Este trabalho, recorte de uma pesquisa monográfica, se justifica pela valorização do ensino de português como segunda língua (PL2) para surdos e parte do problema: a aprendizagem de Libras como primeira língua (L1) interfere na aprendizagem de PL2 para surdos? Os objetivos da pesquisa são: perceber na narrativa de sujeitos surdos a importância da língua de sinais na apropriação de linguagem e reconhecer o lugar que o ensino de português ocupa na educação de surdos, de modo a identificar se a apropriação de Libras como L1 interfere na aprendizagem de PL2 na modalidade escrita. Para o desenvolvimento da pesquisa, ancoramo-nos em pesquisas como as de Brochado (2003), Finau (2014), Lodi (2004) e Silva (2010). Metodologicamente, este trabalho é uma pesquisa de campo, de caráter qualitativo, que obteve seus resultados a partir de entrevistas narrativas aplicadas a três surdos proficientes em Libras. Os resultados parciais indicam: um dos sujeitos teve contato com a Libras desde a infância e se desenvolveu normalmente na aprendizagem de PL2; outro sujeito teve contato com a Libras aos 20 anos de idade e manifestou maior facilidade na aprendizagem de PL2 após apropriar-se da Libras; o terceiro sujeito relatou que tinha dificuldade em aprender português e, após apropriar-se da língua de sinais, conseguiu desenvolver rapidamente na aprendizagem de PL2. A relevância social deste trabalho revela-se na importância da luta pela educação bilíngue, que permite o reconhecimento da Libras como L1 de surdos e, portanto, possibilita processos de inclusão mais efetivos. Por fim, conclui-se que a apropriação da Libras como L1 interfere positivamente na aprendizagem de PL2 por parte de surdos.