A Educação evolui no sentido de adequar-se a fatos sociais e, culturais, valorizando as tradições e os saberes locais inseridos no currículo e na prática escolar. Em relação à educação em comunidades rurais, a perspectiva não é diferente, a educação ali é tencionada por elementos internos e externos às comunidades, sejam eles políticos, sociais, econômicos ou ambientais. Nesse sentido são necessários estudos para entender os modos que vivem a população do campo e os impactos que as unidades de conservação têm causado nessas comunidades tradicionais, em especial quanto à educação e processo educativos. O presente texto resgata a proposta de potencializar os estudos a partir experiência pessoal vivenciada na escola Municipal local e comunidade de Buriti do Campo Santo, Município de Montes Claros Minas Gerais, e pela experiência vivenciada no Conselho Consultivo do Parque Estadual da Lapa Grande (PELG), a necessidade de pontuar e compreender os aspectos positivos e negativos que o PELG trouxe para comunidade e consequentemente a escola, bem como analisar as práticas pedagógicas da escola local diante a riqueza da tradição e cultura ofertadas e sobre os direitos das comunidades do campo em uma educação contextualizada, a fim de garantir a continuidade das identidades culturais dos povos do campo. Com a instituição do parque da Lapa Grande se faz necessário um estudo aprofundado sobre vários aspectos que possam interferir na cultura local e, consequentemente, no modo de vida do povo desse lugar. O problema da pesquisa, tratando-se de Educação do Campo, é revelar os impactos da unidade de conservação nas práticas pedagógicas da escola local. Assim, espera-se traçar um paralelo entre comunidade tradicional, escola local, chegada do PELG e suas implicações para a educação e comunidade. Para tal, a pesquisa será realizada na comunidade de Buriti do Campo Santo zona Rural de Montes Claros, Minas Gerais e Parque Estadual da Lapa Grande uma vez que está inserido na comunidade considerando para tanto a comunidade objeto de Pesquisa como “comunidade de entorno do PELG”. Entende-se esta pesquisa como relevante e necessária por se tratar de comunidade tradicional que preserva costumes e tradições a mais de cem anos, e que com a chegada do Parque Estadual da Lapa Grande sofre impactos que precisam ser analisados. É uma pesquisa essencialmente qualitativa e exploratória, sendo escolhido como instrumento para coletas de dados a entrevista semiestruturada, por considerá-la a mais apropriada para esse estudo, utilizando-se de paradigma interpretativo que permite a interação da pesquisadora com os participantes desta pesquisa. Arroyo (1999) nos alerta que devem ser valorizadas as matrizes culturais, a relação e o tempo do homem e da mulher do campo com a terra, a convivência, a celebração e transmissão da memória coletiva. Vale ressaltar que o povo do Campo luta por políticas públicas que garantam seu direito a educação e que está seja no campo, uma educação do campo no qual possam ser educados onde vivem e que possam participar com sua cultura e tradição na aquisição de saberes e práticas locais, voltadas a suas origens. Nesse sentido Caldart (2004) aponta que a Educação do Campo nasceu junto ao trabalho e a cultura do campo e não pode perder por isso seu projeto. E com a chegada dos Parques nas comunidades rurais, como está a relação do camponês com o seu trabalho na terra, afeta, inclusive a agricultura familiar e a cultura local, como está sendo a relação entre Parque e comunidade, as práticas pedagógicas são diferenciadas inserindo a cultura local no currículo escolar, são alguns questionamentos pertinentes.
Referências
ARROYO, Miguel Gonzalez. A Educação Básica e o Movimento Social do Campo. In ARROYO, Miguel Gonzalez; FERNANDES, Bernardo Mançano. Por uma Educação Básica e o Movimento Social. Brasília/DF: Articulação Nacional Por uma Educação Básica do Campo (Coleção Por uma Educação Básica o Campo. n° 2), 1999.
CALDART, Salete Roseli. Elementos para Construção do Projeto Político Pedagógico da Educação do Campo. In Coleção Por uma educação do Campo nº5. Brasília DF, 2004.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
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Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
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