A pesquisa tem como objetivo discutir o modo como a Política Nacional de Alfabetização incidiu nas escolhas metodológicas e práticas pedagógicas de professores em sala de aula na alfabetização de crianças. A proposta de pesquisa justifica-se pela necessidade de debater e analisar as políticas educacionais que estão sendo implementadas no campo da alfabetização pelo atual governo e pelas secretarias estaduais e municipais de educação, bem como a maneira pela qual as proposições da Política Nacional de Alfabetização (PNA) foram incorporadas aos discursos e práticas pedagógicas na alfabetização pelos seus agentes finais, dentro do ambiente escolar. As orientações que cercam os documentos da PNA ancoram-se em uma única abordagem metodológica, com ênfase na utilização de um método, o fônico. Assim, ao privilegiar a ciência cognitiva, os idealizadores a enfatizam como salvadora e precursora, pioneira de algo inédito, panaceia do crônico problema da não aquisição da leitura e da escrita nos anos iniciais do ensino fundamental por todas as crianças em nosso país. Para tanto, o documento orientador propõe uma abordagem metodológica pautada em evidências científicas, oriundas de um único campo nas ciências cognitivas. O caderno da PNA proposto pelo Ministério da Educação define alfabetização como “ensino de habilidades de leitura e escrita em um sistema alfabético” (PNA, 2019, p.18). Esse ensino baseia-se na “ciência cognitiva da leitura que estuda a mente e sua relação com o cérebro, como a psicologia cognitiva da neurociência cognitiva” (PNA, 2019, p.18). Ao analisar a base teórica e a metodologia proposta, Frade (2019) pontua que a PNA apresenta reducionismos e apagamentos de diversas ordens, entre eles estão os semânticos, conceitual, pedagógico, epistemológico e, principalmente, de práticas e pesquisas que são desenvolvidas no Brasil e no exterior em torno da alfabetização na fase inicial. A autora destaca o apagamento da leitura e escrita, que foram dissociados dos aspectos sociais e culturais que impactam o desenvolvimento cognitivo dos grupos, reduzindo, assim, as práticas de ler e escrever a habilidades separadas de seu uso social. Sendo assim, o documento focaliza a decodificação separada da compreensão de textos, a fluência aparece ligada à rapidez e vocabulário, não se discutindo a sua relação com a compreensão, com o conhecimento dos gêneros e tipologias textuais, com os repertórios culturais e com as experiências de ouvir ou ler textos (FRADE, 2019). O trabalho de pesquisa será baseado nos pressupostos epistemológicos da Cultura Escolar entrelaçada à pesquisa qualitativa. Para alcançar os objetivos elencados, será empregada a aplicação de questionários semiestruturados, com a pesquisa-participante no trabalho de campo. A investigação será conduzida na escola Municipal Zizinha Ribeiro. Alguns autores que fundamentarão o objeto de pesquisa serão: Mortatti (2008), Picoli (2019) entre outros.
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