Quando o estudante cego chega à universidade, provavelmente, percorreu uma história de leitura e o seu desenvolvimento anterior irá lhe subsidiar frente à nova tarefa de letrar-se em um universo de conhecimentos novos, que lhe apresentam sob o insigne de “Ensino Superior”. Nesse sentido, a compreensão de que pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial (BRASIL, 2015) não nos impede de olhá-los além das necessidades específicas educacionais. Essas pessoas são capazes de desenvolver outras habilidades/sentidos tanto na dimensão física quanto na humana, como o cego que é capaz de aprimorar os sentidos da audição e interagir como com o mundo ao seu redor de forma singular. Logo, os cursos nas Instituições de Ensino Superior, de uma maneira bastante genérica, têm por conjectura das metas, a continuidade da formação letrada de seus acadêmicos, sobretudo, ao considerar a Educação Inclusiva. Todavia, não é difícil observar que esse continuum nem sempre ocorre, uma vez que ler e escrever são habilidades cognitivas complexas e que o grau de exigência no Ensino Superior é maior, demandando autonomia e interação por meio da leitura e, pressupomos, por analogia, que se as práticas de letramento acadêmico não ocorrem de maneira plácida para alunos sem deficiência, os acadêmicos cegos, sujeitos deste estudo, demonstrarão dificuldades significativas relativas à leitura, que serão maximizadas pela falta de acessibilidade. Nessa seara, a intermediação de ledores, textos em braille, ou ainda, programas computacionais ledores são suportes reais disponibilizados no Ensino Superior para a leitura. Assim, questionamos como se dá o a mobilização das estratégias para ler pelos estudantes que encontram dificuldades sensoriais para ler, como é o caso dos cegos? Estabelecemos como objetivo geral da pesquisa discutir a acessibilidade do Estudante cego ao texto escrito no Ensino Superior por meio das estratégias para ler de que se utilizam para a compreensão textual. A pesquisa parte do aporte teórico da Educação Inclusiva e para o alcance dos objetivos adotamos uma abordagem qualitativa. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturada realizadas com quatro estudantes cegos da Universidade Estadual de Montes Claros, lócus da pesquisa. Nas entrevistas, os acadêmicos foram estimulados a narrar experiências leitoras na universidade, oferecendo o seu entendimento sobre as estratégias para ler mobilizadas para a compreensão textual. Os resultados da pesquisa demostram, no que concerne às estratégias para ler, os aplicativos de leitura de tela assumiram o papel principal na promoção da acessibilidade do estudante cego ao texto escrito, configurando, de fato, uma estratégia de acessibilidade, visto que a constante utilização desses aplicativos pelo cego representa o acesso ao conhecimento e a diversas atividades e espaços. Tanto que em seus discursos alegaram a necessidade da disponibilização dos textos em PDF e textos digitalizados em boa qualidade para não comprometer o uso das tecnologias assistivas, visando a promoção da condição de leitor desses estudantes e o favorecimento da inclusão educacional.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
Pedro Aurélio Cardoso da Silva
Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Victória Lobo
Comissão Científica