluno, este registro é importante pois para cada etapa na sua trajetória escolar pois outro professor terá acesso a todos os registros para planejar as futuras atividades. “O PEI rompe o paradigma tradicional de normalizar todos os alunos ao detalhar o tipo de atividade e apoio requeridos, diante das necessidades apresentadas pelo aluno com deficiência.” (BRITO e BASSI, 2019).
O professor regente é responsável pelo currículo e planejamento da sua turma em sala de aula, é ele quem traz os saberes do conteúdo dado, pois têm experiência dos conteúdos no seu planejamento. O professor da educação especial tem experiência nos transtornos, deficiências e, a partir disso, pode auxiliar o conteúdo e pode ajudar o professor regente a construir com propostas ou opções metodológicas, planejando estratégias e elaborando recursos adequados para melhor aprendizagem daquele aluno. Então, ambos trabalham juntos. Porém, se na escola não houver um professor de apoio, todos serão responsáveis pela elaboração do PEI, incluindo a coordenação, professor regente, toda equipe pedagógica, e, caso seja necessário, os pais podem ser ouvidos também para saber mais sobre o aluno. Todos na escola são responsáveis pela inclusão dos alunos, não há um lugar, uma sala ou um professor, há um único espaço: a escola.
Os resultados de nossas análises indicam que o uso do PEI na sala de aula regular não é só recomendável como necessário. Primeiro porque, considerando seus objetivos, o trabalho do atendimento educacional individualizado (AEE) perde o sentido se não for diretamente articulado com o realizado em sala de aula “ele contribui para a superação de limites à medida que considera as singularidades do educando e estimula adequadamente seu processo de ensino e aprendizagem” (BRITO e BASSI, 2019). Idealmente, o PEI deve ser construído de forma colaborativa, a partir do estabelecimento de uma parceria efetiva entre o professor de sala e o de AEE. Além disso, considerando que a educação inclusiva diz respeito a todos os estudantes e que o processo de cada estudante é singular, estratégias de planejamento e acompanhamento individual do processo de aprendizagem e desenvolvimento como o PEI deveriam ser estendidas a todos, ao invés de ficarem restritas somente ao público-alvo da educação especial. Para Brito e Bassi (2019) o PEI, requer do docente além da articulação de conhecimentos científicos adquiridos na formação inicial e na continuada, o comprometimento com uma educação que pretende o desenvolvimento do ser humano, independentemente de sua condição física ou intelectual.
Considerações Finais
O desenvolvimento e a aplicação do PEI só trazem benefícios para o aluno e para comunidade escolar. Através dele o professor pode perceber caminhos que poderão levar o estudante ao êxito na sua trajetória acadêmica, mesmo que as limitações do aluno venham determinar até onde ele poderá chegar. Respeitar as dificuldades e as barreiras de aprendizagem de cada estudante tornará esse processo menos frustrante para o professor e para o aluno, para isso é necessário um olhar atento para a elaboração do PEI, que é um instrumento em constante mudança nas mãos do professor. O PEI deve ser adaptado conforme as respostas do aluno a cada estratégia pedagógica proposta, sabemos que essas estratégias podem funcionar com um aluno e não funcionar com outro, mesmo que tenham a mesma deficiência ou dificuldade, pois cada aluno é único, com ou sem deficiência, por isso o PEI não pode ser um documento engessado e ditador.
Reforçamos a ideia de que o PEI é para a educação inclusiva, uma ferramenta extremamente eficaz no processo de ensino e aprendizagem do estudante PAEE, que auxilia o professor no aprimoramento dos processos de planejamento, acompanhamento e avaliação educacional do aluno.
Referências
BAPTISTA, Cláudio Roberto. Escolarização e deficiência: Configurações nas Políticas de Inclusão Escolar. São Carlos: Marquezine & Manzini, 2015. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1FBon3Q1a9q-n-Ju_G1oUUXTmiLzNRiRW/view>. Acesso em: 30 jul. 2021.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90 | Lei no 8.069, de 13 de julho, Presidência da República. Jusbrasil, 1990. Disponível em: <https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-lei-8069-90#art-53>. Acesso em: 02 ago. 2021.
BRITO, Vilma Miranda.; BASSI, Tania Mara dos Santos. O Plano Educacional Individualizado (PEI) na educação especial: uma contribuição no processo de escolarização da pessoa com deficiência. In: GUILHERME, Willian Douglas. Educação no Brasil: Experiências, Desafios e Perspectivas. 1ª. ed. Ponta Grossa: Atena, v. I, 2019. Cap. 12, p. 106-116.
HAAS, Clarissa.; BAPTISTA, Cláudio Roberto. Democratização da escola e processos escolares inclusivos: a potência da trama narrativa currículo e Atendimento Educacional Especializado nos cotidianos. In.: Revista Educação Especial, 2019. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/41104>. Acesso em: 03 jul. 2021.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
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DENICE DO SOCORRO LOPES BRITO
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Comissão Científica
Árlen Almeida Duarte de Sousa
Denice do Socorro Lopes Brito
Egeslaine De Nez
Fátima Rita Santana Aguiar
Geisa Magela Veloso
JOÃO LUIZ SIMPLÍCIO PORTO
Leandro Luciano Silva Ravnjak
Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro
Maria Jacy Maia Velloso
Monica Maria Teixeira Amorim
Rita Tavares de Mello
Rosângela Silveira Rodrigues
Shirley Patrícia Nogueira de Castro e Almeida