A educação é reprodutora do ser social, pois serve de instrumento de desenvolvimento humano-científico. Logo, a reprodução é necessária para se repassar o conhecimento. Salienta-se que a educação é um importante meio de controle da sociedade, principalmente para a manutenção do sistema capitalista. Sendo assim, desde o advento do capitalismo, a educação é vista como uma forma de lucratividade. As práticas educativas deveriam facilitar o modo pelo qual os estudantes compreendem e assimilam o conhecimento, o que esvazia a formação educacional para que planos de controle sigam sem impedimentos. Assim, representações sociais sobre o ensino de escrita são delineadas, a fim de que o produto educacional seja vendido de forma rápida e simples. É nesse contexto que se insere o objetivo deste estudo: analisar os imaginários sociodiscursivos que alicerçam o ensino de escrita da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por influenciadores digitais, considerando a oferta da aprendizagem como uma mercadoria cultural fetichizada. Para isso, utiliza-se uma abordagem qualitativa descritiva, baseando-se na teoria da Análise do Discurso, de origem francesa, a partir de Charaudeau (2016) e Maingueneau (2010; 2012). Para a questão da Teoria Crítica, utiliza-se Adorno (1971) e seus comentadores. Como corpora, selecionou-se sete vídeos, tendo como critério as maiores visualizações no YouTube. A pesquisa justifica-se pela importância em saber o que os sujeitos que circundam o processo de ensino de escrita na Educação Básica pensam sobre a redação do Enem. Ademais, sabe-se que modos de ver constroem modos de agir, logo, delinear o que os sujeitos sabem sobre a escrita possibilitará um trabalho mais eficaz no ensino. A partir das análises feitas, nota-se que o imaginário construído é de um texto instrucional: para se escrever bem uma redação deve-se seguir um passo a passo. Há uma necessidade de aproximação dos jovens a partir de um linguajar mais jovial, o que garante uma maior adesão ao discurso do professor/influenciador, abrindo espaço para a oferta de um produto educacional voltado para o nicho dos adolescentes: um vestibular, aulas em um curso privado e modelos prontos de redação.
Referências
ADORNO, Theodor. Resumo Sobre Indústria Cultural. In: COHN, Gabriel. Comunicação e Indústria Cultural. São Paulo: EDUSP, 1971.
CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo: Contexto, 2016.
MAINGUENEAU, Dominique. Gênese dos discursos. Curitiba: Criar Edições, 2010.
MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2012.
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